• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

Arquivos da Tag: impunidade

Por uma cultura não perversa (blog estadão)

18 quinta-feira fev 2016

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blog conto de noticia, Blog Estadão Rosenbaum, conto de notícia, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, Por uma cultura não perversa, utopia, violencia

Por uma cultura não perversa

Paulo Rosenbaum

17 fevereiro 2016 | 21:09

Não é o caso de ser contra ou anti. É preciso assumir: uma cultura não perversa é um ponto fora da curva. Ou não estamos todos em um estado a beira da saturação? A  intolerância é uma arma escura. O perverso não é aquele que se defende ou ataca, tanto faz se governo ou oposição, mas é aquele que força a prerrogativa de uma razão desligada do mundo, alienada dos compromissos com o além do si mesmo. O perverso é aquele que, não contente em ser hegemônico, desqualifica o mundo, dobra a realidade, invade a imaginação e reifica o mito para infiltra-lo na cultura. E assim coagi-la a todo preço e custo.

Como afirmou Carl  Gustav Jung, não são os homens que estão doentes, os deuses e suas mitologias que ficaram dementes. A política é apenas a face aparente dessa deterioração. Não estamos ouvindo as formulações do senso comum despejadas nas redes e escoadas pelas ruas? Com paus, máscaras e pedras? Aquelas que acionam as mais inespecíficas condições genéricas, quando a única esperança recairia na reafirmação do sujeito, o único com potencia para resgatar a sociedade?

Sim, ouvimos tua indignação, toleramos a indelicadeza, ouvimos teu enojamento seletivo e, agora, é preciso confessar, só conseguiremos respirar sob outro diapasão. Só se vê modelos esgotados em repetições circulares. Múltiplos exauridos e descerrados. Numa sincronia apática é como se todos os originais tivessem ensurdecido ao mesmo tempo. Como se as novidades não pudessem mais circular. Mas a norma do relógio é disparar, à revelia de nossa desatenção. Por que permitir que nos arrastem através dos vingadores anônimos? Prefiro que refaçam suas próprias penas e, ao custo das consciências, ressarçam o que nos subtraíram. Numa democracia principiante, quando uma mentira lava a outra e não há mais forças emancipadas, poder-se-ia especular sobre a subsistência e até mesmo duvidar se testemunharemos ou não um futuro saudável.

Em nossa insuportável ingenuidade a separação dos poderes seria a garantia das liberdades individuais. Quem iria supor que um lacre gigante estabeleceria tremenda co-dependencia no lugar de autonomia?  Co-autoria no lugar da reafirmação de identidades e funções. As exceções não conseguem mais suprir a norma. E é essa mutação que vem submetendo a Republica a ponto de torna-la irreconhecível. É como se mudássemos para uma chave que já nada abre. E, uma vez escolhida, ninguém mais pudesse se arrepender por ter sufragado um projeto tão nocivo e abrangente. Curiosa essa exceção. Os criminosos podem merecer perdão, os acontecimentos do destino podem exigir reparo, e até um pequeno deslize na calçada pode resultar em ressarcimento pelo administrador do território. Mas o sistema parece já ter escolhido seu lado: prefere proteger o opressor à vítima. O Estado tornou-se perigosamente autosuficiente e descolado do suporte. A ponto de descartar seus súditos? Exagero? Um espírito subjacente pode até vir a ser e no final mudar tudo. Os indícios não são estes, pelo contrário, o que torna nossa desconfiança cada vez mais procedente. E se assim fizeram para desconstruir o mínimo já conquistado? E se orquestraram para desmanchar o apelo civilizatório? Não será agora, nem imediatamente, mas uma hora teremos que responder: se não queremos ser Kiev nem Caracas, será preciso algum espírito de antecipação, ou capitulação.

