• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

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A Mentalidade Preventivista (blog Estadão)

06 segunda-feira fev 2017

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa, Na Mídia, Pesquisa médica

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blog conto de noticia, boite kiss e a justiça, conto de notícia, filosofia, holocausto, Literatura, Mark Twain, medicina e acaso, mentalidade preventivista, tarda justiça

Era para ser um texto em homenagem ao aniversário desta cidade. Não deu. Pois lá se vão quatro anos do incêndio da boate Kiss e a tarda justiça ainda continua fazendo vítimas em série. Em homenagem às famílias, aos que não podem mais se defender da inépcia do Estado e para que — em algum futuro tremendamente remoto — tragédias anunciadas, disfarçadas de fatalidade, não voltem a ocorrer republico no blog, excepcionalmente, o texto “A Dor merece nosso Constrangimento”. Decerto que o imponderável, o imprognosticável,  a  incerteza e o absurdo são tanto perturbadores, como onipresentes na condição humana. Porém, isso não tem nada a ver com pane seca, falta de extintores, erros de cálculos em pontes e viadutos, falha na inteligência, justiça leniente, leis anacrônicas, cárceres inimagináveis, descaso com áreas de risco, e, finalmente, déficit de vigilância para cuidar que as instituições não sejam escravas das corporações.

Que a mentalidade preventivista se infiltre em quem governa. E, se não, — que as consequências desta falta crônica desabem sobre os omissos, mostrando que quem quer gozar do Poder, quem precisa do Poder, quem está obcecado por ele, tem a obrigação, moral ou criminal, pouco importa, de planejar e, sobretudo, a responsabilidade de antecipar acontecimentos.

 

A dor merece nosso constrangimento

 

Devo estar cultivando a insensibilidade, já que não me comoveu o choro nem a circunspeção dos políticos nos funerais. Além disso, temos que suportar o horroroso espetáculo dos apresentadores explorando a biografia das vítimas ou especialistas explicando como os alvéolos são destroçados pela inalação de fumaça. Nesse campo de batalha, só cabem urros, uivos, ritos de contrição. A dor merece nosso constrangimento.

São poucas ou muitas as palavras que podem descrever acuradamente o absurdo. Absurdo é pouco, estultilóquio, limitado, dislate, distante. Precisava de um vocábulo sem precedentes. Pois “galimatias” revela um glossário analógico apropriado para o desastre gaúcho: um acervo de heresias e incoerências disparatadas, coxia de desconchavos, parvoíce chapada, um amontoado de cacaborradas, aranzel, inépcia, chocarrice. Para contornar registros menos recomendáveis ao grande público, cada um deles pode indicar o repertório que se passa pelas nossas cabeças quando tragédias completamente evitáveis parecem inevitáveis.

A falta de decência não é só fazer as coisas sem pensar que outros podem se ferir ou sair lesados. Paira no ar um senso de desproporção, tocado pelo culto ao único mito invicto de nossa era: grana.

Há uma máxima que deveria vir instantaneamente à cabeça de qualquer um: “Tratarei todo filho como se fosse meu”. Passa longe do sentimento predominante. Que dizer dos donos do lugar e dos homens da segurança? Inicialmente, sem perceber a eminente tragédia, impediram pessoas de sair do inferno. Quais as regras a serem seguidas e quais merecem desobediência civil já?

Não sei quantos mais poderiam ter sido salvos da asfixia, da carbonização. Uma vida poupada teria feito toda diferença. Mas havia a barreira do execrável pedágio, a pirotecnia fora de lugar, o entupimento das salas, as formigas espremidas na armadilha.

Não vem ao caso apontar para a banda ou para os proprietários como alvos óbvios de punição e responsabilização criminal. Já que pais e mães tiveram seus futuros cassados, e as vítimas ardem na sombra, seria preferível acompanhar o que o poder público tem a dizer.

