• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

Arquivos de Categoria: Artigos

Liberdade para quê: nunca houve censura virtuosa. (Blog Estadão)

26 quinta-feira maio 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

https://paulorosenbaum.com.br/2022/05/24/liberdade-para-que-nunca-houve-censura-virtuosa-blog-estadao/?shared=email&msg=fail

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Liberdade para quê: nunca houve censura virtuosa. (Blog Estadão)

26 quinta-feira maio 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

Nao lutar contra a censura é lutar por mordaças. Censura nunca mais.

Paulo Rosenbaum

Liberdade para quê: nunca houve censura virtuosa.

Paulo Rosenbaum – médico e escritor

Reluto em republicar artigos e crônicas, mas existem determinadas fases que coincidem de tal forma crise e dimensão dos problemas que torna-se impossível deixar de se referir às reflexões pregressas.

A palavra censor tem várias acepções analógicas: crítico, detrator, repreensor, mas cai numa chave intitulada “Resultado do Raciocínio, de um lado, julgamento, de outro, obliquidade de julgamento. E finalmente aqueles que revelam espírito de parcialidade podem estar resumidos dentro da expressão latina “existimare unumquemque moribus suis”, isto é “julgar os outros por si” ou ainda “tomar as nuvens por Juno”.

Ninguém negará que a mídia precisa ser mais democrática — e democratizada — para incluir os sem-voz e as grandes parcelas da população ainda marginalizadas, mas o projeto em orquestração na mesa dos controladores nada tem a ver com este escopo. Sob o argumento de que as…

Ver o post original 940 mais palavras

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Liberdade para quê: nunca houve censura virtuosa. (Blog Estadão)

Destacado

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 1 comentário

Liberdade para quê: nunca houve censura virtuosa.

Paulo Rosenbaum – médico e escritor

Reluto em republicar artigos e crônicas, mas existem determinadas fases que coincidem de tal forma crise e dimensão dos problemas que torna-se impossível deixar de se referir às reflexões pregressas.

A palavra censor tem várias acepções analógicas: crítico, detrator, repreensor, mas cai numa chave intitulada “Resultado do Raciocínio, de um lado, julgamento, de outro, obliquidade de julgamento. E finalmente aqueles que revelam espírito de parcialidade podem estar resumidos dentro da expressão latina “existimare unumquemque moribus suis”, isto é “julgar os outros por si” ou ainda “tomar as nuvens por Juno”.

Ninguém negará que a mídia precisa ser mais democrática — e democratizada — para incluir os sem-voz e as grandes parcelas da população ainda marginalizadas, mas o projeto em orquestração na mesa dos controladores nada tem a ver com este escopo. Sob o argumento de que as redes de comunicação operam através dos oligopólios, a proposta é substitui-la por monopólio de Estado.

Os milionários esquemas de subsidio estatal (nas três esferas) para mídias favoráveis  e os torniquetes possíveis aplicados às outras, as rebeldes, são apenas a parte visível do jogo. O controle da imprensa significa, na prática, coibir o debate público — já de duvidosa qualidade — uma vez que só a liberdade de expressão e a não desinformação permitem que os cidadãos possam se posicionar para votar, investigar, cobrar e, quando for o caso, se opor ao Estado.

Missão longe do alcance de uma imprensa submissa. Como o objetivo final é a liberdade  controlada, vale dizer domesticada, a finalidade última da regulamentação é dirigir o país contando com informações selecionadas e filtradas. Neste sentido, estamos muito próximos de uma perigosa censura velada!

Só há um grau maior do que a famosa polícia do pensamento prenunciada na ficção de Orwell, trata-se da polícia da linguagem. Os jornalistas integrantes de um diário paulista aceitaram compor a obscenidade auto intitulada “Jornalistas pela censura virtuosa” com o agravante covarde do anonimato. Estes amigos de Peniche, verdadeiros sicofantas da livre expressão perderam o juízo? Eis mais uma prova de que os supremacistas do pensamento, isto é, o totalitarismo avança, e será preciso mais do que discursos ilibados. Será necessária a mais corajosa veemência para resistir a uma aberração que mimetiza razão.

Lutamos contra a ditadura e a censura para sermos amordaçados dentro das redações? Agora não se chama “censura”, a novilíngua decretou que doravante chama-se “embargo” (sic). Tanto faz de qual lado virá o totalitarismo, sem um compromisso ético coletivo de repudia-lo não teremos muitas saídas. É empírico, observem a perpetuidade das ditaduras na América Latina e nos países africanos.

O primeiro interessado em deter a informação é o próprio poder. Afinal a hegemonia passa pela centralização. Mas há um produto muito além do poder em jogo quando se trata de concentrar informações. A liberdade só pode ser exercida com a aquisição do conhecimento que passa pelo exercício da crítica. Sem ela, a liberdade é uma franquia das cúpulas, dos consensos de gabinete, um slogan abstrato.

Uma equipe eleita decide o que pode e o que não pode? A divisão de poderes foi abolida? Mas eles não foram eleitos para isso, ou foram? Isso é que não está nada claro no jogo democrático atual. As regras. Depois que se ganha a eleição tudo pode virar qualquer coisa. Para isso deveriam valer mais os direitos constitucionais do que uma hermenêutica premida de desvio de finalidade.

Não se enganem, há uma dosimetria oculta que rege nossa liberdade. Para ser conciso: o projeto de regulamentação da imprensa (e atuais promessas de “embargo” “é, na verdade, uma ameaça direta à democracia). É urgente organizar a sociedade para que o cerceamento à livre expressão (mesmo que seja classificada como autocensura)  não encontre guarita no argumento de “controle social”. Como nos faremos ouvir? Como ler jornais quando tudo estiver sob o filtro impermeável do Estado? Podemos usar o spam, a panfletagem, instrumentalizar melhor a ilusão revolucionária das redes sociais. No mundo eletrônico ocidental a censura — sob o álibi da acusação de desinformação — está se fazendo cada vez mais presente.

E quem dará aval para os projetos de controle estatal da mídia? O pessoal da moral e dos bons costumes? Assim, eles poderiam eleger os livros, peças, filmes e biquínis que vamos ver.  Os executivos dos partidos políticos (base aliada ou não). A explicação é simples: estão mordidos com a última pesquisa sobre a decadência e confusão que reina nos partidos. E tudo que contraria políticos é gerado na imprensa livre.

E quanto aos intelectuais e a estrutura universitária? Estão divididos entre os que são pela lealdade ideológica à oposição. Estes últimos são uma categoria em decadência, porque ninguém quer subsidiar gente isolada, muito menos premiar a autonomia. A emergência dos conservadores é uma resposta, equivocada, a uma esquerda que vem sofrendo isquemias no núcleo duro. Os auto intitulados conservadores também não funcionam, porque suas perspectivas são basicamente alimentadas de nostalgia. Sonham com uma ordem e um status quo que nunca existiu no cenário político. Nas TVs ou nos jornais notem que sempre começam com expressões de saudosismo e terminam suspirando pela volta das leis marciais.

Quanto à estrutura universitária, vale lembrar a antiga tese do filósofo José Arthur Gianotti, de que a universidade é subsidiada para não funcionar. “Funcionar” no sentido de produzir a mentalidade crítica e autocritica, que tanta falta nos faz. Claro que existem nichos que funcionam. Na base do voluntarismo e de ações sociais importantes, grandes camadas de pessoas foram resgatadas da marginalização nas últimas administrações. Não é só insuficiente. É vergonhosamente insuficiente. A educação e o investimento maciço em ensino não ousaram para além das formalidades como a de “colocar mais gente no ensino superior”. Salários dos professores e estímulo à pesquisa ainda são ridículos para o nosso PIB. O processo pedagógico parou no século 19, enquanto precisávamos de inspirações do 22. Há uma fadiga generalizada no jeito de fazer e lidar com as coisas públicas.

É evidente que tudo isso seria muito pior sem liberdade. Há candidatos que nos ameaçam com sua suspensão. Há muitos que estrategicamente calam-se diante das ameaças e agora de forma inédita levantam a voz para no lugar de contestar fazer a apologia da temporada de mordaças justificacionistas. Não parece óbvio que, sem ela, a liberdade, jamais falaríamos de tudo isso?

Aproveite para chiar agora, amanhã pode não haver segunda chance.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo” (Ed. Record), ‘Céu Subterrâneo” (Ed. Perspectiva) e “Navalhas Pendentes” (Ed. Caravana)

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

A Ciência Infusa da Maternidade (Blog Estadão)

08 domingo maio 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 2 Comentários

A Ciência Infusa da Maternidade

Paulo Rosenbaum

Publicado no Blog Estadão

 O Professor de Medicina Walter E. Maffei, nosso inesquecível mestre, costumava nos ensinar que “se a mãe não faz o diagnóstico, ninguém mais faz”. Para além da generalização lúcida do neuropatologista, o que Maffei queria realmente dizer com a provocação era trazer os médicos para um exercício de realidade e humildade: baixem a crista quando se trata de emitir pareceres peremptórios, definitivos, dogmáticos. Mas também, e principalmente, mostrar que há nas mães uma espécie de ciência infusa, esotérica, mística mesmo, que faz delas exímias diagnosticadoras.