Tags: a perigosa autosuficiencia do Estado, Carl G. Jung, cultura e política, direito ao arrependimento, Kiev e Caracas, mitos dementes e homens doentes, Por uma cultura não perversa, separação de poderes

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Chilique conservador (Blog Estadão)

11 domingo maio 2014

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aparelhamento, campanha política 2014, classe média, impunidade, niilismo, País demente, volta lula

Examinando minhas referencias especulei: hoje o que é ser conservador? Não gostar de pichação, estranhar ônibus queimado, deprimir-se com avenidas interditadas, imaginar organização, cidades limpas, uma direção que guie ao sonho. O populismo deforma os espelhos. Inverte as leituras. Esqueçam formação. Não preparem pessoas. Qualquer coisa serve. Reescrevam Machado, Alencar e Joyce. Daqui em diante e para todo sempre, tudo será mastigado, achatado, pré metabolizado. Renda, saúde e educação. Abaixo critérios estéticos. Acabem com todo esse rodeio ético. Incorporem a bagunça. A anomia, norma. O crime como forma. Mídia que desinforma. O desvio como rotina. A vida como defesa. O País está demente. Linchem a granel. Bruxa ou inocente. Esfolem a vontade. Não há mais ninguém imune num mundo impune. Comprar consciências está moleza. A campanha está no papo. Obras sem fim. Inacabadas. O marketing bombado nos partidos alugados. Pesquisa de intenção. Está na mão. O rendimento no regaço. Funcionalismo no inchaço. Trabalho, conceito burguês. Política, gosto do freguês. O discurso do mestre. Precisamos de ajustes? Maquie os embustes. Esforço é elitista. Mérito, golpista. Aparelhamento está na meta. Pau na classe média. Poesia virou funk. Cultura, descarte. Esqueçam o cerrado, destaque ao senado. Viram no que deu? Entra a turma do despiste. Se a fraude é contumaz. Escondam na Petrobras. E nada de mensalistas. Escolham diaristas. Criem regras flutuantes. Limites redundantes. E viva o balão de ensaio. O Bolão da República. Ele está de volta. Criticar virou golpismo. A esquerda, direita. O materialismo, liberalismo. O capitalismo, socialismo. Ainda bem, fala baixo, não descobriram o niilismo. A última saída do abismo.

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/chiliques-conservadores/

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A arte de truncar diálogos

03 sábado maio 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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A Verdade Lançada ao Solo, autocracia, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, liberdade, manipulação, significado de justiça, violencia

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Jornal do Brasil

Sábado, 3 de Maio de 2014

Coisas da Política

Hoje às 06h00

A arte de truncar diálogos

Paulo Rosenbaum  –  médico e escritor

Mais uma vez  a cultura do escândalo no país das acusações. Todos na retranca. Acusa-se governo, oposição, e as elites. Há muita gente atrasada, mas elas estão distribuídas em todas as classes sociais.  E o desperdício de energia só para saber se a CPI seria exclusiva da Petrobras? Enquanto tudo merece apuração, o que se vê são mais cortinas de fumaça. Parece que o jogo político vem se tornando completamente autorreferente. Sinal grave num país que tem urgências e contas improrrogáveis para acertar.

Nas ruas tardoanarquistas, piromaníacos revanchistas, guerrilhas saudosistas. Não estão, nunca estiveram propensos à disposição dialógica. Estão confortáveis com a simplificação: “bons e maus”.  Mas é claro: reforma política à la carte. Todos surdos para a sociedade berrando: chega! Ninguém mais pode levar a sério a língua solta, a fanfarronice, o gogó demagógico, o surto ideológico., o oportunismo marketológico. O culto à personalidade gera pelo menos um efeito colateral: figuras que se recusam a encarar que seu ciclo e tempo findaram. Talvez isso explique o desespero, o apelo à violência, o discurso hostil, o empirismo tosco.

