• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

Arquivos da Tag: política

Insignificâncias do mal

07 quarta-feira ago 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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antijudaismo, antisemitismo, Hannah Arendt, hegemonia e monopólio do poder, Israel, justiça, mercado financeiro, nazistas, política, Von Trotta

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Dezenas de artigos, análises e conversas de rua depois, o filme de Margarethe Von Trotta sobre a filósofa Hannah Arendt, ainda não foi devidamente esmiuçado. O filme é cinematograficamente bom sob a presença cênica de Barbara Sukowa impecável no papel principal. O acerto está também na inserção de trechos originais dos debates que representaram uma das batalhas jurídicas essenciais para a compreensão do século XX. Mesmo assim, as vicissitudes superam as virtudes deste longa metragem.

A impressão que fica é que não se executou uma obra da sétima arte, mas defesa de tese com recursos filmográficos. A diretora e o roteirista, Pam Katz, parecem ter privilegiado um enfoque que, além de vez por outra lançar condenações veladas ao sionismo, buscaram expurgar a ansiedade de consciência que ainda paira sobre o papel coletivo dos alemães durante o III Reich

E se da arte não se deve esperar completude, pode-se sim exigir honestidade intelectual no trato das ideias.

Um dos mais comandantes do alto escalão nazista, Adolf Eichmann, foi capturado em Buenos Aires em 1960 pelo serviço secreto israelense. Ironicamente, quem casualmente o identificou na capital argentina foi um judeu alemão idoso e cego, ele mesmo vítima sobrevivente da juventude hitlerista. A pauta central do filme é o julgamento em Jerusalém do homem que teria arquitetado a “solução final” – o projeto de eliminação sistemática dos judeus europeus.

Determinada a defender as idéias contidas em seu “As Origens do Totalitarismo” a filósofa decidiu assistir o julgamento de Eichmann como correspondente do New York Times e redigiu artigos para publicação na revista New Yorker.

Para ela, toda cúpula nazista não era, necessariamente, composta por monstros, pervertidos ou aberrações da psicopatologia e o depoimento mecânico e sonso de Eichmann aos juízes israelenses pode ter ajudado a ludibria-la quanto à natureza de alguém, que em uma entrevista em 1957 a um ex-companheiro, já se definia como “um idealista”. Contrariamente às acusações da época, em momento algum Arendt o absolve, investe na relativização da grandiosidade autoral do criminoso. O teórico nazista era apenas um caso fortuito de mediocridade existencial, venial, sediço, frívolo, anódino, ridículo. Este tipo de insignificância era chamada nos séculos precedentes de dez réis de mel coado. Dessa perspectiva, o gerenciamento do mal poderia ser exercido por qualquer um contra qualquer um. A verdade empírica é de que não foi qualquer um nem contra qualquer um. O extermínio foi ditado por sujeitos contra outros sujeitos.

Ler mais no Blog do Estadão “Conto de Notícia”

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/

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Livros Publicados:

10 quarta-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Livros publicados

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A Verdade Lançada ao Solo, Angelina Jolie, antijudaismo, antisemitismo, assessoria, democracia, Israel, judaísmo, justiça, Literatura, livros, política

ROSENBAUM, P. . Verdade Lançada ao Solo. Rio de Janeiro: Record, 2010. 588p.;  Saiba mais: Editora Record

ROSENBAUM, P. ; LAMA, L.  FRANCO, P. P. . O Nome do Cuidado – “Care among us”. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. v. . Saiba mais: Ateliê Editorial

ROSENBAUM, P. . Novíssima Medicina (ethos do Cuidado). 1. ed. São Paulo: Organon, 2008. v. 1. 224p . Saiba mais: Editora Organon

ROSENBAUM, P. . Entre Arte e ciência: Fundamentos Heremenêuticos da Medicina Homeopática. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 2006. v. 1. 277p .

ROSENBAUM, P. . Homeopatia, Medicina sob medida. São Paulo: Publifolha, 2005. v. 01. 160p . Saiba mais: Publifolha

ROSENBAUM, P. . Medicina do Sujeito. Rio Janeiro: Luz Menescal, 2004. v. 01. 250p. Saiba mais: Organon

ROSENBAUM, P. (Org.) ; LUZ, M. T. (Org.) . Fundamentos de homeopatia para estudantes de medicina e de ciências da saúde . 1a. ed. São Paulo: Roca, 2002. v. 01. 462p .

ROSENBAUM, P. . Homeopatia:medicina interativa, história lógica da arte de cuidar. 1a. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2000. v. 01. 194p . Saiba mais: Editora Imago

MURE, B. (Org.) ; ROSENBAUM, P. (Org.) . Patogenesia Brasileira. 1a. ed. São Paulo: Roca, 1999. v. 01. 410p .

ROSENBAUM, P. . Miasmas, saúde e enfermidade na prática clínica homeopática. 1a. ed. são Paulo: Roca, 1998. v. 01. 456p .

ROSENBAUM, P. . Perguntas e Respostas em Homeopatia. 2a. ed. São Paulo: Roca, 1996. v. 01. 140p .