Afinal, qual é o poder da maternidade?

Elas geralmente conhecem como ninguém, através de uma presciência jamais investigada, o estado da sua prole. Sabem, com antecipação o que os filhos estão pensando. Conhecem, nas minúcias, suas necessidades. Intuem, geralmente pelos olhos, olhar e linguagem, se há verdade no que dizemos. Também podem reconhecer se há algo alarmante, ou apenas dissipam o pânico. Todas estas qualidades são bem menos frequentes nos pais. Não se trata de uma exaltação do feminino em detrimento do masculino numa data artificialmente estipulada, mas de um exame excêntrico do que torna a maternidade um evento tão singular. A contribuição biológica masculina ao processo é limitada, se comparada ao longo período da gestação, amamentação, criação. Em toda a natureza, somos os mamíferos mais despreparados ao nascer. Escapamos do útero solitários, incapazes de nos defender. A dependência dos bebês humanos comparativamente com todos os outros animais é assustadora.

E há também algo além nesta desproporção: mães costumam ter a virtude da ubiquidade. Não se trata do fenômeno físico da bilocação (segundo o famoso experimento de Schrodinger um átomo pode estar em dois lugares ao mesmo tempo). Refiro-me ao fato de elas podem atender demandas múltiplas simultaneamente – as vezes infinitas – de todos, incluindo maridos, geralmente marmanjos carentes. Estes desdobramentos requerem uma habilidade que ultrapassa a dos equilibristas de pratos. E não se trata apenas da jornada dupla, tripla ou quadrupla de mães as quais, além de tudo, são chefes de suas casas, mas de conseguir manter e estruturar a família como tal. São elas o epicentro dos encontros, das reuniões, geradoras da unidade congregacional. Sem elas, além da inexistência da raça, provavelmente não existiria o conceito de irmandade, “brotherhood”. Neste sentido, o papel da maternidade deveria inspirar nos homens menos ciúmes e mais inveja. São elas que fazem questão das egrégoras. A contraprova trágica é que quando as mães se vão, as festas e encontros costumam minguar. Pelo menos até que novas mães peguem o bastão e liderem novamente.

Maternidade também se refere a um estado de apego visceral que sem os devidos cuidados pode se transformar em um vínculo simbiótico. Mas notem que mesmo uma simbiose não exagerada pode ser uma vantagem biológica e existencial: o estado de conexão umbilical das mães permite a empatia inata. Gera o amor incondicional e imotivado. Isso é, ao contrário da condição paterna elas não precisam se esforçar para adorar um fragmento que por 9 meses provisórios foi parte das entranhas. Assim, a emancipação das filiações sempre será mais dolorosa e a distância mais sentida. Por isso, as mulheres a inveja primordial da condição masculina é uma invenção tola que só poderia ter saído da cabeça de homens ressentidos.

O que afinal se compara ao orgulho, e até a soberba de poder mimetizar a função do Criador?

Se um dia houver paz, agradeçam antecipadamente às mães que conceberam e conceberão  — mas também às postiças, as que não conseguiram, aquelas que saíram de cena prematuramente —  serão elas as mais interessadas em preservar o mundo para os filhos.                                                                                                           https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-ciencia-infusa-da-maternidade

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Substitute Horizons – Language Mutation III

05 quinta-feira maio 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

Substitute Horizons – Language Mutation III

Yon Hazikaron and Yon Haatzmaut

Paulo Rosenbaum

Contrary to the preaching of the revisionists, testimony and witnesses are the only irrefutable documents of history. We hear, here and now, whether we like it or not, admitting it or not, that the long march of intolerance still has its voice guaranteed. Inside and outside national states. It is in individuals, it is found in institutions. One of the proofs of this bitter repetition is the obsessive metaphor with an anti-Jewish and anti-Zionist content that has been taking over speeches and narratives.

Now, in order to justify an operation, the proportion of the executioner’s “Jewish blood” and its equivalences is invoked. The propaganda machine includes a gigantic lapse in critical analysis on the part of the media. And now he dares to blame the victim for the aggression, as the ex convicted candidate confirmed in an interview with a once expressive American magazine. It is not just about the reckless use of language that has taken on alarming contours. It is to make it the opposite of the work of building freedom and justice. It is the perversion of meanings and perhaps a crime against decent literature. Not that it should become prescriptive, but that it should refrain from associating itself with ideological and dated perfidy.

It seems to persuade life that errors like this rule as rules against exceptions. Going forward, the evil evocation issued by politicians and leaders is anchored in fear. So it has been when they exhort demonization. News that spreads in the same common air and with the same ghostly vigor. It insinuates itself, as in recent waves of pestilence, through an invisible and indecipherable energy, despite being embarrassingly palpable. It is found in the unpalatable mouth of the foreign ministers and in the not very courageous didactics of the West. The West whose neutrality bounces off victims to end up housed in the solidarity vest of decision-making offices. That finds in the strategic omission the same devastation of the cities opened in recent wars.

Now we’ve all learned. Language is a wild cradle. Which in wartime leaves only meaningless furrows. The accusations against Israel usually come from generalizations, organized by the language that plots and confuses. Despite the artificial polysemy that the term has recently taken on in the mouth of historical anti-Semitism, the real Nazis and their ideological accomplices still know how to use it like few others. They come as erratic swarms to spread fanatical pollination among uncritical flowers. “You’re the Nazis” became a kind of alibi slogan guaranteed to carry out the actions that typified the Third Reich.

What then would our substitute horizon be? The one we still, astonished, have not seen. One that will replace promises of annihilation with processes of integration. Our people, that is to say, no people who are not a majority will henceforth accept relative amendments. Nor will it accept unjustifiable deaths. Will not accept manipulated charges. Sometimes the weekly rest, the Shabbat, is not enough to guide the rest, nor the mourning to train suffering.

Our substitute horizon? Stay adrift? Surrender to the passage of a time that does not progress? Capitulate before the sea of injustices and foreseeable calamities? Without an enormous load of objection to the volume of attacks, the future would indicate a repetition of a tragedy of Shoah proportions . And how should we act? contemplative? Adopting stoic imperturbability? Under a slow and majestic tread slip between the orange tiles of Jerusalem? Or in the intermittence of a faith that oscillates between sunrise and sunset? Between an unknowable sea that will never be completely crossed?

What do you offer me horizon? Beyond Nothing, beyond the promises of posterity? Of cordial acceptance of an unchosen fate? Or will it be another one of the enigmas that no one dares to scrutinize? What does the horizon reveal to us? The inappropriate calm of meaningless days? Or the certainty that everything is just the same experiences with the protagonists taking turns?

What can horizon tell us? That we are a mere stage for your performance? Today the ashes of an unsuspecting shroud rain down on us. And it doesn’t just wet the exhausted Jews My father was in the same storm. as well as all ancestral generations, and seem to claim it.

It is no longer a matter of tomorrow, the trance has imposed itself today, violent as only invisibility can provide. Vulnerability is a naughty aftermath. Trance is imposed by an arbitrary absence, hostage to a plague.

I predict it will not be common ground, or a life of unmotivated joy. Rather, you will weave a web of ties to create the feeling of ending. But what they didn’t count on is this little imponderable. We don’t really know to whom the horizon belongs. To us, who without the pretense of alignments are cohesive?. I know that you are not an oracle, nor can or should predict what we lack.

And that’s why we suspect that the fusion of horizons is just a chimera if the plumb isn’t laid out on flat ground. A fictional ending for those who expected reality. Why then does it still haunt us with hope, horizon? With expectations that will never arise and with promises betrayed by reality?

If I could risk it, I would answer that our vision has incorporated you without understanding what the big picture means. The one that will remove us from the vulgarity of common sense to show us a brand new belonging.

Without parties, without rigid foundations, in a malleable horizon that interposes its protection column. Which simply miraculously separates the tyrants from the righteous.

Elected, this would be the substitute horizon: who knows how we would know the spherical meaning of the word shalom?

That under sirens, or violins, your 74th anniversary of existence be like this!