Precisamos nos livrar da dívida permanente, aquela que  mantém pessoas reféns do Estado. A democracia foi projetada exatamente para que as pessoas se emancipem e não sejam subjugadas pelo poder abusivo. O Estado de Direito funciona para que a maioria e as minorias convivam, e sejam mutuamente protegidas. Vivemos em plena inversão: Estado mínimo nos interesses máximos, Estado máximo nas prioridades fúteis.

A ridícula polarização entre direita e esquerda é uma forma de não encarar os verdadeiros desafios da cidadania. Dividir a política entre conservadores e revolucionários é uma forma de condenar à invisibilidade todas as categorias intermediárias.

Para avaliar gente que quer os cargos políticos, dois critérios contam: criatividade e capacidade para apresentar soluções. A eleição bem que poderia decretar extintos autocratas e carismáticos persuasivos. Aquela turma que costuma eleger-se e aos seus protegidos, sem o menor tino prático para conduzir a administração.

A inadimplência do Estado para com a sociedade não é financeira, é moral.

Ninguém duvida que a redução para o embate ideológico puro é manobra anestésica. Acaba beneficiando o mal feito, os acordos lesivos aos interesses públicos, a condução equivocada na escolhas das verdadeiras necessidades.

Uma jovem democracia pode se submeter a tantas pressões sociais sem que as instituições tenham encontrado o ponto de solidez e amadurecimento necessárias para isso? Miremos outros exemplos pelo mundo.

É necessário romper a linha que trunca o debate político para além da nostalgia revolucionária e da imaturidade reacionária.

A agenda do país agradece.

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2014/05/03/a-arte-de-truncar-dialogos-2/

 

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A República não é o Partido – Blog “Conto de Notícia”

24 domingo nov 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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A República não é o Partido, abolição do conflito de interesses, centralismo partidário, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, justiça, manipulação

 A República não é o Partido

Uma temerária cascata toma conta da República.  A nova oligarquia política nos impinge dias em que a tríade clássica da democracia – independência de poderes, respeito à livre expressão e governo exercido para todos — está suspensa por decreto. A desenvolta ação envolve agora mais do que uma adesão acrítica aos companheiros de causa. Não há mais inibição no atropelo da legislação, unilateralmente aboliu-se o tópico “conflito de interesses”. Para obter produtos políticos, desmoralize-se o outro poder. Acusem o juiz, esqueçam a ordem das coisas, acionem isqueiros perto das instituições. Se for para intensificar o domínio da coisa pública borrem a constituição. E se for pelo poder, aí então, aplique-se o tal golpe imobilizador do vale tudo.

Sim, até para eles existem limites. A República não é o Partido.

Se a trama era refundar o Estado precisavam antes combinar com os eleitores.

Quando agentes governamentais agem aberta e corporativamente sob o pretexto que for, para desqualificar opositores e críticos. Quando o poder imagina que o diálogo com a sociedade é um detalhe desprezível. Quando as forças que poderiam coibir os abusos estão amedrontadas ou desmoralizadas pelas gavetas, chegamos nas bordas de um temível retrocesso.

Os cofres podem estar abarrotados de dossiês, e só a justiça pode discernir a verdade dentre calúnias e litigâncias oportunistas. Nem que seja por causas humanitárias, merecemos todos mais isenção e seriedade. 

Nossas cabeças não aguentam mais picotar papel.     

Para comentar use o link do Blog do Estadão

 http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/o-republica-nao-e-o-partido/

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Desate o empate

17 terça-feira set 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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ação penal final, anomia, desempate, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, mensalão, significado de justiça, STF, utopia

Desate, o empate

Reis tombados, xeque-mate

Torne crível, como todo jogo inesquecível!

Xadrez_no_SupremoVIVFhttp://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/

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Peçamos o inconcebível

22 quinta-feira ago 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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centralismo partidário, embargos, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, justiça, manipulação, significado de justiça, STF, utopia

  • Ainda que o gigante pareça estar em crise de narcolepsia e a economia em turbulência, perdura a necessidade de acreditar que nossa jovem democracia avance.  Mais que isso, a fé se tornou um imperativo.