Em geral, fiscais são bons burocratas e, raramente, têm consciência de seu papel vital na prevenção dos desastres. Prevenção, lugar-comum, baixa visibilidade, antipopular, mas a única palavra-chave para não termos que ouvir a esfarrapada desculpa “fatalidade”. Isso não é um se, está acontecendo agora. Nas enchentes, na calamidade absoluta que é a segurança pública do país, na incapacidade organizacional para gerir o dia a dia das cidades. A verdade é que, se ainda vivemos ilesos, é por sorte e apesar do Estado. E não se trata de apontar para um único partido. Todos comungam deste mínimo múltiplo comum, a incapacidade de enxergar que toda matéria política caberia numa sentença: governo é para o povo. Submergidos no populismo ignorante, cosmético e estelionatário, quanto dinheiro ainda será arrecadado nas miríades de impostos pagos para fiscalizar e manter as bocas de lobo, as escolas, o passeio publico, a segurança, a defesa civil? E como isso será gasto? Não sabemos e ninguém sabe.

Mark Twain escreveu: “O governo é meramente um servo, meramente um servo temporário: não pode ser sua prerrogativa determinar o que está certo e o que está errado, e decidir quem é um patriota e quem não é. Sua função é obedecer a ordens, não originá-las”.

Só quando os administradores forem imputáveis e sentirem nos bolsos e na privação de liberdade que, se falharem em prevenir o prevenivel sofrerão consequências pesadas, talvez tenham mudanças efetivas no dislate que é o planejamento público no Brasil. Só quando a opinião pública exigir que as apurações não se limitem a dois ou três bodes expiatórios, mas, a quem, de fato, permitiu a vigência do absurdo. Talvez ai, calçados na educação solidária, o respeito aos cidadãos conquistará status de lei.

Na hora dos massacres, a solidariedade autêntica vem das pessoas desvinculadas do poder. Emerge pura da nossa emoção, premida pelo nada, esvaziada de sentido, e lapidada pela voz rouca do abandono. Um sobrevivente do incêndio descreveu “Vi o monte de corpos empilhados uns em cima dos outros, como os judeus no Holocausto”. Ainda que o cenário justifique a analogia, a outra semelhança é a gratuidade com que essas vidas foram incineradas.

Todos nós, civilizados desde o berço, podemos enxergar tragédias como inerentes à condição humana. Rachaduras na placa continental, asteroides, furacões e terremotos são eventos inevitáveis, às vezes inexoráveis. Crematórios, não. A dor merece nosso constrangimento, assim ao menos sofreremos todos juntos. Não entendo bem por que, mas parece que precisamos nos derreter para nos unirem.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo” (Ed. Record) e “Céu Subterrâneo” (Ed. Perspectiva)

paulorosenbaum.wordpress

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Bauman e o impreciso ponto de sublimação – Blog Estadão

19 quinta-feira jan 2017

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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blog conto de noticia, impreciso ponto de sublimação, Literatura, Veneza, zygmund bauman

Bauman e o impreciso ponto de sublimação

Não te disseram? Que havia mais de um ponto de fusão? Que a ebulição poderia ser adiada? Que há um estado que não é intermediário? Que tempos líquidos são outros? Aqueles que ainda não chegaram? Estamos juntos. Juntos, mas perdidos, entre um e outro mar. Mares que não fecham, que não criam, que apenas vivem, e, por isso, afastam as estações, arrastando invernos. Mares que não pensam, nem tomam desprezo como questão pessoal. Estamos sós neste fragmentado pátio de manobras. Como pianos sem cauda, melodias sem contrastes. Se há uma causa? Nossos destinos incertos desacertando as veias, o descompasso das margens, as beiradas. Hoje, navegamos pelo mesmo canal, tive a alegria da incerteza.

Foi quando acordei para o gondoleiro soando a voz:

“Oiiiiiiii”- Oiiiiii”

Era esse o aviso, ele vinha. Aqui, ou em Veneza, canais sobem e descem, nunca esvaziam. Canais mudam de sentido a cada instante. Em suas esquinas, colisões seriam certas e inevitáveis. Com as casas submersas ratos precisaram adaptar o instinto, nós, ainda roemos por vingança. Quando a sublimação perdeu-se na imprecisão e pulou o estado liquido, nossos olhos não puderam mais conversar. Você foi embora antes que eu pudesse te mostrar a instabilidade das águas, a sonoridade dos remos, a vacância da luz, as ondas insistentes, o deslocamento dos pontos fixos, a luz férrea dos cabelos, a qualidade dos vinhos e o ar suspenso.