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/os-horizontes-substitutos/

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Horizontes Substitutos – Mutação da linguagem III (Blog Estadão)

04 quarta-feira maio 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

Horizontes Substitutos – Mutação da linguagem III

Yon Hazikaron e Yon Haatzmaut

Paulo Rosenbaum

Ao contrário da pregação dos revisionistas o testemunho e as testemunhas são os únicos documentos irrefutáveis da história. Escutamos, aqui e agora,  desejando ou não, admitindo ou não, que a longa marcha da intolerância ainda tem sua voz garantida. Dentro e fora dos Estados Nacionais. Está nos indivíduos, encontra-se nas instituições. Uma das provas deste amarga repetição é a metáfora obsedante de teor anti judaico e anti sionista que vem tomando conta dos discursos e das narrativas.

Ora, agora para justificar uma operação evoca-se a proporção de “sangue judeu” do carrasco e suas equivalências. A máquina de propaganda inclui um gigantesco lapso de análise crítica por parte da mídia. E agora ousa culpabilizar a vítima pela agressão como confirmou o candidato em entrevista à uma revista americana outrora expressiva. Não se trata apenas do uso temerário da linguagem que vem assumindo contornos alarmantes. É torná-la o avesso do trabalho de construção da liberdade e da justiça. É a perversão dos significados e quiçá um crime contra a literatura decente. Não que ela deva tornar-se prescritiva, mas deveria abster-se de associar-se à perfídia ideológica e datada.

Parece persuadir a vida que erros assim vigorem como regras contra acertos de exceção. Indo adiante, a evocação maligna emitida por políticos e líderes ancora-se no medo. Assim tem sido quando exortam a demonização. Notícias que espalham-se nos mesmos ares comuns e com o mesmo vigor fantasmagórico. Insinua-se, como nos recentes ondas de pestilência, através de uma energia invisível e indecifrável, a despeito de ser constrangedoramente palpável. Encontra-se na intragável boca dos chanceleres do oriente e na didática pouco corajosa do ocidente. O ocidente cuja neutralidade ricocheteia nas vítimas para terminar alojada no colete à prova de solidariedade dos gabinetes decisórios. Que encontra na estratégica omissão as mesmas devastações das cidades abertas em guerras recentes.

Agora já aprendemos, todos. A linguagem é um berço selvagem. Que em tempos bélicos deixa apenas sulcos sem sentido. As acusações contra Israel costumam vir das generalizações, organizadas pela língua que trama e confunde. Apesar da polissemia artificial que o termo vem assumindo recentemente na boca do antissemitismo histórico, os verdadeiros nazistas e seus cúmplices ideológicos  ainda sabem instrumentaliza-lo como poucos. Eles vem como enxames erráticos para disseminar uma polinização fanática entre flores acríticas. “Vocês é que são nazistas” tornou-se uma espécie de slogan-álibi garantido para praticar as ações que tipificaram o III Reich.

Qual seria então o nosso horizonte substituto? Aquele que ainda, atônitos, não vimos. Aquele que substituirá as promessas de aniquilação por processos de integração. Nosso povo, vale dizer nenhum povo que não seja maioria aceitará doravante emendas relativas. Tampouco aceitará mortes injustificáveis. Não acatará imputações manipuladas. As vezes, o descanso semanal, o Shabat, não basta para pautar o descanso, nem o luto para treinar o sofrimento.

Nosso horizonte substituto? Ficar à deriva? Render-se à passagem de um tempo que não progride? Capitular diante do mar de injustiças e das calamidades previsíveis? Sem uma enorme carga de objeção ao volume de ataques, o futuro indicaria a repetição de uma tragédia de proporções da Shoah. E como devemos agir? Contemplativos?  Adotando a imperturbabilidade estoica? Sob um andar lento e majestoso deslizar entre os ladrilhos alaranjados de Jerusalém? Ou nas intermitências de uma fé que oscila entre o nascer e o por do sol? Entre um mar incognoscível que nunca será completamente atravessado?

O que me ofereces horizonte? Além de Nada, além das promessas de posteridade? De aceitação cordial de um destino não escolhido? Ou será mais um dos enigmas que ninguém ousa perscrutar? O que nos desvela horizonte? A calma inapropriada de dias sem sentido? Ou a certeza de que tudo não passa das mesmíssimas experiências com revezamento dos protagonistas?

O que pode nos dizer horizonte? Que somos um mero palco para tua atuação? Hoje as cinzas de uma mortalha desavisada chovem sobre nós. E não molha só os exauridos judeus  Meu pai estava na mesma tempestade. assim como todas as gerações ancestrais, e parecem reivindica-la.

Não se trata mais de um amanhã, o transe se impôs hoje, violento como só a invisibilidade pode proporcionar. A vulnerabilidade é uma sequela impertinente. O transe se impõe por uma ausência arbitrária, refém de uma peste.

Prevejo que não será um solo comum, ou uma vida de alegrias imotivadas. Antes, tu tecerás uma rede de amarras para criar a sensação de fim. Mas o que eles não contavam é com este pequeno imponderável. Não sabemos bem a quem pertence o horizonte. A nós, que sem a pretensão de alinhamentos estamos coesos?. Sei que não és oráculo, nem pode ou deves predizer o que nos falta.

E por isso suspeitamos que a fusão de horizontes não passe de uma quimera se o prumo não estiver disposto em solo plano. Um desfecho de ficção para quem esperava realidade. Por que então ainda nos acossa com esperança, horizonte? Com expectativas que jamais surgirão e com promessas traídas pela realidade?

Se pudesse arriscar responderia que nossa visão te incorporou sem entender bem o que significa o grande panorama. Aquele que nos retirará da vulgaridade do senso comum para nos mostrar um novíssimo pertencimento.

Sem partidos, sem fundamentos rígidos, num horizonte maleável que interponha sua coluna de proteção. Que simplesmente separa milagrosamente os tiranos dos justos.

Eleito, seria este o horizonte substituto: quem sabe assim conheceríamos o sentido esférico da palavra shalom?

Que sob sirenes, ou violinos, teu aniversário de 74 anos de existência seja assim!

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/os-horizontes-substitutos/

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Insignificâncias do mal (Blog Estadão)

29 sexta-feira abr 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/insignificancias-do-mal/

Paulo Rosenbaum

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/insignificancias-do-mal/

Hannah Arendt, vista por sua criadora 

A Coragem moral de Hannah Arendt

‘Hannah Arendt’, o filme de Von Trotta

        

                 

Insignificâncias do mal

Dezenas de artigos, análises e conversas de rua depois, o filme de Margarethe Von Trotta sobre a filósofa Hannah Arendt, ainda não foi devidamente esmiuçado. O filme é cinematograficamente bom sob a presença cênica de Barbara Sukowa impecável no papel principal. O acerto está também na inserção de trechos originais dos debates que representaram uma das batalhas jurídicas essenciais para a compreensão do século XX. Mesmo assim, as vicissitudes superam as virtudes deste longa metragem.

A impressão que fica é que não se executou uma obra da sétima arte, mas defesa de tese com recursos filmográficos. A diretora e a roteirista, Pam Katz, parecem ter privilegiado um enfoque que, além de vez por outra lançar condenações veladas ao sionismo, buscaram expurgar a ansiedade de consciência…

Ver o post original 822 mais palavras

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Da Resistência do Gueto De Varsóvia

29 sexta-feira abr 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa, Na Mídia

≈ Deixe um comentário

Da Resistência do Gueto à Marcha da Vida

Paulo Rosenbaum

23 de abril de 2017 | 17h24

“Da Resistência do Gueto à Marcha da Vida”

Hoje, 19 de abril de 1943, consegui chegar até a rua de Mila, entrar e sair do bunker. A New Olimpik parecia estar vazia. Acabaram de decretar o esvaziamento do Gueto. Naquele momento já sabíamos o conteúdo do decreto e da ordem executiva: “extermínio completo”. Dos 450 mil iniciais restavam 35.000 pessoas. Mas, nas últimas horas, reinava uma estranha paz, nenhum soldado. Nenhum blindado. Apenas as ruínas de sempre, ofuscadas por uma ou outra rajada de fuzil e morteiros, ou, gritos fracos de fome e pedidos inúteis de ajuda. Sabia que a vingança estava à espreita. O comandante não aceitava e ficou incrédulo com a ideia de que um grupelho de miseráveis, famintos e sem recursos ousasse uma insurgência. Resistimos mais dias do que Paris e o exército polonês. Foram 27 contando hoje. Sorri sozinho pensando na cara de espanto da SS e o impacto da notícia em Berlim. Sentei apoiado no beco, entre as duas esquinas, e, pela primeira vez desde que começamos a resistir, deitei a pistola no chão. Resistir para que? Para que o massacre promova suas festas logo adiante? Foi quando o vi o pelotão nazista com um cordão de condenados. No meio da fila lá estava ele. Pequeno, com a boina quase caída. Com as mãos para cima olhava buscando algum tipo de pedagogia, sem imaginar que nenhum adulto poderia lhe oferecer resposta alguma. Neste caso garoto, respondi mentalmente, “existem mais perguntas do que respostas”.