Justiça seja feita. Nos últimos 20 anos conseguiu-se expressivo aumento do IDH da maioria dos municípios brasileiros. Malgrado o país tenha melhorado em muitos aspectos, especialmente na desigualdade social — ainda uma das 10 piores do mundo — não se conseguiu (coletivo, todos nós) inculcar na elite, nos dirigentes e na própria população uma das qualidades essenciais da democracia. Aqui há, sim, um principismo: que assumamos as responsabilidades.

Sem esta qualidade viveremos em solavancos e de sustos. Revolucionar valores tem a ver mais com o mundo que valoriza qualidades do que com o que os grupos escrevem em suas plaquetas. Curioso é que parecem todos as favor. Se não há ninguém contrário às  mudanças, o que estamos esperando?

Mas, e se as regras que permitiriam o resgate da cidadania estiverem cercadas pelas catracas do atraso e de um anacrônico sistema cartorial? E se  a burocracia continuar a engessar a liberdade? Sair por aí contestando sem foco, sem direção e especialmente sem princípios não é saída, é escapatória autoilusória.

Crescer não significa abandonar ambições e expectativas, nem a derrocada da utopia que nunca chegou. O amadurecimento tem a ver antes com enfrentar as consequências dos próprios atos. Não que seja fácil ingressar no mundo adulto, mas é o que podemos exigir dos que postulam e ocupam cargos públicos.

Sejamos sensatos, peçamos o inconcebível, quem sabe conquistamos o plausível?

Os anarquistas que depredam as vias públicas são a antítese da revolução

A maturidade ensina que a demolição prematura de instituições que apenas começavam a funcionar depois da redemocratização do país é o resultado de grave erro de avaliação. Na era do tempo real, sem verdadeiros pactos pelo consenso a governabilidade inexiste ou tem prazo de validade vencido precocemente. Não basta ter a soma dos votos e a maioria. Quando com um clique se convoca uma marcha pelas redes sociais, ninguém pensa no alcance prático disso. O protesto, que era manifesto, que era resistência, que era indignação coletiva, vem adquirindo uma autonomia escusa. E, como se sabe, a violência costuma ser o braço armado do autoritarismo.

Não porque existem vândalos. Os anarquistas que depredam as vias públicas pensam ser revolucionários vem a calhar. Servem bem para construir repúdio por mudanças e mostrar quão pior pode ser. São, portanto, a antítese da revolução. Incorporaram-se à reação porque a sua preocupação está em mostrar força e negar qualquer tipo de poder. Ao mesmo tempo, investem-se de um poder maior, e fazem das multidões um aríete contra qualquer um. Dominados pelo narcisismo primitivo que distorce as imagens e os espelhos, não se enxergam assim. Mas não passam de reacionários perturbados. E eles não estão sós. Por trás dos mascarados que roubam e depredam está uma inimputabilidade inconsequente que o poder, com a anuência da sociedade, vem se outorgando. Pois, não se trata de uma outra via autoritária quando se criam foros privilegiados, justiça inacessível e/ou subordinada?  Quando ficam evidentes os critérios seletivos para o que se costuma chamar “igualdade de oportunidades”?

Para cada autêntico beócio predador que se infiltra nos protestos há um correspondente que se esconde na vidraça blindada das autoridades, dos palanques, no palavreado autocongratulatório e nos discursos de posse. Trata-se da dupla face, ambas igualmente injustificáveis e daninhas. Só que  enquanto uma é televisionada, a outra permanece privativa em circuito fechado.

E como a filósofa ensinou: quando se perde a autoridade, alguém há de clamar pelo autoritarismo.