Você sumiu antes que eu pudesse dizer uma palavra sobre o instável ponto da sublimação. Antes que eu pudesse retornar para jurar que há um valor sequer mencionado. Estamos diante do por do sol único, o por do sol da lua. Apenas ontem os cientistas confirmaram a autonomia do satélite. Só uns poucos desconfiavam: a Lua jamais fez parte da Terra. Se você tivesse ficado eu teria te mostrado como o mínimo contrapeso faz oscilar, como só os lábios alcançam o balanço. Não pense que não compreendo. Entendido: seu olhar despede-se a cada manhã. Sem que eu escape do instante, sem que eu te olhe a sós. Por que tuas mãos sempre apontavam para cima? Devo esperar o céu inteiro ou fazer descer teu palácio? Encomendar as cadeiras para tua dança ou molda-las ao teu convívio? Não sei se consigo enxergar tempos líquidos. Se o sociólogo compreendeu a generalização, o poeta escolheu exaltar o próprio de cada relação.

Não sei, nunca soube, devemos aceitar os sentidos comuns? Se a história é inconcebível, o que de especial dela escaparia? Qual a graça se o padronizado vencesse? Ou se vigorasse a rotina do cronometro? Ou o triunfo da constância? Nenhum autor convence. Por isso, doei um sopro ao vaporetto que me embalava pelo canal. Não é para provocar. É que só hoje senti: Veneza é um múltiplo distribuído pelo mundo. O mediterrâneo inteiro te deixaria surpresa, mas estar aqui muda tudo. Foi por isso, só por isso, que te deixei partir. Enxerguei em tua liberdade a chance de amar. E hoje, que todos os jornais assinam com tintas distantes, que as tipografias ameaçam parar, que os livros impressos narram o refluxo, e que o espirito parece se comportar com a extravagância das certezas, justo hoje, voltei para reafirmar: estamos vivos num outro presente. O vapor que você acaba de inalar é essa certeza. Só conto com ele para te prometer que, sem nada sólido à vista, renegaremos também o transitório.

Voto em transformar toda efeméride em ofício sagrado, e o presente, a sublime prova de nossa permanência.

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/bauman-e-o-impreciso-ponto-de-sublimacao/

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Dedicatórias (Blog Estadão)

23 segunda-feira maio 2016

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Blog Estadão Rosenbaum, dedicatórias, lilivro como máquina de diálogos, Literatura

Dedicatórias

Paulo Rosenbaum

23 maio 2016 | 13:45

Ele costumava fazer dedicatórias rápidas, às vezes confusas, outras inspiradas, a maior parte das vezes, como a maioria dos escritores, limitava-se ao protocolar. Só depois do incidente passou a achar que lançamentos de livros deveriam ter outra concepção. Começando pelo título: “Noite de autógrafos” impunha um limite inadmissível ao evento. Primeiro, porque achava que um livro físico, sólido e tridimensional ainda era imbatível na categoria “a melhor invenção dos homens”. Depois passou a entender todo livro impresso como “matéria orgânica a ser decodificada”.

— O livro, sendo uma máquina de diálogos — já que é a interação do sujeito com outra imaginação — produz resultados imprevisíveis.