Mentalizei algumas de suas perguntas “Como isso pode acontecer?” “É daqueles sonhos que sentimos alegria ao acordar?”

Eu me espremi contra o muro para não ser visto, esperando uma chance para uma última intervenção. Deveria agir? Preservar minha vida ou ser o herói que ninguém lembraria? As dúvidas diminuem muito quando você sabe que está condenado. Apenas aguardaria o embarque na estação daquelas pessoas e morreria levando um punhado de alemães comigo. Foi uma explosão que interrompeu minhas dúvidas. Acordei numa vala fora de Varsóvia e sobrevivi com a ajuda da resistência polonesa. Foi a última vez que vi aquele garoto de não mais do que 12 anos. Hoje, 74 anos depois, eu, como um dos poucos sobreviventes do evento que foi conhecido como “Levante do Gueto de Varsóvia” fui convidado a visitar o campo de concentração de Auschwitz. Sempre recusei vir, hoje não. Tinha preparado um discurso, mas, na hora, recitei uma poesia achada enfiada às pressas na parede de uma das casas do Gueto, presente de um amigo da resistência polonesa.

Com a tinta azul quase apagada em uma folha amarela, estava escrita em polonês e dizia o seguinte

“Varsóvia, 19 de abril de 1943

podemos sentir,

mesmo que nenhuma folha

voe, e passe para além destes portões.

a árvore central viverá,

pois não está suspensa

formou raízes nos asfaltos,

nas pedras e nas cidades

nas cabeças do mundo

nós voaremos como vento, ar, fumaça,

e iremos ter com o Alto

com a certeza de que mesmo

que silenciem diante de todas as perguntas

e mesmo no pó que tentaram nos transformar

a resposta, solene, será permanecer

eu ri,

e se me perguntassem por que

diria que eles nem imaginam nosso segredo,

a árvore da vida é mais teimosa

do que os campos da morte”

Hoje, neste dia no qual homenageamos as vítimas do holocausto venho aqui dar meu depoimento como um dos últimos sobreviventes vivos do holocausto. Quero convocar jovens de todo mundo, de todas as etnias, raças e religiões a visitar este lugar. Recentemente uma estudante de direito, que identificarei apenas como “MCM” que participou de uma visita à Auschwitz me enviou a seguinte mensagem emocionante, foi ela que me convenceu aceitar este convite:

“Tive a oportunidade de visitar Auschwitz quando tinha 16 anos. Fui a Auschwitz, fazendo parte de uma iniciativa de um grupo chamado Holocaust Educational Trust, que da a alguns jovens de toda a Inglaterra a oportunidade de fazer essa visita. O princípio do Holocaust Educational Trust, com o que eu concordo plenamente, é que ver não é como escutar; é mais. Durante a visita fomos ao Auschwitz I, e ao Auschwitz II. Primeiro, visitamos ao Auschwitz I, que é o campo original, e o menor dos dois, construído para prisioneiros políticos que é formado de 22 prédios  nos quais, hoje, pode se ver roupas; malas; brinquedos e cabelos cortados das vítimas. Depois fomos ao Auschwitz II, o maior campo de extermínio onde morreram mais de um milhão de pessoas em menos de 5 anos. Conhecer os fatos antes de ir já era inacreditável e horrível mas nunca eu achei que ia ver, sentir e entrar em contato com um evento histórico que me afetaria tanto como nessa visita. O impacto que essa visita teve sobre mim foi extraordinário. Primeiro porque foi educativo; me ensinou detalhes e me vez aprender de uma maneira que livros não ensinam. Segundo, e o que eu dou mais valor, foi que essa visita teve um impacto existencial e emocional.  Teve uma foto especificamente de duas meninas de não mais de 10/11 anos de idade; irmãs talvez. As duas me lembraram de mim e da minha irmã. Até hoje quando lembro disso, e mesmo escrevendo isso, lágrimas enchem os meus olhos porque não somos tão diferentes daqueles que morreram nos campos de concentração. A vida que aquelas pessoas viveram é algo que eu não consigo imaginar e uma realidade que depois da visita virou uma das mais difíceis de lembrar e uma importante experiência de vida. Hoje eu sou uma advogada, qualificada na Inglaterra. Devido às várias experiências da minha vida, incluindo essa visita a Auschwitz, uma das minhas metas profissionalmente e pessoalmente é ter certeza de que o que aconteceu em 1940 nos campos de concentração de Auschwitz nunca aconteça de novo. Eu sei que não é tão fácil assim mas eu acredito que abrir os olhos e não só saber os fatos mas entender o que a vida era para aqueles que sofreram e morreram ensina algo que livros não conseguem ensinar. Abrem os olhos aos pequenos atos que podemos fazer e ao que podemos prestar atenção para que isso não aconteça de novo. Mas não quer dizer que todos que foram comigo foram afetados da mesma maneira ou tem as mesmas metas que esta experiência inspirou em mim, mas mesmo assim tenho certeza que são pessoas que não veem o que aconteceu  entre 1940 e 1945 como um fato histórico apenas, mas sim como uma parte de todos nós como seres humanos ; algo que não só afeta aos que morreram mas aos que estão vivos hoje. O que aconteceu nos ensina e abre os nossos olhos para a nossa realidade de aqui e agora.”

Este depoimento da jovem adolescente brasileira resume muito a relevância deste tipo de iniciativa. Quem participa da “Marcha da Vida” adquire ao menos uma experiência: no final da caminhada temos a certeza de que juntos precisamos prestigiar este monumento à prevenção de “Amanhãs de erros antigos”.  A “Marcha da Vida” — um contraponto à Marcha da Morte promovida pelos nazistas — não é só um símbolo ativo do slogan “Nunca mais”, ela é a afirmação de que a vida pode ser sustentada mesmo contra todas as evidencias da razão. Não se enganem, o lugar é sinistro, é um sítio histórico e, ao mesmo tempo, um dos mais vergonhosos e dolorosos para a humanidade, Um campo de concentração não pode nos ajudar a dar qualquer resposta à perplexidade — por exemplo daquele garoto nunca identificado cuja face me assombra até hoje — apenas nos coloca bem ao lado dele para tentar acordar do sono que nos envenenou. Esta é a única homenagem possível à memória das vítimas do holocausto nazista.

No mundo todo escolas judaicas e não judaicas organizam anualmente viagens de estudantes para visitar este lugar. O “Holocaust Educational Trust” estimula e aceita qualquer pessoa que queira colaborar neste trabalho com doações ou trabalho voluntário. A ideia é que aqui no Brasil nasça uma iniciativa similar. Só há um objetivo geral:  estimular a tolerância e o convívio pacífico entre os povos. Fica a sugestão para aqueles que desejam colaborar subsidiando visitas de adolescentes ou adultos para esta viagem. Se há um objetivo específico? Sim, e só pode ser descoberto por cada um.

Tudo o que sabemos sobre:

Marcha da vidadia das vítimas do holocaustoo holocausto ainda te incomoda?Da Resistencia do Gueto à Marcha da Vidablog conto de notíciasmomumento a prevenção de amanhã de erros antigosGueto de Varsóviashoahmemória das vítimas do holocaustoyom hashoahHolocaust Educational Trust

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Episteme Issue – Blog Estadão

Destacado

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Na Mídia, Pesquisa médica, Prática clínica

≈ Deixe um comentário

Episteme issue.

Paulo Rosenbaum, PhD.

Master in Preventive Medicine, Doctor of Science from USP

“Life is the set of factors that resist death”

Bichat, 1829

“The usual substantialist intuition is, in a
certain way, contradicted by the existence of homeopathy. In fact, in its formative, that is to say in its pure form, substantialist intuition claims that a substance acts proportionally to its mass, at least up to a certain limit. It is admitted that there are light doses, the excess of which produces disturbances. But it is not easy to admit the effectiveness of extreme dilutions administered by homeopaths. As long as the medical substance is considered as a quantitative reality, it is not easy to understand a substantial action that occurs, in some way, in inverse ratio of quantity.”

Gaston Bachelard – Dialectics of Duration

Homeopathy, and therefore all integrative medicines, has been ostensibly questioned. Would they be unscientific practices? Do they have a research program or not? Do they show empirical results from a clinical point of view? Are they plausible from a biological point of view?

For all this has been discussed in the media with a single catch: the monopoly of a shrill voice. For some years now, the microbiologist who heads the entity “Questão de Ciência” has been raising these and other questions. Some with some relevance. However, in his recent column in the newspaper “O Globo” he proved to be erratic and made a serious mistake. The bias of scientific prejudgment: it peremptorily answers all the questions it raises. Now, this is simply incompatible with reflection, especially for critical thinking, as one of the central characteristics of epistemology is well known.