Coisas da Política – Jornal do Brasil

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Jogos Paradoxais

04 domingo ago 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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anomia, democracia, impunidade, Jogos Paradoxais, mensalão, significado de justiça

 Jogos Paradoxais

O novo mês entra e a sede por utopia parece intacta. Não se trata só das manifestações – que começam a parecer redundantes — nem da notável sensação de desgoverno. Parece que somos pastoreados por gente que perdeu o discernimento no patético clima de despreparo dos legisladores.

A desigualdade social diminuiu e pode até ser que a insatisfação das ruas seja realmente um fruto indireto de expectativas inflacionadas. Mas a ascensão de toda essa gente à classe média jamais seria uma espécie simbólica de “índice de sucesso” como quiseram insinuar os propagandistas do poder. Oportunistas com suas bravatas são os que menos precisamos nessa hora.

Reparem que desde os blocos de junho não surgiu um só político com visão de Estadista, nenhum discurso que trouxesse uma percepção original, nada de uma análise ampla para o esclarecimento da delicadeza do momento atual e a grande oportunidade para fazer avançar a democracia.

A psicologia já fez notar que é próprio do mundo idílico não assumir responsabilidades. É sob este clima que Governo e oposição ficam no faz de conta. Agora travam guerra aberta de dossiês na mídia, com óbvia  vantagens para quem controla as informações e as escoa conforme sua conveniência. Alguém do alto do marketing político está dando as cartas. E está tentando infundir a ideia de que é tudo igual. Há contudo uma diferença: há figuras fortes da oposição com autocrítica suficiente para pedir investigações na própria carne, já, do outro lado, sabemos onde foi parar a tal refundação do partido depois do mensalão.

Ler mais em 

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/jogos-paradoxais/ 

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Ousadia para ouvir

20 quinta-feira jun 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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açao penal 470, anomia, centralismo partidário, impunidade, justiça, mensalão, ousadia para ouvir, por um retorno a natureza sem partido verde, tribalismo, tribunais revolucionários, utopia, violencia

Enquanto a inflação volta e a crise econômica se instala, o mercado de opiniões opera em franca oscilação. O que se condena hoje exalta-se amanhã, e vice-versa. Os analistas se desencontram. A coerência e a verdade vão ao sacrifício. Uma coisa parece estável: a tentativa de encontrar culpados pela crise. Ela transitou entre governo federal, globo, políticos de Brasília, gastos da Copa, insegurança e omissão do Estado em assuntos vitais. Ninguém tem razão sozinho. Não se pode ter a tentação de achar que tudo é problema oriundo da inoperância petista. E quanto a essa oposição que engoliu tanto sapo e só agora soluça? Tímida, amedrontada e estudando os benefícios da desorganização. Não tão rápido nem tão simples. E os votos desta moçada? Onde foram despejados? Há poucos meses, sufragaram esses mesmos que agora são contestados.

O problema é que o poder e os poderosos chamaram para si e magnetizaram a ira quando tripudiaram com postes eleitos sem luz própria, com medidas duras de autoacobertamento, e, principalmente, pela arrogância escancarada à luz do dia. Só há uma saída: cultivar a ousadia de ouvir. As ironias e o sarcasmo como que foram se liberando, e não passaram despercebidos pelos homens e mulheres comuns que agora marcham.

Sabe quem pode ter decifrado fração importante destes nós? Sob o incômodo exercício da função de máxima autoridade judiciária da República,  Joaquim Barbosa afirmou que os partidos no Brasil eram “de mentirinha”. Talvez pudesse não ter dito isso sendo quem é, e representando o que representa. Mas julguem por vocês mesmos mediante observação das ruas. Aquela verdade inconveniente não continha mais que mero fundinho de razão? Muita gente — a maioria que assistiu ao desenrolar das discussões no STF — gritava “sem partido, sem partido”. É inegavelmente um novo fenômeno social, que vai gerar implicações políticas adiante.

E agora? Espera-se civilidade e respeito, sem dúvida. Mas por que temos a sensação de que o poder público está se omitindo? Medo das massas? Aflição pela sangria de votos já em curso? Para garantir a integridade dos manifestantes e das cidades estamos testemunhando um colapso paralelo. O estado de direito ainda deve ou não prevalecer numa democracia? Cidadãos podem aplaudir, mas não querem ser acuados pela liberdade dos outros. É para esperar os tribunais revolucionários? Para quando? Vai ter fórum privilegiado para quem apoiou?

Pode-se perguntar como fica o direito dos que não se manifestaram?   Vinte e dois hospitais nos arredores da Paulista não têm podido funcionar adequadamente e em outras capitais mais gente ficou sitiada. Alguém contabilizou? Alguém sabe o que isso significa para as famílias com parentes internados? Estão se lixando? Um detalhe? Ah, isso é coisa de burguês? Mas o risco de se aglutinar é esse mesmo. Perder a individualidade, abandonar-se à transcendência horizontal, e, com isso, esquecer do motivo que, em última análise, nos impeliu às ruas: opor-se ao massacre do sujeito.

Deveríamos sempre lembrar que, em qualquer causa justa, renunciar à delicadeza é o princípio do fim.

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/06/20/ousadia-para-ouvir/

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Irretocável Política

16 quinta-feira maio 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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açao penal 470, autocracia, centralismo partidário, centros de pesquisas e pesquisadores independentes, democracia, educação política, governo federal, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, manipulação, medidas provisórias, mensalão, odeio a classe média, política como risco à saúde, propaganda eleitoral, significado de justiça, silência dos intelectuais

Jornal do Brasil

Quinta-feira, 16 de Maio de 2013

Coisas da Política

Hoje às 06h46

Irretocável política

O escalpo político eleitoral a céu aberto durante as votações das Medidas Provisórias, onde emendas multimilionárias são negociadas pelo governo federal, usando dinheiro dos contribuintes para pagar votos dos representantes do parlamento, poderia ter muitos nomes. Voto em cambolhada de grelos.

Quem acompanha noticiários políticos – que tragam tarjas de advertência “ risco à saúde” – já deve ter abandonado de vez a ilusão da lógica, da coerência e de um processo civilizatório. Ainda que o barco esteja sendo mantido na superfície e a economia dê sinais de tímida estabilidade, o maior problema do País é, de longe, a política.

A cerimonia de beija-mão do vice governador de SP contra o anel presidencial só desnuda toda fragilidade. Avolumam-se as tentativas e arranjos partidários para, numa frente inédita, desestabilizar o STF. Há gente graúda e muito capital disponível para apostar que, se tudo der certo, um novo julgamento será provocado e, desta vez, o placar os favorecerá. É como jogar partidas tantas vezes quanto for preciso até que o resultado favoreça o time perdedor.

Esgotados todos os recursos, já não se trata de ser contra ou a favor do que o Supremo decidiu, o que está sendo jogado agora está em outro campo, muito mais perigoso que o veredito da Corte. O que entra na balança é a lisura e autonomia de poder das instituições. Lula acaba de verbalizar que não existe político irretocável. Ninguém nem de longe sonharia com tal aberração. O que interessa é o que seu discurso ocultou. Travestido na língua fácil, a verdadeira afirmação, o mote de seu partido e da frente que os apoia: Políticos são esses aqui mesmo! Aceitem, ou, danem-se e engulam. E para dar o toque final alguém lá da mesa fez um voto de “ódio à classe média”. Curioso.

A estratégia do marketing do PT – apoiado em extensas pesquisas qualitativas – fez fundir a imagem do ex-presidente com a presidenta em quadros de meia tela que ora se sobrepunham e deslizavam de lado, sempre se alternando em nobres promessas. No show: “Você que já tem sua casinha, seu carrinho, seu computador agora terá muito mais…” A farsa teve um extra inédito. A inclusão de um surpreendente texto de propaganda. Agora entre outras benesses ofertadas para quem continuar votando no Partido estava “doutorado no exterior”? Com o triunfalismo barato do uso do diminutivo e fazendo usufruto da estabilidade conquistada também às custas dos governos anteriores, o ex-presidente, como de hábito, joga todos os méritos da fartura em si mesmo e em sua claque. E aproveita para caluniar a mídia como a grande criadora de fantasias. A imprensa livre cria conceitos impossíveis e monstruosos, como políticos ideais, amantes da ética, respeito à coisa pública.