O episódio o convenceu que era preciso individualizar as mensagens. Precisava deixar uma mensagem pessoal nas páginas daqueles que enfrentavam as filas e, de quebra, estar atento à caligrafia. Achava indelicado, um verdadeiro insulto, ter que se guiar pelos papeizinhos que vinham ajeitados na página inicial com o nome das pessoas. Aquilo só servia para contornar o vexame da amnésia instantânea. Mas considerava que o constrangimento por esquecer o nome da pessoa não deveria ser maior do que não saber quase nada sobre ela. Por qual motivo um desconhecido não mereceria nossa máxima atenção? Ser gentil com estranhos deveria ser encarado como obrigação cívica. O sucesso da individualização, evidente demais para ser renegado. Especialmente numa sociedade que faz questão de massificar, para, depois, valorizar a exclusividade. A verdade é que ninguém mais fica satisfeito só com o tradicional e burocrático “um abraço”, seguido de assinatura e data. Os autores podem ter desenvolvido seus próprios estilos de assinar exemplares, mas ele, por uma dessas curiosas idiossincrasias, não se renderia à média alguma.

A inscrição num livro se aproximaria de um ritual. Sagrado ou profano, o rito não é só um cerimonial burocrático. Quem teria percebido a dimensão simbólica envolvida? Transferir a marca através da tinta para dar confirmação ao novíssimo proprietário! Uma dedicatória, portanto, nunca poderia ser análoga a um contrato, documento bancário ou reconhecimento de firma. Sua tentativa passou a ser captar, às vezes em segundos, por alguma idiossincrasia, particularidade, de qualquer forma, num instante, qualquer elemento pessoal de quem passasse em revista na fila. Mas, como dizia o poeta, tudo é risco. Naquela tarde rabiscou “O justo precede a justiça”. Mal sabia ele que o sujeito para quem escreveu a frase era alguém que, acabara de enfrentar um longo processo, e que, depois soube,  tomou aquela sentença como uma ofensa pessoal.

Os leitores podem não ter consciência, mas o autor/artista, diferentemente de outros profissionais liberais, assim que aceita ser publicado, deixa de ser dono do que produz. Copyrights na língua portuguesa, na era das digitalizações, não passa de um saldo credor sem efetividade. É, deste modo, que o livro foi se tornando um objeto cada vez mais errante, que vaga de mão em mão, de uma estante à outra, ou, então, fica aprisionado em depósitos até que alguém o acolha. Por isso, não se explica a arrogância descontextualizada, o orgulho intelectual e a superioridade imaginária que a maioria dos autores imagina ter sobre os outros mortais.  Já a imortalidade, domínio de outra esfera, nunca esteve garantida, nem para os acadêmicos.

Está mais do que na hora de inverter a honraria. Em prol do leitor.

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/dedicatorias/

Tags: Blog Estadão Rosenbaum, dedicatórias, idiossincrasias, lançamento de livros, noite de autógrafos

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Rir, escrever e as patrulhas do senso comum

02 segunda-feira set 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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autoficção, escrever e os patrulhas do senso comum, ficção e realidade, Janaína Leite, kundera, Leo Lama, liberdade, Literatura, Mark Twain, Rir

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    Juro que tento achar notícia animadora no mar de improbidades, no continente de desmandos e na dispersão permanentemente belicosa dos homens. Pois ela chegou, digressiva, instável, e impertinente. Tudo começou a partir de uma discussão iniciada pela jornalista amiga Janaina Leite numa rede social, da qual tomei parte junto com o amigo dramaturgo Leo Lama e muitos outros.

Trata-se de uma reflexão mais ampla mas que se encaminhou também para a pergunta afinal o que querem os autores de nosso tempo? Será que toda literatura deve/pode estar impregnada pelos conteúdos autobiográficos dos autores? Nesse caso – e tomado por certa incredulidade – devemos aceitar o caráter semi-documental da obra literária como parece ser o curso do mundo? Estará ela sempre embasada em fatos reais e nascida dentro dos contextos históricos? Poderá se manter engajada em causas políticas? Sua narrativa deve acompanhar o ritmo contemporâneo e online do jornalismo? Ou há um ressurgimento à vista? Será ele um retorno ao subjetivo, à experiência existencial como base de toda narrativa?

Sou escritor, não teórico, crítico ou especialista em história da literatura, mas aprendi, ou me conformei — já nem sei ao certo, que isso pode ser uma vantagem numa sociedade expertocrata e impregnada de especialistas.

O que se discutia no fundo eram os desdobramentos do famoso estamento de Mark Twain que escreveu que “a única diferença entre a realidade e a ficção é que a ficção precisa ser crível” [1].

Num documentário sobre o cineasta Pier Paolo Pasolini há uma entrevista antológica do autor no qual compara a edição de um filme com a morte. Obcecado pelo tema tanatológico, o italiano explica que poderíamos fazer 700 versões para o assassinato de J.F.Kennedy e cada uma conterá, provavelmente, uma faceta da realidade, porem somente uma sairá como versão editada. Neste sentido, a edição é uma espécie de palavra final, uma mistura complexa de compostos que estarão ali estratificados e acabados.

Por isso, para ele, qualquer coisa editada equivale a morte. E um homem só se conhece efetivamente depois que passa: edição definitiva. Com o agravante atual de que com a morte do rascunho, assassinado pelos editores eletrônicos de texto, nem teremos mais como saber qual foi o processo criador do artista.

Pode ser que Pasolini tenha razão, mas neste caso o que estamos buscando com a edição? O que define se um livro é bom? Gosto do editor? Sucesso de público? Estilo da escrita? Densidade dos personagens? Na quase ausência de críticos e avaliadores de obras literárias independentes – aqueles que não sejam profissionais que prestam serviços às editoras – vai ficar cada vez mais difícil editar aquilo que Milan Kundera chamou de a razão de ser da literatura, a digressão.

Neste sentido, só a surpresa, a variação de linguagem e capacidade de redigir tornariam possível que o leitor se encontrasse com o texto em campo neutro. Dar vida e materialidade aos diálogos é sentir como se fossemos outros. De certo modo, é o que o escritor tem de vantagem sobre quem não escreve. Não é muito mas se lhe falta esta capacidade significa que seus livros não só serão mais do mesmo, como suas letras desaparecerão na sombra das frações de uma mesmíssima personalidade. É contraintuitiva essa observação já que, neste caso, ser original passa a ser uma inovação duvidosa. Por isso, a auto ficção ou é pleonasmo ou forma muito limitada de expressão: subutiliza a potencial polissemia das vozes para reduzi-la à variações monotemáticas, ainda que cheia de personagens e capítulos.

Kundera brinca e radicaliza:  a narrativa pessoal deve sumir num romance e a compensação pelo silenciamento do ego autoral mereceria a herança de um livro de conteúdo e significado. Para o autor de “O livro do riso e do esquecimento” o valor da literatura está na digressão, no não ideológico, na distante e doce liberdade de ruptura e na apreciação da existência, de preferencia, contra fatos e fenômenos. Isso conta muito numa época conflagrada onde todos são chamados a tomar partido, o do romancista será nenhum.

Porém estamos cercados dos agélastes, patrulhadores do senso comum, aqueles que reduzem tudo, que precisam de currículo, carreira e estampa, que enfim perderiam o bom humor se um dia já o tivessem experimentado.  

Não é difícil reconhece-los. Levam suas biografias muito a sério. E, sem conseguir rir de si mesmos, perdem a capacidade de divertir os outros.

Coisas da Política

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Paulo Rosenbaum na Revista Hospitais do Brasil

29 quinta-feira ago 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Na Mídia

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, artigo, assessoria, assessoria de imprensa, assessoria editorial, atriz, autor, autores, editora, editoras, Entretexto, entrevista, escritor, Folha da Região, Literatura, livros, masectomia, medico, obras, paulo rosenbaum

O médico e autor do livro, A verdade lançada ao solo, Paulo Rosenbaum fez um artigo sobre o programa “Mais Médicos” do Ministério da Saúde. E a versão online da revista publicou o artigo.