Immersed in the anachronism of a typical dispute that goes back to the 19th century in the 21st century, it resurrects a polemic that we believed had overcome. Would it lack the fundamental intellectual opening: the possibility that its hypothesis is wrong? After all, as everyone should know, good scientific practice presents doubt and curiosity as essential. Science often has more questions than answers.

Dynamic processes of illness and healing

Life is inherent in vital processes. What defines the processes are some characteristics: every process is dynamic. Processes are made up of non-linear sequences of events. The process tends to produce normativity, but there is often a good deal of unpredictability until it comes to an end. If health is, as Aristotle wanted, an unstable equilibrium, it requires that the scientist or those who study biological processes dedicate themselves to the study of rhythms, also called the analysis of organic rhythm, and pay attention to vital phenomena.

This is what integrative medicines propose. Not only homeopathy with its supposedly enigmatic infinitesimal doses, but also the clinical interferences that are not limited exclusively by the field of biochemistry, but must be complemented by studies of biophysics, bioelectromagnetic fields, the information that subsists in ultra-molecular solutions ( Buck -balls or fullerenes ), and finally on the rapport effect resulting from the doctor-patient relationship. Here’s another excerpt from Gaston Bachelard:

“Moreover, there is nothing to prevent a homeopathic substance, having
taken the form of pure vibration, from being reconstituted in the form of substance. substances would perhaps quite simply trigger natural biological vibrations. It would also be explained that the ultra-diluted dose is preserved
more
fully than a massive dose because it can be restored.
it loses less easily than gross
and inert matter.”

Anyone who reduces homeopathy to minimal doses is wrong, it adopts another system of understanding and evaluating symptoms. Extends the healing criteria. It considers that each one has a personal way of convalescing and regaining lost health. So also concludes the Nobel Prize in medicine and discoverer of the AIDS virus, Luc Montaigner, who was surprised by the findings when he investigated the action of ultra-molecular drugs.

Ultra-molecular doses

If science still does not have the means to test such substances and elucidate them, this does not mean that they “are nothing” (sic) as the microbiologist and her team have categorically stated to resigned journalists, but only that the detection of these substances still requires a study that explains the phenomena induced in vivo (in living beings) and in vitro (in laboratory studies).

This means that there is evidence of the phenomenon even without a consensual and formal explanation that justifies it. Scientific skepticism is desirable and healthy, as long as the spirit of inquiry is not clouded by convictions that mimic dogmas. Axioms and prejudices that perniciously replace intellectual objectivity.

And it seems that the smartest response to suffering may not be just progressive doses of psychotropic drugs. It should be added that it is still not understood exactly how practices such as Yoga, psychotherapeutic techniques, meditation, massage therapy work, but they produce undeniably favorable results for many people who resort to them.

Drug experimenters in this pathogenic process (one of the elements of the hard core of the episteme), reveal their symptoms by anticipating – in modified physiological states – their nosological predispositions. So what happens? We anticipate our pathological potential. We organize our preconceived nosological potential more quickly and efficiently. We can observe these phenomena using one of the most consistent tools in the episteme that guides the methodology: the so-called pathogenesis (experimentation of ultra-diluted medicinal substances). Many are probably unaware of these elements when they are willing to judge what to make of homeopathic practice. It is surprising how many insist on not taking into account these phenomena that may have reproducibility. Here is an experiment, easy to demonstrate with double or triple blind crossover. And it remains accessible to anyone, from hardened skeptics to fanatical enthusiasts.

Let those who think with horror of experiments not be terrified, because the induction of symptoms can happen with any traditional medicine and with any non-iatrogenic vicissitudes. And it is essential to remember the empiricist origin of medicine. Not forgetting to mention that there are only 10 drugs with 1A certification (that is, with proof of very high efficacy) according to the most recent scientific papers.

Health and illness: a medicine situated between art and science

Situated between art and science, is the medicine of the subject – a medicine of the specifically human – a viable proposal as an effective clinical care?

It is from this perspective that the issues of health and illness should be addressed. As the epistemologist Karl Rothschuld explained, medicine is and always will be “operative science”, that is, it will always demand some artistic skill from the one who applies it – in the “artisanal” sense – because it cannot be reduced to pure science. Each integrative medicine adopts an interpretive system that is not limited to a special pharmacology.

If Hippocrates, the inventor of scientific medicine for having invented clinical history, a legacy that continues to this day – also known as the “Hippocratic school” – still has something to offer modern humans, it is that the health-disease binomial needs be understood within a context: the ananke physeos . Some epistemologists opt for the term translated “need of nature”. Now, why would illness be necessary? If pathology is a necessity of nature, it must serve something, that is to say, have a biological purpose. It has a meaning. It is not a matter of defending a teleology of diseases, but of verifying that it exists. Thus, we live in a battle between genomic and phenotypic patterns and the interference of the environment. All in almost random combinations that pressure us throughout our existences . Preserving health and preventing illness derive from these combinations.

At this point in contemporary history the main question should be: “ Is there a future for the medicine of the subject?” Probably the greatest contribution of medicine with a vitalist tradition to medicine.

Giving a new meaning to the tradition of integrative medicine, heir to a less mechanical conception of the subject, is to put it in contact with the main currents of contemporary thought, from epidemiology to philosophy, creating the opportunity for this medicine to be understood by current thinkers. . And have equal opportunity to be taught in health science schools with the same status as standard knowledge.

It could be summarized as follows: health — as Hans G. Gadamer thought is a mystery — pathology is not. In other words, the probabilistic chances of losing self-regulating homeostasis must be infinitely greater than maintaining health. There is an enigma whose elucidation is precisely the role of the researcher, who, in order to be successful, must be open to the counterintuitive, that is, to find proof of his hypothetical test (thesis) as well as unexpected and even contradictory answers to his initial assumptions.

Intuitive methods in nature and shock organ deviation

Organisms such as small rodents usually know they need artificial fever and bury themselves in hot sand when affected by infectious processes to better fight them. The inevitable question would be: how do they know they are sick and what do they need to overcome it? How do they know what they need to recover? In humans, other curious phenomena such as “pica”: the violent desire to ingest normally inedible products: earth in those suffering from iron deficiency anemia, hardened paint shell for those who have calcium deficiency, burnt wood or animal bones for other vitamin deficiencies or minerals.

Phenomena that can only be understood through the moment and clinical experience. An anguished subject with phobic neurosis migrates from the anxiety drive to a certain well-being when he becomes feverish, or while developing a sinus disease. Aspects that become more evident when an exonerative function, — one that aims to produce and eliminate secretions — is in progress. Clinicians can better understand and evaluate such processes than researchers for two reasons: because they are directly linked to the individual history of each patient and because they have a more systemic and integrated view of nature’s cycles.

The neuropathologist Prof. Walter E. Maffei stated that, in his vast clinical experience and in the autopsies he conducted, he had never seen a single chronic mental patient in a psychiatric hospital present a case of bronchial pneumonia as a cause of death . This is apparently counterintuitive, as he himself emphasized when he was the clinical director of Juqueri for more than five decades. Malnourished people usually have lung pathology as the end point of their existence, but this seemed not to be the case when it came to the chronically mentally ill. The pathologist relied on the old but very pertinent “shock organ bypass” theory. When a disease “migrates” from an anatomical region or organ system to a more superficial one, producing relief for the patient.

For this reason, even certain concepts and clinical approaches cannot be reduced to laboratory results or searched only by Magnetic Nuclear Resonance images. This does not mean that they are not verifiable clinical phenomena, only that we still do not have the tools to fully understand them. If only 1% of the funds earmarked for research could be made available to investigate the mechanism of action of infinitesimal drugs and other experimental drugs, we might have a different picture. And then we could decide the impact that the adoption or rejection of these therapies would have as a preventive policy and resources for health.

We must admit the complexity in order to reach a consensus on which field medicine should embrace to care and cure, especially when it comes to the aforementioned primary health care. The inevitable question: how can we still be deceived by evidence that is limited to the control of pathologies without taking into account the subjective and general substrate of sick patients? To use an expression from Edgar Morin, the complexity often hailed or evoked as a solution is much more – as I emphasized before – a problem concept than a solution concept.

The ethical rescue of the subject

The evidence must also be produced in the ontological turn of modernity, which is in the ethical rescue of the subject. That is, there are other conceptual dignities in science that are not limited to quantitative clinical trials. Studies such as quality of life health questionnaires, psychometric tests, assessment of people’s well-being are as relevant as the degree of efficiency of drugs on nosological entities.

This would be the relevant discussion, whether for advocates or critics of integrative practices. Without it, in fact, everything that escapes the mainstream of standard science , looks like nonsense or Manichean objection/praise. On the other hand, it is not up to those who practice these therapies to do the same with the reversed sign: surrender to the partisan defense, enunciate the therapeutic monopoly, crystallize the accumulated knowledge as a lifetime monument.