Inverter a conspiração é rigorosamente a repetição de uma estratégia eleitoralmente vitoriosa. Eles se fazem passar por vítimas, não são os perseguidores ou os agentes do mal feito. Inegável, eles são mesmo imbatíveis.

O trágico não se restringe ao momento, mas ao que isso significa em termos de educação política. Não é só repisar as mentiras até que passem como verdades, o que buscam é o aperfeiçoamento progressivo dos vícios. Essa sedução anestesia e funciona bem para o que se presta. De tanto apanhar vamos ficando insensíveis e desinteressados. Daí à generalização é um passo. A imagem de que todos os políticos bebem da mesma taça, vai ganhando materialidade. Gerações vindouras ou os tomarão como exemplo (afinal é só isso que conhecem do mundo político) ou refluirão às suas vidas privadas já que “não tem conserto mesmo”.

Um desserviço à República. E o plano era esse. Explicitar que o sistema foi criado para sustentar o vício.

Sob o profundo desprezo que têm pela opinião pública, os governantes do País abusam da ideologia negacionista. Não há descontrole das finanças, não há epidemia de violência, não há conflito de interesses e tudo bem que o público e o privado estejam de mãos dadas. A novidade está na tranquilidade. Impunidade baseada em evidencias, por suposto. Enquanto amigos da corte nunca estiverem tão protegidos e subsidiados, todos nós nos tornaremos alvos fáceis do arbítrio. Não é delírio. Aconteceu na Venezuela, na Argentina, na Bolívia, no Equador. Operações cala boca e dossiês podem estar sendo preparadas para fazer cortina de fumaça aos capiangos. Nosso crime? Testemunhar a distorção, calculada e seletiva, no uso das leis e das regras constitucionais.

O expressivo silêncio dos intelectuais, a esta altura uma afasia, continua inexplicável.

Estamos por conta. Minha aposta é que não passarão.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo” (Ed. Record)

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/05/16/irretocavel-politica/

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Diálogos Interditados

25 quinta-feira abr 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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antiamericanismo, democracia, diálogos interditados, formadores de opinião, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, interdição da razão, Irã, jihadismo internacional, mensalão, redução da maioridade penal, significado de justiça, violencia

Interditado

Diálogos Interditados

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Jornal do BrasilQuinta-feira, 25 de Abril de 2013
Hoje às 06h09 – Atualizada hoje às 09h57

Diálogos interditados

Jornal do BrasilPaulo Rosenbaum *

Como previsto por este colunista, vários “formadores de opinião” com sua tradicional pós-graduação em cegueira ideológica tentaram estabelecer “se” e “mas” para condenar com timidez os ataques terroristas em Boston. A vergonhosa relativização arrasta o desfile de falácias. A evocação dos desastres em guerras num passe de mágica se transformam em argumentos justificacionistas. É típico da desonestidade intelectual embolar tudo para simular equiparações onde elas não existem. Como se não bastasse, tentam estabelecer equivalência moral entre a piração religiosa jihadista (cujo prolifico DNA encontra-se no Irã, no Líbano, na Síria, na maioria dos países africanos e agora no varejo, com franquias Al Qaeda) com os conflitos tradicionais.

Como pacifista, não é difícil classificar de repugnantes tanto umas como outras. Mas granadas lançadas a esmo e bombas em eventos públicos têm um peso distinto de conflitos entre nações. Guerras santas e líderes fanáticos não costumam ceder à razão. Pelo contrário, ela é o único alvo.