ROSENBAUM, P. . Homeopatia e Vitalismo, um ensaio acerca da animação da vida. 1a. ed. São Paulo: Robe, 1996. v. 01. 205p .

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Um ônibus chamado realidade

04 quinta-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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A Verdade Lançada ao Solo, artigo, assessoria, ônibus, democracia, editora, livros, medico, minorias, política, São Paulo

Há demanda generalizada por soluções adiadas. E há pressa.  Agora, não nunca. Já, e não em breve. Ainda que as mazelas não lhe sejam inatas é mais do que justo que se cobre de quem está no poder há quase 10 anos. O poder sempre ficou tentado a repetir o establishment. Aquele que originalmente deveria ser deposto. E por que tanto espanto? Sim senhora, é o ônus do mando. Bases fisiológicas derretem sem organicidade. Aliados se dispersam na crise, mas muito estranhamente, lá dentro, no quente núcleo duro do poder, a dissidência é pontual. O que será que será? Restringe-se à mudança de nome caso a candidatura seja eleitoralmente inviável? Que tipo de governo teremos caso ele volte? Cada agremiação tem seus defeitos. Fica escancarado que o principal defeito do petismo institucionalizado é o culto à personalidade e a convicta aversão à autocrítica. Compreensível. Agem como torcedores roxos, para quem o time nunca erra e assumir a sucessão de enganos parece uma afronta insuportável.

Mas para entender temos que vasculhar as origens. Expectativas infladas, sempre maiores do que as perspectivas. E ainda por cima havia essa coisa horrível, conspiratória, sempre à espreita. Ela de fato não deu um minuto de paz. Se ao menos pudesse ser enquadrada. Uma mordaça como tantas já usadas teria dado um jeito na malvada. Um pau bem dado faria a coisa cair na real. Mas a bichana era esquiva. Chama-se realidade e mora em toda parte. É ela que costuma colocar tudo a perder. Jamais existiu um marco zero. Não houve o “nunca antes na história”. No âmbito sociológico não existe ex-nihilo, não se inventa um País, não se emula uma cultura nem se forja uma tradição. Construímos, modificamos e modelamos de acordo com a criatividade e com a consciência do sujeito. E só depois se pode fazer com todos e para todos, coletivamente.

Que tal na consulta no referendo de 2014 (ninguém aceita plebiscitos instantâneos) fazer as perguntas que estão para bem além do financiamento das campanhas. Aquelas que encostam no nervo desprotegido do corpo político: qual o teto para o uso dos recursos do marketing e propaganda? Antes disso. Não são tecnologias desenvolvidas para vendas? Não são instrumentos que visam intensificar o consumo? Vender bem o peixe? E o que faz o marketing no meio da política? Como pode ser que essa gente tenha se transformado nos fiéis da balança numa República Federativa? É a alma do negócio? Se é isso vamos assumir que políticos são como tudo hoje em dia: produtos numa sociedade de consumo. Que se criem regras de SAC e que haja um repartição para devolução dos fajutos. E por último alguém de plantão responda alto, por que é que o voto ainda é obrigatório?

Leia mais: Estadão

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O fim da democracia – este artigo só será lido aqui, não está na minha coluna do JB!

07 sexta-feira jun 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Argentina, assistencialismo, bolsa família, democracia, direitos humanos, ditadura, golpe, governo, Nobel, política, professores, salários, sistema, sociopatas, Venezuela, voto

A história ensina que a democracia é o melhor sistema de governo já inventado, e encontrou o apogeu entre os gregos no século de Péricles. Só que seu aperfeiçoamento leva tanto tempo e tomamos tanto na cabeça que ninguém pode garantir que sobreviveremos para ver seu triunfo. Os direitos civis estão ameaçados pelos governos que se autoperpetuam no poder e pelos que gritam por aí que temos “excesso de direitos humanos”. Eles podem dar as mãos e valsar, porque ambos sonham com ditaduras. Poder autocrático e gente que tem nostalgia da ditadura militar fazem parte do mesmo saco.  O primeiro porque acredita tanto na própria capacidade que sonha com um país sem imprensa livre e sem oposição (desejos quase realizados na Argentina e na Venezuela) e os segundos, aqueles que espalham vídeos e bobagens com “saudades do golpe”, são movidos pela fantasia das coisas arrumadas, da ordem à base do cassetete. Entretanto, em relação aos direitos individuais, há algo, sim, que chama a atenção no Brasil. É a desproteção a que as vítimas estão expostas contra um sistema legalista que, de alguma forma, é excessivamente indulgente com os criminosos. “Vítimas do sistema” é a tendência para classificá-los. Há interesse político em tomá-los como sociopatas. Seriam fracos que agridem por falta de opção. Se algum dia isso pode ter passado como verdade, fica claro que hoje isso não passa de uma tremenda manipulação dos fatos.Em um destes programas televisivos sofríveis um laureado com o Nobel de qualquer coisa (não compreendo, mas deve haver algum motivo para acreditarmos mais em quem ganha prêmios) declarou: “Temos que ensinar as pessoas que elas precisam fazer o que faz sentido”.  Só omitiu o principal: o sistema político em que estamos metidos berra enfaticamente o oposto. Nada parece fazer sentido. O absurdo é que ganha pontos todos os dias. A vida não parece seguir uma lógica. Os exemplos são tantos e não são só crimes e a violência aleatória das ruas. De megainvestimentos em pessoas que driblam bem (152 milhões), aquelas prioridades que o Estado elege como essenciais, tudo parece invertido. Admito, a desrazão que enxergo pode muito bem fazer parte da recente SGDR (síndrome geral de distorção da realidade).