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Livros Publicados:

10 quarta-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Livros publicados

≈ 2 Comentários

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, antijudaismo, antisemitismo, assessoria, democracia, Israel, judaísmo, justiça, Literatura, livros, política

ROSENBAUM, P. . Verdade Lançada ao Solo. Rio de Janeiro: Record, 2010. 588p.;  Saiba mais: Editora Record

ROSENBAUM, P. ; LAMA, L.  FRANCO, P. P. . O Nome do Cuidado – “Care among us”. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. v. . Saiba mais: Ateliê Editorial

ROSENBAUM, P. . Novíssima Medicina (ethos do Cuidado). 1. ed. São Paulo: Organon, 2008. v. 1. 224p . Saiba mais: Editora Organon

ROSENBAUM, P. . Entre Arte e ciência: Fundamentos Heremenêuticos da Medicina Homeopática. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 2006. v. 1. 277p .

ROSENBAUM, P. . Homeopatia, Medicina sob medida. São Paulo: Publifolha, 2005. v. 01. 160p . Saiba mais: Publifolha

ROSENBAUM, P. . Medicina do Sujeito. Rio Janeiro: Luz Menescal, 2004. v. 01. 250p. Saiba mais: Organon

ROSENBAUM, P. (Org.) ; LUZ, M. T. (Org.) . Fundamentos de homeopatia para estudantes de medicina e de ciências da saúde . 1a. ed. São Paulo: Roca, 2002. v. 01. 462p .

ROSENBAUM, P. . Homeopatia:medicina interativa, história lógica da arte de cuidar. 1a. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2000. v. 01. 194p . Saiba mais: Editora Imago

MURE, B. (Org.) ; ROSENBAUM, P. (Org.) . Patogenesia Brasileira. 1a. ed. São Paulo: Roca, 1999. v. 01. 410p .

ROSENBAUM, P. . Miasmas, saúde e enfermidade na prática clínica homeopática. 1a. ed. são Paulo: Roca, 1998. v. 01. 456p .

ROSENBAUM, P. . Perguntas e Respostas em Homeopatia. 2a. ed. São Paulo: Roca, 1996. v. 01. 140p .

ROSENBAUM, P. . Homeopatia e Vitalismo, um ensaio acerca da animação da vida. 1a. ed. São Paulo: Robe, 1996. v. 01. 205p .

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Uma jornada pelo conhecimento

02 terça-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Imprensa

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, artigo, assessoria, assessoria de imprensa, assessoria editorial, atriz, autor, autores, editora, editoras, Entretexto, entrevista, escritor, Folha da Região, Literatura, livros, masectomia, medico, obras, paulo rosenbaum

A partir de um cenário judaico, autor coloca em perspectiva a história da relação entre o homem, a ciência e as tradições religiosas

           Sem chavões conservadores ou preceitos já estabelecidos, o livro A verdade lançada ao solo aborda temas complexos com habilidade. Para questionar o lugar do homem, Paulo Rosenbaum parte de suas raízes judaicas e concebe um romance que articula história e filosofia.
Dividido em três partes, os acontecimentos narrados se entrelaçam por uma relação contextual, que têm como pano de fundo a busca humana pelo saber. Em cada parte, que acontece em séculos e situações diferentes, o enredo é costurado sempre com o foco no papel do homem em suas relações com a cultura e valores éticos.
Na primeira parte, somos introduzidos ao rabino filósofo Zult Talb que conduzirá o leitor à imersão nos milenares costumes da tradição judaica.

“ – O Criador se recolheu (lembram-se do tzimtzum, da contração divina?) e criou espaço no universo para que pudéssemos viver. Ele se retraiu para que pudéssemos achar um pouco do caminho de volta. O que vamos usar? Ora, o que temos. E o que temos? Um mapa, o mapa de Torá. O livro de Moisés, suas leis e mitzvot. Ações, lembrem, sempre foram a base de tudo.”(Fala do rabino)