“Guerras santas e líderes fanáticos não costumam ceder à razão ”No fanatismo não há interferência diplomática. Não há dissuasão. Não cabe diálogo. O terrorismo é uma batalha perdida para a escuridão das pulsões destrutivas, geralmente acobertadas pela ilusão do conserto do mundo. Os terroristas são antes de tudo uns convictos. Têm razão a priori. Por isso recusam o debate.

A guerra pode ser terrível, abjeta, escandalosa, mas ainda pode ser detida, contornada e minimizada. Sempre existem fronteiras a serem negociadas, reparações, compensações e jeitos para obter paz. A tolerância, a compaixão e a simpatia que os fascistas de esquerda e direita mostram pelo terror decorre de uma identidade patológica primitiva, onde o ideário prevalente é o batido “os fins justificam os meios”. Pois estamos bem no meio de uma pandemia fanática, onde quem está interditada é a razão.

O mesmo tipo de absurdo se vê na interdição do debate sobre a redução da maioridade penal no Brasil. Está academicamente comprovado que isso traria baixo impacto na redução da criminalidade — continuo achando pouco crível que absolutamente nada esteja sendo feito para conter a violência no pais e enxergo a omissa mão do Estado nesta inércia — entretanto, a forma como os menores estão sendo manobrados e manipulados por maiores para praticar crimes exige uma contrapartida jurídica. Onde estão os planos de reeducação e reinserção social? Quais perspectivas o Estado oferece para uma massa sem perspectivas? Sem experimentar novas políticas e leis, não podemos saber se a redução da maioridade penal teria ou não impacto na cadeia viciosa de crime-impunidade-inimputabilidade.

Mas, mais uma vez, o debate encontra-se obstaculizado sob a argumentação imaginária de que qualquer mudança criminalizaria apenas o jovem socialmente carente. Não é bem assim. Mas quem quer saber? Quem ousa falar contra uma cadeia de dogmas instrumentalizados por estudos muitas vezes descontextualizados e anacrônicos? Desconfio que o politicamente correto tenha sido uma invenção dos ditadores para blindar os dogmas. A redução pura e simples da idade penal conquanto não seja uma solução pode ser o início de uma discussão democrática de quais limites e sob quais contextos queremos estabelecer as leis: quem merece ser responsabilizado e em quais circunstâncias.

“Ninguém espera que a sociedade seja virtuosa. Longe disso, e Brasília parece concentrar os espertos do mundo”Por fim, merece análise mais minuciosa a frase do presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, que só sai dali se os réus condenados do mensalão desocuparem seus postos parlamentares (pesadelo à parte sermos obrigados a voltar ao assunto). Por incrível que pareça (só neste quesito já que vindo dele a verdade é item perecível), talvez ele tenha alguma razão. Pois, se o preceito de que a justiça deveria ser igual para todos tivesse qualquer efeito, teríamos que na prática contemplar princípios minimamente isonômicos. Ninguém espera que a sociedade seja virtuosa. Longe disso, e Brasília parece concentrar os espertos do mundo. Ninguém está livre do engano, e a ética é um perigo quando usada como flecha. Mas deveria haver um mínimo. Por exemplo, garantias de que gente condenada (ou sob investigação) se afastasse de qualquer representação parlamentar. Mas as brechas jurídicas — risível frouxidão — usadas por escritórios potentes postergam a justiça real. O resultado todos sabem. Penas proscritas e, por fim, exaustão. E dá-lhe legitimação do vale-tudo.

O malefício que a interdição dos debates, da razão e da decência faz à democracia só é comparável à mordaça psíquica que nos impede de gritar. Urremos uníssonos, antes que sejamos condenados aos suspiros.

* médico e escritor, autor de ‘A verdade lança ao solo’ (Ed. Record)

Link do Jb

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/04/25/dialogos-interditados/

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