The return of the generalist and the resumption of primary health care

So what is the best way to evaluate the effectiveness of the clinic practiced by homeopathy and other forms of integrative medicine? Firstly, to identify the referential system that guides semiology, in this case aimed at justifying a medicine that must include the subject. To show that it makes sense to seek to capture the biological, affective and mental aspects of “being a sufferer”. Not only detecting characteristic and unique traits in each sick person, but capturing the context and circumstances that mutually elucidate mind-middle-body-drugs. This set would already show that it is a phenotechnic. Which only makes sense if the subject is reinserted into another system of medical notation, without competing and never dispensing with other approaches to contemporary medicine. Incorporate all available techno-scientific procedures with rationality, but at the same time refuse the arbitrary separation imposed by the excess of specialties.

Each disease follows a different course and presents itself differently in each person and there is already very concrete evidence in this regard. Medicine should not expunge the subjective state as a legitimate objective of its intervention, or delegate it to specialists. And at the height of scientism it was imagined that the status of pathology could be confined exclusively to somatic injury. But the clamor for more comprehensive care persisted. Experts are needed, but generalists need to be a priority. It was in spite of people’s needs that the division between mind and body split the medical art. And its reunification would be the regeneration and rescue of the general practitioner and the family doctor.

Thus, the subject from the perspective of medical anthropology will approach psychotherapeutic practices if it includes the figure of the doctor, that is, they are trained in a more generous anamnesis and understand the transference, in the expression and construction of language, narratives and their Meanings.

The suspicion that the pathology contains or is contained in a dysfunctional substrate with mental distress remains a challenge for even the most scientistic of clinicians. Substrate that needs to be embraced and not expunged as “pseudoscience” or “unscientific” (sic). This deserves the utmost attention for those who dedicate themselves to a serious investigation that goes beyond the stands of common sense. It can no longer be ignored by any attentive clinician. By anyone who understands science in a broader dimension than reductionism insists on extolling.

Illness, malaise, suffering, quality of life and beyond psychopharmacology

I quote the famous definition of the French physician, founders of histology, Xavier Bichat “life is the set of factors that resist death” (Bichat, 1829). But there is also the following possible development: life is born under the sign of mortality, a tension that remains active and accompanies us until our last days.

Getting sick is not just the existence of malaise, but also not recognizing the co-authorship of the symptoms; or simply to attribute the pathology to some exclusively exogenous agent. After all, being an agent of oneself means immediately recovering the horizon of self-care and increasing the acuity of attention to life. The health-disease process is, even in the opinion of some, a struggle. Struggle between health and illness and, therefore, between life and death and even resignation and ambition.

This means more or less the following: can we say that suffering is disease? We may or may not call this destructive ancestral force a miasma, a virus, a half-plague, or any other name. If suffering is inherent to gender, what are the limits for considering it a disease? What if we understand suffering not as a penitential state, but as a more or less important inability to dedicate oneself to self-care?

Pathologies are not, in Lain Entraldo’s understanding, “localized”, they are not limited to a single place. When well investigated, one can see how they permeate the entire economy of the subject. They are ingrained along with other symptoms that may be older or more recent. In other words, despite appearances, the disease is always systemic. First the illness (illness) and then the disease itself (disease) To dismantle it, therefore, it is necessary to see the complete map of the affected organism, as well as the environmental circumstances.

Anguish can be beneficial, as well as depression, as long as it is recreating or regenerating. It can be a melancholy trait to the point of being just another item in the vast existential load. But it can determine the course of pathology.

One of the central questions of medicine has been underestimated and seems purposefully absent from many contemporary epistemological discussions. The advance of technoscience in the production of pharmaceutical ingredients has brought impressive advances in the areas of immunizations, prostheses and orthoses, rehabilitation, associated with the growing – and welcome – sophistication of diagnostics. These advances, however, simultaneously produced a harmful side effect: overdiagnosis. Just as it wrongly displaced almost all issues related to mental suffering and the individualization of symptoms from medicine. Having said that, we ask how can medical practices re-incorporate and deal with the subjectivity of each patient?

As a rule, the solution has been to refer these patients to the systematic use of psychotropic drugs. But the solution may not lie in training general practitioners to administer psychiatric drugs. The reference to the euphemism called “re-humanization of medicine” may be in taking another approach, such as, for example, rescuing an anthropological perspective for medicine regardless of the medical method adopted.

Instead of therapeutic tournaments or media histrionics these would be the issues that really interest society.

I invite readers to this reflection: it is not an opinion, it is a question of episteme.

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-insubstantialidade-eo-nada-questao-de-episteme/

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

A insubstancialidade e o nada: Questão de episteme. (Blog Estadão)

Destacado

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 2 Comentários

Questão de episteme. 

A insubstancialidade e o nada: questão de episteme.

Paulo Rosenbaum, PhD.

Mestre em Medicina Preventiva, Doutor em Ciências pela USP

“A vida é o conjunto de fatores que resistem à morte”

Bichat, 1829

“A intuição substancialista habitual é antes de mais contradita, de
certo modo, pela existência da homeopatia. Com efeito, na sua forma
ingênua, quer dizer na sua forma pura, a intuição substancialista pretende
que uma substância atue proporcionalmente à sua massa, pelo menos
até certo limite. Admite-se que haja doses ligeiras cujo excesso produza
perturbações. Mas não se chega facilmente a admitir uma eficácia
das diluições extremas administradas pelos homeopatas. Enquanto se
considerar a substância médica como uma realidade quantitativa, não
se compreenderá facilmente uma ação substancial que ocorra, de
algum modo, em razão inversa da quantidade.”

Gaston Bachelard – Dialética da Duração

A homeopatia, e, por conseguinte, todas as medicinas integrativas tem sido ostensivamente questionadas. Seriam práticas não científicas? Apresentam ou não um programa de pesquisas? Mostram resultados empíricos do ponto de vista clínico? São plausíveis do ponto de vista biológico?

Pois tudo isso tem sido discutido na mídia com um único porém: o monopólio de uma voz estridente. Há alguns anos a microbiologista que comanda a entidade “Questão de Ciência” tem levantado estas e outras questões. Algumas com alguma pertinência. Porém, em sua recente coluna no jornal “O Globo” mostrou-se errática e incorreu em uma falha grave. O viés do prejulgamento científico: ela mesmo responde de forma peremptória todas as indagações que levanta. Ora, isso é simplesmente incompatível com a reflexão, especialmente para o pensamento crítico, como se sabe uma das características fulcrais da epistemologia.

Mergulhada no anacronismo de uma disputa típica que remonta ao século XIX em pleno XXI,  ela ressuscita uma polêmica que acreditávamos superada. Faltaria a ela a abertura intelectual fundamental: a possibilidade de que sua hipótese esteja equivocada? Afinal, como todos deveriam saber, a boa prática científica apresenta a dúvida e a curiosidade como essenciais. A ciência costuma ter mais perguntas do que respostas.

Processos dinâmicos da doença e da cura

A vida é inerente aos processos vitais. O que define os processos são algumas características: todo processo é dinâmico. Os processos são constituídos por sequências não lineares de eventos. O processo tende a produzir normatividade, mas, muitas vezes, até que esta chegue a termo há uma boa dose de imprevisibilidade. Se a saúde é, como queria Aristóteles, equilíbrio instável, ela exige que o cientista ou os estudiosos dos processos biológicos dediquem-se ao estudo dos ritmos, também chamados de análise do ritmo orgânico, e fiquem atentos aos fenômenos vitais.

Isso é o que as medicinas integrativas propõem. Não só a homeopatia com suas supostamente enigmáticas doses infinitesimais, mas também as interferências clínicas que não estão delimitadas exclusivamente pelo campo da bioquímica, mas devem ser complementadas por estudos de biofísica, dos campos bioeletromagnéticos, da informação que subsiste nas soluções ultra-moleculares (Buck-balls ou fulerenos), e finalmente no efeito rapport resultante da relação médico-paciente. Fiquemos com mais um trecho de Gaston Bachelard:

“Nada se opõe, aliás, a que uma substância homeopática, tendo
tomado a forma de pura vibração, seja reconstituída em seguida sob
forma de substância. Há, com efeito, exata reversibilidade da matéria
à ondulação e da ondulação à matéria. O papel da micro-substância
seria talvez muito simplesmente desencadear vibrações biológicas
naturais. Explicar-se-ia também que a dose ultradiluída se conserve
mais integralmente que uma dose maciça porquanto pode restituir-se.
Chegar-se-ia este paradoxo de que o infinitamente pequeno bem estruturado
e bem ritmado se perde menos facilmente que a matéria grosseira
e inerte.”