Um professor titular de universidade em tempo integral e com dedicação exclusiva ganha no Brasil um dos menores salários do mundo para esta função, enquanto um professor de escola pública mal consegue sobreviver. Democracia sem valorização do ensino é um exemplo da sociologia da ignorância. Mas o que fazer?  Abrimos um jornal tridimensional, e se lê que tudo que vimos durante meses no julgamento do mensalão pode não ter valido nada, ou quase isso?  Que os ladrões agem por cópia diante da superexposição de fatos e agora incineram suas vítimas? Que a comemoração da pacificação das favelas teve que esperar até que um tiroteio terminasse?  E por que o ministro da Justiça toma sempre um partido na hora de qualquer explicação?

Quando alguém diz que os fatos serão apurados “doa a quem doer”, preparem as azeitonas. Não é só que os governos são trapalhões, é que se respira um clima de descontrole, de má administração pública e de distorções seletivas dos eventos. Quem vai explicar o escândalo do vazamento do boato sobre o Bolsa Família se ele foi gerado e instrumentalizado lá, bem dentro do poder, e ainda entre gestores públicos? O poder governamental tornou-se a principal fonte do mal feito no país.  A Bolsa Família pode ter sido um arremedo importante contra a miséria. Mas não seria muito melhor se tivesse migrado como política pública para formatos mais sofisticados de seguridade social? Onde a meta seria emancipação das pessoas, e não a intensificação de um assistencialismo mutualista.

Caprichar mais em ensino, capacitação e treinamento? Proporcionar mais leitura, sofisticar as mídias públicas, democratizar o acesso ao conhecimento?  Nem pensar. A não ser que seja para aparelhar as instituições com gente do partido.  É que essa é a grande sacada dessas últimas administrações. Não há democracia possível com violência em ritmo de guerra civil como a que estamos enfrentando. Mas quem precisa de democracia para governar? O que te diria o senso comum? Que, se os assaltantes motociclistas estão usando os capacetes para se esconder dos crimes? Ora bolas, então que os capacetes tenham que ser identificados. A Colômbia já fez isso. A lei por aqui? No estado de SP são multados motociclistas que entram com a proteção de cabeça nos postos de gasolina. Nos bancos vigias armados garantem o patrimônio dos banqueiros. Milícias privadas vêm sendo a solução para a apatia do Estado em prover segurança pública. Postos, bancos e bunkers podem ser protegidos, mas e nós, a população? Merecemos o quê?

Para que a democracia não fracasse, precisamos intensificá-la, não fragilizá-la ainda mais. Enquanto não houver pressão social para que a democracia se radicalize, outras radicalizações ameaçarão a democracia. E o fim da democracia é fim de papo. )

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Mais um blog no Estadão: Era uma vez os três poderes

28 domingo abr 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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conflito entre poderes, o que é atitude republicana?, política

EsmagandoII

Sob o pé e a mando do poder Executivo há uma crise institucional, e, ainda que mitigada por negativas sistemáticas dos falsos bombeiros, infelizmente já possui vida real. Alguns homens chamam isso de política, aqueles dotados de olho histórico sabem que isso é outra coisa. Estamos testemunhando uma ameaça real aos princípios elementares da democracia.

A eliminação da burocracia do horizonte democrático — executivismo plebiscitário pleno, à moda venezuelana — e a manipulação fazem parte do longo planejamento rumo à pavimentação da hegemonia do Executivo – que neste momento conta com o Legislativo como seu testa de ferro – sobre os outros poderes.

No balão de ensaio de um empirismo tosco, o núcleo duro de Brasília tenta, por aproximações sucessivas, minar as forças que resistem à sua totipotencia. O objetivo final para além da consolidação do poder ilimitado com a coibição de novos partidos, é torpedear, desmoralizar e enfim quebrar o Judiciário, ninguém consegue imaginar porque.

Leia mais no Blog estadão

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/

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Liberdade para que?

24 quinta-feira jan 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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abolição da autocensura nas redes sociais, aspirações impossíveis, Censura, censura velada, centralismo partidário, centralização de informação, centralização de poder, centros de pesquisas e pesquisadores independentes, controladores, Debate público, educação no século XXII, felicidade ao alcançe?, franquia, hegemonia e monopólio do poder, imprensa livre, intelectuais independentes, intlectuais alinhados com o poder, jogo democrático, José Arthur Gianotti, liberdade para que?, manipulação, mensalão, moral e bons costumes, opor, política, significado de justiça

Liberdade para que?  