O protagonista Zult não é um sacerdote comum. Ele é a voz que insiste em preservar a essência: o homem pode voltar a ter intimidade com sua alma? Só o estudo, embora vital, talvez não seja suficiente, ensina o filósofo. É preciso experimentar.  Zult Talb calcula que, se não for possível preservar as instruções que levam à essa conexão, quem sabe envia-las ao futuro?
Na segunda parte, Rosenbaum nos apresenta os personagens Yan e Sibelius, amigos que acabam presos na neve depois de uma trágica avalanche. Sem comunicação com o mundo, e em situação de perigo, médico e paciente, respectivamente, tentam sobreviver em um abrigo precário. Ali se conhecem de fato. Diálogos sobre morte, política e o sentido da vida acontecem numa situação limite.
O personagem Yan, que reaparece na terceira e última parte, é um descendente de Zult. Psiquiatra, cético e desiludido, afastado de qualquer tradição religiosa ou espiritual, Yan é surpreendido por uma intensa experiência. Durante um plantão médico, um paciente afirma ser o portador de uma mensagem do passado, que precisa ser esclarecida. O caso é estranho e urgente, vida ou morte.
O suspense está colocado e cabe a Yan o trabalho de investigar o mistério.
A verdade lançada ao solo questiona mais que responde. É um livro singular que oferece ao leitor uma oportunidade para a descoberta de um mundo ignorado.

“Qual o significado das tradições religiosas? Como a morte, os mortos e suas memórias entram em nossas vidas? A experiência mística é um estado transmissível? O que é ser justo?”
De forma natural e com originalidade o autor mostra uma cultura em seu contexto e coloca uma ousada e radical experiência bem ao alcance do leitor.
Paulo Rosenbaum é médico, doutor em ciências (USP), poeta e escritor. Roteirista e produtor de documentários foi também editor de revistas científicas no campo da saúde. Com mais de dez livros publicados (medicina e poesia), este é seu primeiro romance.

A VERDADE LANÇADA AO SOLO
Paulo Rosenbaum
Grupo Editorial Record/Editora Record
588 páginas + 8 de encarte
Preço: R$ 69,90
Formato: 16 x 23 cm
ISBN: 978-85-01-09161-1

Mais informações:
Lilian Comunica – Assessoria de Imprensa
(11) 2275-6787
assessoria@liliancomunica.com.br
Curta a fan page da LC e acompanhe as novidades!
www.liliancomunica.com.br/@liliancomunica

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Paulo Rosenbaum na Revista Expressão

02 terça-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Na Mídia

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, artigo, assessoria, assessoria de imprensa, assessoria editorial, atriz, autor, autores, editora, editoras, Entretexto, entrevista, escritor, Folha da Região, Literatura, livros, masectomia, medico, obras, paulo rosenbaum

A revista deu um grande destaque para o artigo do médico e escritor Paulo Rosenbaum. O assunto em pauta é a polêmica decisão da atriz Angelina Jolie de fazer uma mastectomia total para a prevenção do câncer de mama. Veja:

paulo-rosenbaum-expressao1

paulo-rosenbaum-expressao2

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Paulo Rosenbaum no Cruzeiro do Sul

02 terça-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Na Mídia

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, artigo, assessoria, assessoria de imprensa, assessoria editorial, atriz, autor, autores, editora, editoras, Entretexto, entrevista, escritor, Folha da Região, Literatura, livros, masectomia, medico, obras, paulo rosenbaum

O médico, pós-doutor em medicina preventiva (USP) e autor do livro A verdade lançada ao solo,Paulo Rosenbaum, deu sua opinião em relação a polêmica da atriz Angelina Jolie. Em seu artigo, ele falou sobre como a notícia foi encarada pela sociedade patofóbica.

Jornal Cruzeiro do Sul

 

paulo-rosenbaum-cruzeiro

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A Verdade Lançada ao Solo no Portal Pletz

27 quinta-feira jun 2013

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, artigo, assessoria, assessoria de imprensa, assessoria editorial, atriz, autor, autores, editora, editoras, Entretexto, entrevista, escritor, Folha da Região, Literatura, livros, masectomia, medico, obras, paulo rosenbaum

A obra do autor Paulo Rosenabaum, foi notícia no portal judaico. O romance discute o fato da religião estar perdendo espaço para a ciência no século XXI.

Pletz

paulo-pletz2

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Entrevista sobre o Livro

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