Engana-se quem reduz a homeopatia às doses mínimas, ela adota um outro sistema de compreensão e valoração dos sintomas. Amplia os critérios de cura. Considera que cada um tem uma forma pessoal de convalescer e readquirir a saúde perdida. Assim também conclui o prêmio Nobel de medicina e descobridor do vírus da AIDS, Luc Montaigner, que se surpreendeu com os achados quando investigou a ação de fármacos ultra-moleculares.

Doses ultra-moleculares

Se a ciência ainda não dispõe de meios para testar tais substâncias  e elucida-las isso não significa que “sejam nada” (sic) como vem afirmando categoricamente a microbiologista e sua equipe para jornalistas resignados, mas apenas que a detecção destas substâncias ainda prescindem de um estudo que explique os fenômenos induzidos in vivo (nos seres vivos) e in vitro (em estudos de laboratório).

Isso significa que existem evidencias do fenômeno mesmo sem uma explicação consensual e formal que os justifique. O ceticismo científico é desejável e salutar, desde que o espírito de investigação não seja obnubilado por convicções que mimetizam dogmas. Axiomas e preconceitos que substituem perniciosamente a objetividade intelectual.

E parece que a resposta mais inteligente ao sofrimento pode não ser apenas doses progressivas de psicofármacos. Acrescente-se que ainda não se compreende exatamente como práticas como Yoga, técnicas psicoterápicas, meditação, massoterapia funcionam, mas elas produzem inegáveis resultados favoráveis para muitas pessoas que a elas recorrem.

Os experimentadores de drogas neste processo patogenético (um dos elementos do núcleo duro da episteme), revelam seus sintomas antecipando – em estados fisiológicos modificados – suas predisposições nosológicas. Então o que acontece? Antecipamos nosso potencial patológico. Organizamos nosso potencial nosológico de forma mais rápida e eficiente. Podemos observar esses fenômenos usando uma das ferramentas mais consistentes na episteme que guia a metodologia:  as assim chamadas patogenesias (experimentação metódica das substâncias medicinais ultra-diluídas). Muitos provavelmente desconhecem estes elementos quando se dispõem a julgar o que fazer da prática homeopática.  É surpreendente quantos insistem em não levar em consideração esses fenômenos que podem apresentam reprodutibilidade verificável. Eis um experimento, fácil de demonstrar com duplo ou triplo cego cruzado. E permanece acessível a qualquer um, dos refratários céticos aos entusiastas fanáticos.

Que não se apavore quem pensa com horror nas experimentações, pois a indução de sintomas pode acontecer com qualquer medicamento tradicional e com quaisquer vicissitudes não iatrogênicas. E é essencial lembrar da origem empirista da medicina. Sem esquecer de mencionar que existem apenas 10 medicamentos com certificação 1A (ou seja, com comprovação de altíssima eficácia) de acordo com os mais recentes papers científicos.

Saúde e enfermidade: uma medicina situada entre arte e ciência

Situada entre a arte e a ciência, a medicina do sujeito – uma medicina do especificamente humano – será uma proposta viável como cuidado clínico efetivo?

É sob esta perspectiva que os temas da saúde e da doença deveriam ser abordados. Como explicou o epistemólogo Karl Rothschuld, a medicina é e sempre será “ciência operativa”, isto é, sempre exigirá alguma habilidade artística de quem a aplica — no sentido “artesanal” — pois não pode ser reduzida a ciência pura. Cada medicina integrativa adota um sistema de interpretativo  que não se limita à uma farmacologia especial.

Se Hipócrates, o inventor da medicina científica por ter inventado a história clínica, herança que perdura até os nossos dias na “escola hipocrática” — ainda tem algo a oferecer aos humanos modernos, é que o binômio saúde-doença precisa ser sempre compreendido dentro de um contexto:  o ananke physeos. Alguns epistemólogos optam pelo termo traduzido “necessidade da natureza”. Ora, por que a doença seria necessária? Se a patologia é uma necessidade da natureza, ela deve servir para alguma coisa, vale dizer ter um propósito biológico. Tem um significado. Não se trata de defender uma teleologia das doenças, mas constatar que ela existe. Destarte, vivemos dentro de uma batalha entre padrões genômicos, fenotípicos e as interferências do meio ambiente. Todos em combinações quase aleatórias que nos pressionam no decorrer das nossas existências. Conservar a saúde e evitar o adoecimento deriva destas combinações.

Neste ponto da história contemporânea a questão principal deveria ser: “haverá um futuro para a medicina do sujeito?” Provavelmente, a grande contribuição da medicina de tradição vitalista para a medicina.

Dar um novo sentido à tradição da medicina integrativa, herdeira de uma concepção menos maquinal do sujeito, é colocá-la em contato com as principais correntes do pensamento contemporâneo, da epidemiologia à filosofia, criando a oportunidade para que essa medicina seja compreendida pelos pensadores atuais. E tenha igualdade de oportunidades para ser ensinada nas escolas de ciências da saúde com o mesmo estatuto do conhecimento standard.

Poderia ser resumido da seguinte forma: a saúde — como pensava Hans G. Gadamer é um mistério — a patologia não. Em outras palavras, as chances probabilísticas de perder a homeostase autorreguladora devem ser infinitamente maiores do que manter a saúde. Há um enigma cuja elucidação é precisamente o papel do pesquisador, que para ser bem sucedido precisa estar aberto ao contraintuitivo, vale dizer encontrar comprovação de seu teste hipotético (tese) assim como respostas inesperadas e mesmo contraditórias às suposições iniciais.

Métodos intuitivos na natureza e o desvio do órgão de choque

Organismos como pequenos roedores geralmente sabem que precisam de febre artificial e se enterram na areia quente quando afetados por processos infecciosos para melhor combate-los. A pergunta inevitável seria: afinal como sabem que estão doentes e do que precisam para supera-la? Como sabem o que precisam para se recuperar? Nos humanos outros fenômenos curiosos como a”pica”: o desejo violento por ingestão de produtos normalmente incomestíveis:  terra nos acometidos por anemia ferropriva, casca de tinta endurecida para naqueles que tem deficiência de cálcio, madeira queimada ou ossos de animais para outras deficiências vitamínicas ou de minerais.

Fenômenos que somente podem ser compreendidos através do momento e da vivência clínica. Um sujeito angustiado com neurose fóbica migra da pulsão de angústia para um certo bem-estar quando fica febril, ou enquanto desenvolve uma sinusopatia. Aspectos que ficam mais evidentes quando uma função exonerativa, — aquela que visa produzir e eliminar as secreções — está em andamento. Os clínicos podem compreender e avaliar melhor tais processos do que os pesquisadores por dois motivos: por estarem diretamente ligados a história individual de cada paciente e por terem uma visão mais sistêmica e integrada dos ciclos da natureza.

O neuropatologista Prof. Walter E. Maffei afirmou nunca ter visto, em sua vasta experiência clínica e em autópsias que conduzia, um único doente mental crônico no hospital psiquiátrico apresentar um quadro de bronco pneumonia como causa de óbito. Fato aparentemente contraintuitivo, como ele mesmo enfatizava quando por mais de cinco décadas foi diretor clínico do Juqueri. As pessoas desnutridas têm, via de regra, a patologia pulmonar como o ponto final de sua existência, mas não parecia ser este o caso quando se tratava de doentes mentais crônicos. O patologista baseou-se na antiga, mas muito pertinente, teoria do “desvio do órgão de choque”. Quando uma doença “migra” de uma região anatômica ou sistema orgânico para outro. Quando se desloca para um órgão mais superficial produz alívio para o paciente. O oposto também é verdadeiro quando, por exemplo, dermatites e patologias de pele suprimidas pioram a condição pulmonar preexistente no enfermo.

Por isso mesmo determinadas concepções e formas de abordagem clínicas não podem ser reduzidas a resultados de laboratório ou vasculhadas apenas por imagens de Ressonância Nuclear Magnética. Isso não significa que não sejam fenômenos clínicos verificáveis, apenas que ainda não dispomos dos instrumentos para compreende-los completamente. Se apenas 1% das verbas destinadas para pesquisas pudessem ser disponibilizadas para investigar o mecanismo de ação de fármacos infinitesimais e outras drogas experimentais talvez tivéssemos outro panorama. E ai sim poderíamos decidir o impacto que a adoção ou rejeição destas terapêuticas teriam como política preventivista e recursos para a saúde.

Devemos admitir a complexidade para poder chegar a um consenso sobre qual campo a medicina deve abraçar para cuidar e curar especialmente quando se trata da já mencionada atenção primária à saúde. A pergunta inevitável: como podemos ainda nos iludir com evidências que se limitam ao controle de patologias sem levar em conta o substrato subjetivo e geral dos pacientes enfermos? Para usar uma expressão de Edgar Morin, a complexidade muitas vezes saudada ou evocada como solução é muito mais – como enfatizei antes – um conceito de problema do que um conceito de solução.