 

Ninguém negará que a mídia precisa ser mais democrática – e democratizada – para incluir os sem voz e as grandes parcelas da população ainda marginalizadas, mas o projeto em orquestração na mesa dos controladores nada têm a ver com este escopo. Sob o argumento de que as redes de comunicação operam através dos oligopólios a proposta é substitui-la por monopólio de Estado.

 

Os milionários esquemas de subsidio estatal para a mídia favorável (nas três esferas) e os torniquetes possíveis aplicados às outras é só a parte visível do jogo. O controle da imprensa significa, na prática, coibir o debate público –  já de má qualidade – uma vez que só a liberdade de expressão permite que os cidadãos  possam se posicionar para investigar, cobrar e, quando for o caso, se opor ao Estado.

 

Missão longe do alcance de uma imprensa submissa. Como o objetivo final é a liberdade controlada, a finalidade última da regulamentação é dirigir o país contando com informações filtradas.

 

Neste sentido, estamos muito próximos de uma censura velada!        

  

O primeiro interessado em deter a informação é o próprio poder. A hegemonia passa pela centralização. Mas há um produto muito além do poder em jogo quando se trata de concentrar informações. A liberdade só pode ser exercida com a aquisição do conhecimento que passa pelo exercício da crítica. Sem ela a liberdade é uma franquia das cúpulas, dos consensos de gabinete, um slogan abstrato.

 

Uma equipe eleita decide o que pode e o que não pode? Mas eles não foram eleitos para isso, ou foram? Isso é que não está nada claro no jogo democrático atual. As regras. Depois que se ganha a eleição tudo pode virar qualquer coisa. Para isso deveria valer os direitos constitucionais

 

Não se enganem, há uma dosimetria oculta que rege nossa liberdade.. Para ser conciso: o projeto de regulamentação da imprensa, é, na verdade, uma ameaça direta à democracia. É urgente organizar a sociedade para que o cerceamento à livre expressão não encontre guarita no argumento de “controle social”.

 

Como nos faremos ouvir? Como ler jornais quando tudo estiver sob o filtro impermeável do Estado? Podemos usar o spam, a panfletagem, instrumentalizar melhor a ilusão revolucionária das redes sociais. No mundo eletrônico ocidental ainda inexiste censura e não é difícil perceber que a autocensura encontra-se completamente abolida.  

 

E quem dará aval para os projetos de controle estatal da mídia? O pessoal da moral e dos bons costumes? Assim eles poderiam eleger os livros, peças, filmes e biquínis que vamos ver.  Os executivos dos partidos políticos (base aliada ou não). A explicação é simples: estão mordidos com a última pesquisa sobre a decadência dos partidos. E tudo que contraria políticos é gerado na imprensa livre. 

 

E quanto aos intelectuais e a estrutura universitária? Estão divididos entre os que são pela lealdade ideológica ao governo e os independentes. Estes últimos são uma categoria em decadência porque ninguém quer subsidiar gente isolada muito menos premiar a autonomia. A emergência dos conservadores é uma resposta, equivocada, a uma esquerda que vêm sofrendo isquemias no núcleo duro. Os conservadores também não funcionam porque suas perspectivas são basicamente alimentadas de nostalgia. Sonham com uma ordem e um status quo que nunca existiu no cenário politico. Nas TVs ou nos jornais notem que sempre começam com expressões de saudosismo e terminam suspirando pela volta das leis marciais.

 

Quanto à estrutura universitária vale lembrar da antiga tese do filósofo José Arthur Gianotti de que a Universidade é subsidiada para não funcionar. “Funcionar” no sentido de produzir a mentalidade critica e autocritica que tanto nos faz falta. Claro que existem nichos que funcionam. Na base do voluntarismo e de ações sociais importantes, grandes camadas de pessoas foram resgatadas da marginalização nas últimas administrações. Não é o suficiente. A educação e o investimento maciço em ensino não ousaram para além das formalidades como a de “colocar mais gente no ensino superior”. Salários dos professores e estímulo à pesquisa ainda são ridículos para o nosso PIB. O processo pedagógico parou no século XIX enquanto precisávamos de inspirações do XXII. Há uma fadiga generalizada no jeito de fazer e lidar com as coisas públicas.   

 

Tudo isso seria pior sem liberdade. Sem ela, como falaríamos de tudo isso?

 

Aproveite para chiar agora, pode não haver segunda chance.

 

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

 

Paulorosenbaum.wordpress.com

 

 

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/01/24/liberdade-para-que/

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República do bem-estar geral

09 domingo dez 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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capitalismo virtual, ceticismo, felicidade ao alcançe?, felicidade e saúde, felicidade imotivada, felipe scolari, liberdade, mano menezes, política, retomada humanista, seleção brasileira, técnicos futebol, transcendência

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Jornal do Brasil
Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2012

Coisas da Política

Hoje às 05h46 – Atualizada hoje às 05h49

República do bem-estar geral

Jornal do Brasil Paulo Rosenbaum – médico e escritor

Foi só uma demissão. Nem sei se alegaram justa causa ou foi uma daquelas desculpas do glossário esfarrapado, mas a demissão do técnico que vinha preparando a seleção de futebol diz muito da má pilotagem dos rumos do país. Não que se tenha grande admiração pelo trabalho do ex-técnico. E, sem duvida, numa enquete, nove entre dez prefeririam o pessoal que literalmente comia a bola nos idos dos anos 70.

Não me perguntem como deram um cartão de crédito ilimitado para Scolari depois de ele ter dado uma mãozinha para o Palmeiras experimentar a segunda divisão. Coerência existe. Suas frases, metáforas e destemperos se assemelham ao das novas castas imperiais que estamos criando.

Nota-se então que os homens da atual Republica estão atrelados aos resultados imediatíssimos. Há certa aversão generalizada ao planejamento, à consistência, ao trabalho de longo prazo. O novo perfil vem dos que prometem “vitória ou morte”. Isso em todas as áreas.

Ninguém sabe o montante de quanto se gastará na Copa e na Olimpíada, seguro que baterão records, e seria ótimo se sobrasse um saldo que ultrapassasse a efêmera noitada posterior à grande final. A sagração do país hóspede deve ir além da taça.

Os investimentos voltarão em forma de beneficio para todos nós? Ou, como manda a rotina, só a elite dos desportos, o big business e os felizardos que conseguirem pagar pelos ingressos sairão satisfeitos?

Você já deve ter acordado à noite com a sensação de que está tudo errado sem que nada de extraordinário tenha acontecido. Detecta-se um clima de insatisfação, um chamamento à impossibilidade, à frustração. Isso tem nome, é uma síndrome, e, na verdade, trata-se de uma epidemia que vai atravessar este século. Nem poderemos culpar as mazelas atuais por nosso arrastado e melancólico desconforto. É a sensação de que estamos criando uma civilização desprotegida, carente e sem perspectivas.

Circula, por ar e por terra, a sensação de que o Brasil desperdiça uma grande oportunidade de avançar para um país mais organizado e, essencialmente, um lugar onde as pessoas se sintam bem. Mas parece que não é isso que importa.

Em nossa cultura política, a promoção do bem-estar como verdadeiro — e único — patrimônio a ser oferecido, parece não contar muito. Se quem se dedica a legislar estivesse realmente interessado em como as pessoas se sentem, e em como gostariam de se sentir, teríamos outro cenário e, portanto, forçaríamos a existência de outra cultura política.

A ideia de que tudo depende deles, de que nada está ao nosso alcance, e que somos basicamente vítimas do sistema, mostra que fomos teledoutrinados. “Eles” é o sujeito oculto, os agentes da inércia, os apagadores da vontade e os promotores da abulia.

O método? Ah, sim, fazem isso sem aparecer. A arma é destilar medo. O pior dos pânicos é que aquele que não tem nome fixo, a fobia sem objetivação. Temos que pensar — isso é vital ao planejamento, que oscilamos entre o estado policial e a anarquia.

O que nos impede de ter a sociedade que desejamos? Decerto, contamos com alguns bilhões de concepções conflitantes, mas teremos algumas em comum? De que adianta a indignação que tem circulado dentro da fiação digital?

O esforço pede outra direção.

Enquanto o capitalismo virtual (inventado bem antes da internet) nos oprime, o que fazemos? Inertes, ficamos à espera da carta de execução. Num mundo regido pela grana, a mais dolorosa verdade: só há liberdade com dinheiro. Talvez. Mas não será possível outra? Outra forma de ser livre? Sem ter que se esconder para sobreviver ao abandono da segurança pública e de um processo educacional vergonhoso, dobradinha que inviabiliza a cidadania? É possível aspirar à liberdade sem termos que viver como eremitas nos confins da Floresta Amazônica ou trancados nos apartamentos, isolados e dopados para esquecer onde estamos? A solução para este desencontro entre desejo e realidade estaria na retomada humanista? Mas qual delas? Espiritualista, filosófica ou cética? Nenhuma das anteriores?

Urge recuperar o poder de decidir, sem ter que engolir novos entulhos autoritários — todos bem aqui, diante de nós.

Chega de “porquês”, de desperdícios criativos, de tanto papel e espaço cibernético. Queremos sentido! A fome do mundo é por sentido. A próxima passeata deveria ocupar as cidades cobrando isso. De quem? Cada sujeito que apresente a fatura para si mesmo. Eis uma era onde só a busca por sentido parece fazer sentido. Mas pode ser mais menos, bem menos. Que tal a adesão à novíssima doutrina: “bom humor inconsequente?”

De vez em quando, felicidade imotivada, gozar de si mesmo ou um golzinho alienante pegam leve!

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/12/07/republica-do-bem-estar-geral/

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O Sequestro do Estado

25 quinta-feira out 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Tags

açao penal 470, anomia, autocracia, cala boca, centralismo partidário, Democracia grega, Eleições 2012, elites, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, instituições financeiras, Julgamento Mensalão, justiça, manipulação política, mensalão, o pobre, pobres, poder absoluto, política, regimes, sequestro do Estado, significado de justiça

O Sequestro do Estado

Autocracia, do grego, autokráteia – força própria, poder absoluto.

Estudos econômicos recentes apresentaram realidades paradoxais. Se por um lado no século XX as condições sócio-sanitárias avançaram, o fosso que separa a extrema pobreza da extrema riqueza aumentou muito e a crise mundial propagada veio para dar o golpe de misericórdia no abismo. Esta incapacidade crônica de resolver o apartamento entre os que podem comer e os que não gozam do direito de perguntar por que continuam famintos, representa bem o malogro da política globalizada como instituição. Mas há um perigo muito maior nessa vergonhosa calamidade. As cinzas tem potencial assustador para gerar lideres totipotentes, os quais, geralmente, ficam à frente de governos cínicos. Facciosos, auto referentes e boquirrotos, eles formam a nova elite politico-econômica. Não vieram de onde vieram, pequena burguesia ou da pobreza para mudar nada, apenas ocuparam um lugar que antes não lhes pertencia. O problema é que mimetizaram os valores que antes atacavam ferozmente e se tornaram versões aperfeiçoadas dos antigos algozes. Hoje manipulam os mais pobres exatamente como machistas usam as mulheres. O pobre vai de mão em mão, transformado em objeto, sem acesso a ser player do jogo capitalista, oprimido por impostos e feliz por subsistir na miséria. Seu único préstimo é sustentar a autoilusão de que o regime é feito para eles, e por um deles.
A verdade é que regimes totalitários costumam governar com as instituições financeiras, o grande capital acionário e as elites econômicas. Essa dupla miragem impõe à sociedade inteira um efeito colateral. A verdadeira calamidade é que o favorecimento de governos populistas (distingua-se populismo de governo popular) entorpece a capacidade crítica e permite o cala boca da maioria na surdina, sem alarde. Pudera, quem pode falar quando são 70 e tantos por cento de aprovação?
Para conseguir tudo isso foi preciso saciar a fome sem prover renda, substituir educação e melhores condições de vida pela subserviência ao paternalismo de Estado, desqualificação da educação superior, e abandono do critério de mérito e esforço para lograr a ascensão sócio cultural. São rebaixamentos que seduzem. Acabam atingindo a oposição que se viu obrigada a renunciar seu papel fiscalizador e/ou associar-se comportadamente para compor com o governo: assim nasceu a base alugada.
Pois então que respondam os prezados leitores: Em qual República do mundo uma cúpula partidária inteira é condenada por corrupção ativa e os mandatários passam incólumes e continuam se elegendo e aos cúmplices, como se a suprema corte estivesse batendo martelos no açougue? Em qual Pais do mundo o uso da máquina pública é abertamente colocada a serviço de candidatos do regime e não se ouve uma palavra de protesto, uma contestação, um pio? Em qual Nação contemporânea, diante de sucessivos escândalos envolvendo sinistros interesses públicos e privados, a situação cresce e a oposição míngua?

Cautela é vital. A razão mostra que nem todos os políticos podem ser equiparados e o fenômeno motivador da ação penal 470 é essencialmente pluripartidário.

Mas há uma diferença, a fundamental: quem ataca a justiça ou a protege.
Os primeiros acham que a lei é uma espécie de guarita, um apêndice governamental, que os cargos de confiança facultam impunidade e, caso derrotados, ainda podem aguardar o indulto. E existem aqueles poucos que sabem que a justiça é a garantia, a única, que nos assegura os direitos individuais, liberdade e equidade. Confundir estes dois tipos e dizer que “são todos iguaizinhos” é embarcar na cortina de fumaça e fazer troça da constituição, como aliás farão os réus e seus padrinhos a partir de domingo a noite, assim que as urnas forem lacradas. Tudo devidamente acobertado por parcela da comunidade intelectual que agora arma a difamação do único poder atualmente independente da República, o Judiciário.

Como exercício de antecipação isso nos deveria fazer pensar que, se nada for feito, em qual tipo de ditadura nos transformaremos adiante.

Ao sequestrar o Estado, esse governo avança lentamente para aplicar os devidos torniquetes contra a liberdade de expressão, como já anunciaram os falcões do partido. O pedido de resgate já não interessa, preferem se apoderar da vítima para sempre. De servidor do povo, o Estado passou a se servir dele para consolidar seu projeto político monológico. O povo somos todos nós, ELES a nova elite, fazendo caixa pelos mais variados motivos. Recomenda-se o recentemente divulgado vídeo com a impressionante entrevista de Hélio Bicudo para entender melhor de quanto se trata. O mensalão foi apenas um detalhe dessa sofisticada maquinação, que não fica nada a dever às táticas dos regimes mais truculentos e autoritários. A julgar pela inércia, o Pais ainda não está pronto para ser passado a limpo, teremos que aguardar outro julgamento, o histórico, para saber a distancia que estivemos da autocracia.

O consolo? Passa por um velho princípio da física, a lei a gravidade. Neste mundo todos os corpos são irresistivelmente atraídos ao solo e tendem à queda, se é que não serão derrubados antes!

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

Paulorosenbaum.wordpress.com

Para acessar link do JB use:

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/10/25/o-sequestro-do-estado/

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Populismo blindado e Maquiavel

18 quinta-feira out 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Populismo blindado e Maquiavel

Diz-se que tudo que entra na linguagem popular tem razão de ser. Quem já não ofendeu alguém usando a palavra “maquiavélico” ? Mas será que estamos fazendo jus ao filósofo Niccolò Machiavelli (1469-1527)?

Sua famosa frase é mal citada e pessimamente instrumentalizada por políticos de todas as grandezas. Raramente a frase toda é contemplada em seu contexto: “Na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios.” Ouviram? “Contra a qual não há recurso”, isso significa que, nesse caso, teremos que aceitar resignados as arbitrariedades do príncipe e os meios que sua alteza julgar apropriados para nos governar.

O que está em jogo neste segundo turno das eleições é muito mais que a obvia antecipação da eleição presidencial de 2014: é a tentativa da atual administração federal de consolidar seu populismo blindado. É o atual estilo de governar na América Latina. É imperioso que a sociedade interponha recursos contra o príncipe.

O candidato do governo federal até convenceria como figura que se força à simpatia e a ingenuidade de um acadêmico que está para se tornar político, mas o caso é outro quando se analisa suas companhias. O problema é que ele se tornará mero instrumento nas hábeis mãos de quem o alçou até lá. Nesse caso, o morubixaba já declarou que faturar em sampa é “questão de honra”. Ora, nenhum pleito deveria ser, por definição, questão de honra, pois a política além de ação coletiva, quando colocada a serviço dos caprichos pessoais já degenerou num absolutismo plebiscitário.

Por isso mesmo há que se questionar o famoso aforismo positivista de que “contra fatos não há argumentos.” Há. Muitos. O primeiro deles é que um eventual triunfo do candidato do governo federal em São Paulo representaria a consagração do jeito vale-tudo de fazer política. O que torna a reflexão sobre o mensalão mais assustadora é que ele pode se universalizar e portanto legitimar-se como praxe política. Obviamente, nem todos no partido tem essa índole, mas é público que para os chefes esse é o caminho.

Sim, há uma política baseada em vingança e lealdade revestida com silencio premiado que lembra a lei do bico calado das organizações criminosas. Nesse sentido, estamos todos comprados, comprados pelo sucesso, pela economia acelerada, pelas benesses que o estado promete, pelas vagas no ensino superior, pelo acesso ao consumo.

O problema na verdade é que eles ainda consideram o pais um regime de exceção e o sistema, digno de ser derrubado. Acordem! Encontrar soluções passando por cima das leis é a verdadeira conspiração contra a democracia, não importando os resultados finais. O suborno portanto não vem só da corrupção ativa dos políticos, mas de nossa submissão alienada aos critérios que nos tem sido enfiados garganta abaixo. Diz-se nos fóruns internos do partido que vão “tocar fogo” no país para exorcizar as condenações. Claro, isso será assim que passar as eleições, já que as pesquisas mostram que a esmagadora maioria das pessoas entrevistadas, de todas as classe sociais, acham que as condenações foram justas, que o governo federal esteve envolvido, que gostariam que a impunidade diminuísse. Também já se ouve, à boca pequena, que haverá pressão sobre a presidenta para indultar os réus. Se isso realmente acontecer, a fogueira subirá ao status de incêndio de grandes proporções.

É contra esta lógica que a percepção da opinião pública resiste e aos poucos está aprendendo a se defender.

Assim mais uma vez pode se repetir o fenômeno do voto útil em São Paulo, não exatamente contra o ex-ministro da educação mas contra tudo que ele representa, contra quem governará por ele ou com ele, tanto faz. Isso não significa que seu oponente tenha a coalização dos sonhos ou um candidato modelo, mas qual é a alternativa? O problema é que em São Paulo, quiçá no Brasil, sempre foi assim.

O pragmatismo pode funcionar para as alianças e conchavos mas não solucionam questões vitais da cidade. Quando questionados, eles dizem que nada disso interessa e dá-lhe refrão: tiramos milhões da miséria! Aplausos e nada mais que a obrigação do Estado com a justiça social. Mas o que isso tem a ver com crimes comuns, corrupção e aspiração totalitária?

Para fazer uma política justa e alcançar o bem estar que atinja todos, o foco deveria estar nas cidades, no dia a dia dos bairros, dos espaços públicos, na reunião da periferia com o centro. Isso, infelizmente, não acontecerá. Ganhe quem ganhar, as ações serão todas dirigidas e pensadas considerando outro foco, o plano nacional, a maldita rampa.

Uma lástima para os habitantes da polis que, mais desta vez, terão que esperar a vez. Fossem os políticos realmente republicanos não enxergariam mandatos como questão pessoal, nem o poder como instrumento arrivista.

O tênue consolo vem do futuro. À revelia do poder, a opinião pública brasileira amadurece com suor e lágrimas, e é com toda essa umidade que a corrosão da blindagem virá antes do que se pensa.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo ”Ed. Record.

Paulorosenbaum.wordpress.com

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Castas à brasileira.

26 quinta-feira jul 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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centralismo partidário, Eleições 2012, hegemonia e monopólio do poder, justiça, justiça e saúde, mensalão, política

Castas à brasileira

Jornal do Brasil Paulo Rosenbaum

As histórias das pessoas sensibilizam não exatamente pela narrativa de como sofrem, mas como cada uma resiste ao sofrimento. Essa resistência (desisti de “resiliência” depois da apropriação indevida que a psiquiátrica fez do termo) já é uma forma de cura que, às vezes, transcende cuidados médicos. Pois vejam dois exemplos de problemas que misturam medicina, justiça e aberração. A lei é para todos, pois não? Somos iguais perante a legislação? Então por que uma moça negra, trabalhadora doméstica, de aproximadamente 35 anos que teve o pé direito amputado em função de um tumor maligno não consegue se aposentar, e outros conseguiram o benefício por terem perdido a unha num torno mecânico? É um problema de peritagem? De organização sindical? Da capacidade de tumultuar um posto do INSS? Por que a classe política tem foro especial enquanto o policial federal não conseguiu obter a tempo a escolta antes de ser fuzilado em Brasília? Por que até os juízes estão sendo acossados ao julgarem gente poderosa conforme convém ao poder? O demagógico não é comparar eventos aparentemente distantes como esses, mas fingir que não são pertinentes. Estão todos interacionados.

A reforma do Código Penal ainda em trâmite só é bem-vinda se vier com determinação da sociedade para modificar as condições de sua aplicabilidade e minimizar a separação das castas nacionais. O sistema de castas à brasileira é aquele que separa não pela etnia ou por um tribalismo metafísico mas por extratos de poder. Numa blitz policial, o cidadão liberado quis saber qual o motivo de ter sido tão desrespeitado durante a revista, e a resposta foi: “Agora a gente trata pobre e rico tudo igual”. Pois esse é o medo, a regra ficou clara, serão todos maltratados.

É impossível contemporizar e duro admitir: a web é um lixão aberto ao ciberspaco. Diverte, distrai e há até pérolas resgatáveis, mas constam como exceções à regra. A legislação mudará para tentar enquadrar os crimes virtuais, resta saber se funcionará. Circulam pelo esgoto eletrônico sideral, além das calúnias e golpes, textos e correntes que para serem classificados sob este rótulo precisariam melhorar muito. Algumas merecem resgate: pedidos de volta dos “bons tempos” do regime militar, mensalão como conspiração arquitetada pela CIA, volta da censura com controle da mídia, educação formal dispensável, vírus da Aids fabricado por laboratórios farmacêuticos (essa até que poderia ser crível, mas para outras patologias), a mudança do clima como invenção das indústrias de ar condicionado, de fato o bestialógico é assustador. Mas o que causa espanto é que aparentemente perdemos a virtude — nesta altura é o que é — da perplexidade. O saudoso Millôr dizia que imprensa é oposição, o resto é capitulação. Espanta ver quantos capitularam e se acomodaram nos braços do subsidio estatal.

Escandalizei-vos já.

Sim, o mensalão (desculpem, é força do hábito), vale dizer, a lógica por detrás da “ação penal 470” sobrevive Brasil afora, com seus impunes tentáculos cheios da grana fácil dos contribuintes, travestida de “liberação de verba”, “medidas provisórias” e “emendas parlamentares”. Só mesmo “trouxas legalistas” ainda acham que não vale a pena sucumbir aos dez por cento. Acontece que eles são a maioria da população. Mesmo com o beneficio da dúvida, diante de tantas injustiças não era para um país redemocratizado estar de ponta-cabeça antes de se aposentar? A justificativa corrente “mas isso tudo ocorria também em governos anteriores” perdeu o prazo de validade. Se de fato ocorria, o que estamos esperando para evitar a recorrência?

Temos 200 milhões de técnicos de futebol e talvez a metade disso de analistas políticos amadores. Muitos admitem o medo de fazer comentários críticos em público — como confidenciou o funcionário de uma universidade — porque poderiam dedurá-lo e lhe cortariam o ponto ou a bolsa. O patrulhamento já era uma realidade, a novidade é o monitoramento virtual.

Por que os intelectuais adotaram o silêncio defensivo como forma de não se comprometer com os esculachos na República? A omissão da crítica intelectual — nome correto: “constrangedora cooptação“ — passou do ponto. Esperava-se muito mais da inteligência nacional. As vozes ouvidas são tímidas e em sua maioria coro de enaltecimento à gestão federal, puxa-saquismo, no velho idioma. Como Arthur Schopenhauer pedira em sua época, uma comissão da verdade merecia ser constituída também para avaliar porque assuntos e pessoas realmente vitais passaram a ser irrelevantes, enquanto a superficialidade arrivista tornou-se hegemônica.

O amortecimento coletivo chegou ao insuportável e à beira do ponto de ebulição, agora terá que escolher de qual lado do abismo ficará.

A sociedade sairá triunfante porque, diante da parada dura que é o tamanho do fosso, ninguém mais pode se dar ao luxo de escolher errado.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”. (Ed. Record)

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