O resgate ético do sujeito

A evidência também deve ser produzida na virada ontológica da modernidade que está no resgate ético do sujeito. Ou seja, existem outras dignidades conceituais em ciência que não se limitam aos ensaios clínicos quantitativos. Estudos como questionários de qualidade de vida em saúde, testes psicométricos, avaliação do bem estar das pessoas são tão revelantes quanto o grau de eficiência de drogas sobre entidades nosológicas.

Essa seria a discussão relevante, seja para os defensores ou para os críticos das práticas integrativas. Sem ela, de fato tudo que escapa ao mainstream da ciência standard, fica parecendo nonsense ou objeção/enaltecimento maniqueístas. Por outro lado não cabe aos que praticam estas terapêuticas fazer o mesmo com sinal invertido: render-se a defesa partisã, enunciar o monopólio terapêutico, cristalizar o conhecimento acumulado como um monumento vitalício.

A volta do generalista e a retomada da atenção  primária à saúde

Qual será então a melhor forma para avaliar a eficácia da clínica praticada pela homeopatia e das demais modalidades de medicinas integrativas? Em primeiro lugar identificar o sistema referencial que orienta a semiologia, neste caso dirigido para justificar uma medicina que deve incluir o sujeito. Mostrar que faz sentido buscar capturar os aspectos biológicos, afetivos e mentais do “ser sofredor”. Detectar não apenas traços característicos e singularizadores em cada pessoa enferma, mas capturar o contexto e as circunstâncias que elucidam mutuamente mente-meio-corpo-medicamentos. Este conjunto já mostraria que se trata de uma fenomenotécnica. Que só faz sentido se o sujeito for reinserido num outro sistema de notação médica, sem competir e jamais dispensar outras abordagens da medicina contemporânea. Incorporar todos os procedimentos tecno-científicos disponíveis com racionalidade, mas ao mesmo tempo recusar a separação arbitrária imposta pelo excesso de especialidades.

Cada doença segue um curso distinto e se apresenta diferentemente em cada pessoa e já evidencias muito concretas neste sentido. A medicina não deve expurgar o estado subjetivo como objetivo legítimo de sua intervenção, ou delega-la aos especialistas. E no auge do cientificismo imaginou-se que o estatuto da patologia pudesse ser confinado exclusivamente à lesão somática. Mas o clamor por um cuidado mais abrangente persistiu. Os experts são necessários, mas os generalistas precisam ser prioridade. Foi à revelia da necessidade das pessoas que a divisão entre mente e corpo cindiu a arte médica. E sua reunificação seria a regeneração e o resgate do clínico geral e do médico de família.

Assim, o sujeito sob a perspectiva da antropologia médica se aproximará das práticas psicoterapêuticas se incluir a figura do médico, ou seja, que sejam treinados em uma anamnese mais generosa e compreendam a transferência, na expressão e construção da linguagem, das narrativas e de seus significados.

A suspeita de que a patologia contém ou está contida em um substrato disfuncional com sofrimento mental permanece como um desafio mesmo no mais cientificista dos clínicos. Substrato que precisa ser abraçado e não expurgado como “pseudociência” ou “não científico” (sic). Isso merece máxima atenção a quem se dedica a uma investigação séria que ultrapasse as arquibancadas do senso comum. Não pode mais ser ignorado por qualquer clínico atento. Por qualquer um que entenda a ciência em uma dimensão mais ampla do que o reducionismo insiste em exaltar.

Enfermidade, mal estar, sofrimento, qualidade de vida e para bem além da psicofarmacologia

Cito a famosa definição do médico francês, fundados da histologia, Xavier Bichat “a vida é o conjunto de fatores que resistem à morte” (Bichat, 1829). Mas há também o seguinte desenvolvimento possível: a vida nasce sob o signo da mortalidade, tensão que permanece ativa e nos acompanha até os nossos últimos dias.

Ficar doente não é apenas a vigência do mal estar, mas também não reconhecer a coautoria dos sintomas; ou simplesmente atribuir a patologia a algum agente exclusivamente exógeno. Afinal, ser agente de si mesmo é recuperar imediatamente o horizonte do auto-cuidado e aumentar a acuidade da atenção à vida. O processo saúde-doença é, mesmo na opinião de alguns, uma luta. Luta entre saúde e doença e, portanto, entre vida e morte e até mesmo resignação e ambição.

Isso significa mais ou menos o seguinte: podemos dizer que sofrimento é doença?  Podemos ou não chamar essa força ancestral destrutiva de miasmas, vírus, meiopragias ou de quaisquer outro nome. Se o sofrimento é inerente ao gênero, quais são os limites para considerá-lo uma doença? E se entendermos o sofrimento não como um estado penitencial, mas como uma incapacidade mais ou menos importante para se dedicar ao auto-cuidado?

As patologias não são no entnder de Lain Entraldo “localizadas”, não se limitam a um só lugar. Quando bem investigadas nota-se como permeiam toda a economia do sujeito. Encontram-se arraigadas junto com outros sintomas que podem ser mais antigos ou mais recentes. Ou seja, a despeito das aparências, a moléstia é sempre sistêmica. Primeiro o mal estar (illness) e depois a moléstia propriamente dita (disease) Para desmontá-la, portanto, é necessário ver o mapa completo do organismo afetado, bem como as circunstâncias ambientais.

Uma angústia pode ser benéfica, assim como uma depressão, desde que seja recriadora ou regeneradora. Pode ser um traço melancólico a ponto de ser só mais um item na vasta carga existencial. Mas pode determinar o curso de patologia.

Uma das questões centrais da medicina tem sido subestimada e parece propositalmente ausente de muitas discussões epistemológicas contemporâneas. O avanço da tecnociência na produção de insumos farmacêuticos trouxe avanços impressionantes nas áreas de imunizantes, próteses e órteses, reabilitação, associado à crescente – e bem-vinda – sofisticação dos diagnósticos. Estes avanços entretanto produziram simultaneamente  um efeito colateral danoso: o superdiagnóstico. Assim como erroneamente deslocou quase todas as questões relacionadas ao sofrimento mental e à individualização dos sintomas da medicina. Dito isso, perguntamos como as práticas médicas podem voltar a incorporar e lidar com a subjetividade de cada doente?

Via de regra, a solução tem sido encaminhar esses pacientes para o uso sistemático de psico-fármacos. Mas a solução pode não estar no treinamento de clínicos gerais para administrar drogas psiquiátricas. A referência ao eufemismo denominado “re-humanização da medicina” pode estar em dar outra abordagem, como por exemplo, resgatar uma perspectiva antropológica para a medicina independentemente do método médico adotado

No lugar de torneios terapêuticos ou histrionismo midiático estas seriam as questões que realmente interessam à sociedade.

Convido os leitores para esta reflexão: não se trata de opinião, trata-se de uma questão de episteme.

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-insubstancialidade-e-o-nada-questao-de-episteme/

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-insubstancialidade-e-o-nada-questao-de-episteme/

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...
← Posts mais Antigos

Artigos Estadão

Artigos Jornal do Brasil

https://editoraperspectivablog.wordpress.com/2016/04/29/as-respostas-estao-no-subsolo/

Entrevista sobre o Livro

aculturamento Angelina Jolie anomia antiamericanismo antijudaismo antisemitismo artigo aspirações impossíveis assessoria assessoria de imprensa assessoria editorial atriz autocracia autor autores A Verdade Lançada ao Solo açao penal 470 blog conto de noticia Blog Estadão Rosenbaum Censura centralismo partidário centros de pesquisas e pesquisadores independentes ceticismo consensos conto de notícia céu subterrâneo democracia Democracia grega devekut dia do perdão drogas editora editoras Eleições 2012 eleições 2014 Entretexto entrevista escritor felicidade ao alcançe? Folha da Região hegemonia e monopólio do poder holocausto idiossincrasias impunidade Irã Israel judaísmo justiça liberdade liberdade de expressão Literatura livros manipulação Mark Twain masectomia medico mensalão minorias Montaigne Obama obras paulo rosenbaum poesia política prosa poética revisionistas do holocausto significado de justiça Socrates totalitarismo transcendência tribalismo tzadik utopia violencia voto distrital
Follow Paulo Rosenbaum on WordPress.com

  • Seguir Seguindo
    • Paulo Rosenbaum
    • Junte-se a 2.948 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • Paulo Rosenbaum
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
loading Cancelar
Post não foi enviado - verifique os seus endereços de e-mail!
Verificação de e-mail falhou, tente novamente
Desculpe, seu blog não pode compartilhar posts por e-mail.
 

Carregando comentários...
 

    %d blogueiros gostam disto: