• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico

Paulo Rosenbaum

Arquivos da Tag: aspirações impossíveis

Impossível, eu escuto teu nome

18 domingo ago 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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A Verdade Lançada ao Solo, abarcar o céu com as mãos, acabar no céu a rotação dos astros, aspirações impossíveis, assar qualquer coisa no bico do dedo, Definições de impossível, extinguir-se no planeta o calor central, impossível: eu escuto teu nome, inabordável., inacesso, paulo rosenbaum, poesia impossível, querer ter o dom da ubiquidade, utopia

Nasa divulga imagens de planeta rosa

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Quando a realidade parece inapreensível, recorramos ao impossível.

Tomemos este, que é um dos seus mais significativos e sub explorados verbetes do dicionário.  Até o suposto defeito vira virtude na voz polissêmica dos glossários.

Deduzamos sozinhos examinando a rubrica “impossível”: áporo, sonho de louco, pedra filosofal, vôo de um boi, o irrealizável, não haver possibilidade de espécie alguma, querer sol na eira e chuva no nabal, prende la lune avec les dents, incendiar o Amazonas, meter o Rocio na betesga, tirar leite de um bode na peneira, carregar água num jacá,  abarcar o céu com as mãos, assar qualquer coisa no bico do dedo, extinguir-se no planeta o calor central, acabar no céu a rotação dos astros, querer ter o dom da ubiquidade, inacesso, inabordável.

O impossível só pode ser o que acabamos de realizar, o possível visto por alguém fora das nossas órbitas.

Em outras palavras, só o impossível é justo.

Sob o pó que sobe

Escuto teu nome

Sob o desvio das línguas

Sob a conjugação dos mares

Sob bloqueio das ondas

Eu escuto teu nome

Sob a marcha dos acorrentados

Sob exércitos vencidos

Sob a exaustão das setas

Eu escuto teu nome

Sob o plátano fixo

Sob a cadeia de choros

Sob o destino sem eixo

Eu escuto teu nome

Sob órbitas de passagem

Sob a miragem do término

Sob incêndio dos rios

Eu escuto teu nome

Sob o sol oceânico

Sob a divisão artificial

Sob a palafita abissal

Eu escuto teu nome

Sob a fome da África

Sob o gelo degradado

Sob o coro dos escravos

Eu escuto teu nome

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia

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Oposição substituta

04 quinta-feira jul 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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A Verdade Lançada ao Solo, artigo, aspirações impossíveis, assessoria, centralismo partidário, confiança, democracia, Dilma, Eleições 2012, hegemonia e monopólio do poder, plebiscito, voto distrital

No pronunciamento todos botavam fé. Nunca as palavras foram tão importantes. Como dizia um muro de Paris em 1968 : chega de atos, queremos palavras. É isso. Até os muros falam quando há vida nas ruas. Isso significa que havia uma chance de reconciliação. O poder poderia se reinventar e, a depender do encaixe e do discurso, esclarecer todos, a maioria, ou uns poucos. As 21hs, fala sério, era para restabelecer o diálogo – não cooptar com concessões de linhas de crédito, propor reformas oportunistas, ou medidas de escopo e alcance paliativos. Aí mora o ilegítimo. Falou o que lhe mandaram. E quem manda? Quem assopra a brasa lá dentro? Quem sabota os esforços para aprender a pilotar durante o voo em apuros? Ou alguém duvidava do despreparo político? Há enorme lastro de dúvidas, mas é certo que as ondas embarcam de outra maré. Estão lá dentro, de molho, na agua estagnada.

O ministros já fizeram sua lista de acusados, só faltou o veredito. Apedrejaram a oposição, a burguesia, jornalistas, a fração belga da Belindia, os sem representação, uma minoria. E o que seria da democracia sem a voz das minorias? Daí ousaram pular para imputações menores, num varejo pueril e que reforça o diagnóstico do clima da capital: cinismo institucional pleno. O poder é, neste momento, a reação em seu pior momento. Aquele instante, quando se está saindo das cordas, e como barata tonta distribui ganchos no ar.

Leia mais: Estadão

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Liberdade para que?

24 quinta-feira jan 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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abolição da autocensura nas redes sociais, aspirações impossíveis, Censura, censura velada, centralismo partidário, centralização de informação, centralização de poder, centros de pesquisas e pesquisadores independentes, controladores, Debate público, educação no século XXII, felicidade ao alcançe?, franquia, hegemonia e monopólio do poder, imprensa livre, intelectuais independentes, intlectuais alinhados com o poder, jogo democrático, José Arthur Gianotti, liberdade para que?, manipulação, mensalão, moral e bons costumes, opor, política, significado de justiça

Liberdade para que?  

 

Ninguém negará que a mídia precisa ser mais democrática – e democratizada – para incluir os sem voz e as grandes parcelas da população ainda marginalizadas, mas o projeto em orquestração na mesa dos controladores nada têm a ver com este escopo. Sob o argumento de que as redes de comunicação operam através dos oligopólios a proposta é substitui-la por monopólio de Estado.

 

Os milionários esquemas de subsidio estatal para a mídia favorável (nas três esferas) e os torniquetes possíveis aplicados às outras é só a parte visível do jogo. O controle da imprensa significa, na prática, coibir o debate público –  já de má qualidade – uma vez que só a liberdade de expressão permite que os cidadãos  possam se posicionar para investigar, cobrar e, quando for o caso, se opor ao Estado.

 

Missão longe do alcance de uma imprensa submissa. Como o objetivo final é a liberdade controlada, a finalidade última da regulamentação é dirigir o país contando com informações filtradas.

 

Neste sentido, estamos muito próximos de uma censura velada!        

  

O primeiro interessado em deter a informação é o próprio poder. A hegemonia passa pela centralização. Mas há um produto muito além do poder em jogo quando se trata de concentrar informações. A liberdade só pode ser exercida com a aquisição do conhecimento que passa pelo exercício da crítica. Sem ela a liberdade é uma franquia das cúpulas, dos consensos de gabinete, um slogan abstrato.

 

Uma equipe eleita decide o que pode e o que não pode? Mas eles não foram eleitos para isso, ou foram? Isso é que não está nada claro no jogo democrático atual. As regras. Depois que se ganha a eleição tudo pode virar qualquer coisa. Para isso deveria valer os direitos constitucionais

 

Não se enganem, há uma dosimetria oculta que rege nossa liberdade.. Para ser conciso: o projeto de regulamentação da imprensa, é, na verdade, uma ameaça direta à democracia. É urgente organizar a sociedade para que o cerceamento à livre expressão não encontre guarita no argumento de “controle social”.

 

Como nos faremos ouvir? Como ler jornais quando tudo estiver sob o filtro impermeável do Estado? Podemos usar o spam, a panfletagem, instrumentalizar melhor a ilusão revolucionária das redes sociais. No mundo eletrônico ocidental ainda inexiste censura e não é difícil perceber que a autocensura encontra-se completamente abolida.  

 

E quem dará aval para os projetos de controle estatal da mídia? O pessoal da moral e dos bons costumes? Assim eles poderiam eleger os livros, peças, filmes e biquínis que vamos ver.  Os executivos dos partidos políticos (base aliada ou não). A explicação é simples: estão mordidos com a última pesquisa sobre a decadência dos partidos. E tudo que contraria políticos é gerado na imprensa livre. 

 

E quanto aos intelectuais e a estrutura universitária? Estão divididos entre os que são pela lealdade ideológica ao governo e os independentes. Estes últimos são uma categoria em decadência porque ninguém quer subsidiar gente isolada muito menos premiar a autonomia. A emergência dos conservadores é uma resposta, equivocada, a uma esquerda que vêm sofrendo isquemias no núcleo duro. Os conservadores também não funcionam porque suas perspectivas são basicamente alimentadas de nostalgia. Sonham com uma ordem e um status quo que nunca existiu no cenário politico. Nas TVs ou nos jornais notem que sempre começam com expressões de saudosismo e terminam suspirando pela volta das leis marciais.

 

Quanto à estrutura universitária vale lembrar da antiga tese do filósofo José Arthur Gianotti de que a Universidade é subsidiada para não funcionar. “Funcionar” no sentido de produzir a mentalidade critica e autocritica que tanto nos faz falta. Claro que existem nichos que funcionam. Na base do voluntarismo e de ações sociais importantes, grandes camadas de pessoas foram resgatadas da marginalização nas últimas administrações. Não é o suficiente. A educação e o investimento maciço em ensino não ousaram para além das formalidades como a de “colocar mais gente no ensino superior”. Salários dos professores e estímulo à pesquisa ainda são ridículos para o nosso PIB. O processo pedagógico parou no século XIX enquanto precisávamos de inspirações do XXII. Há uma fadiga generalizada no jeito de fazer e lidar com as coisas públicas.   

 

Tudo isso seria pior sem liberdade. Sem ela, como falaríamos de tudo isso?

 

Aproveite para chiar agora, pode não haver segunda chance.

 

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

 

Paulorosenbaum.wordpress.com

 

 

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/01/24/liberdade-para-que/

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O Indefensável

10 quinta-feira jan 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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açao penal 470, aspirações impossíveis, autocracia, autocritica, Base aliada, centralismo partidário, constituição, direita e esquerda, Genoíno, gozo, hegemonia e monopólio do poder, livrarias, manipulação, Mao, mensalão, mundo interior, posse e mandato, PT, resistencia à tirania, significado de justiça, utopia

O Indefensável

Será que nos lembraremos deste momento? Onde estávamos nós diante da onda de cartas à redação, artigos, suspiros em mesas de bares e murros nas mesas nos restaurantes? E o que fizemos nos aeroportos, em postos de gasolina, em cinemas e lanchonetes? Há relatos de editores bufando em redações e palavrões em livrarias. Sim, ele tomou posse. Sim, disse que com a consciência tranquila.

Mas repare que os clamores moralizantes pelo Pais afora pode produzir um efeito paradoxal. A revolta coloca um julgamento essencialmente justo, sob a suspeição de ser um indutor de justiça selvagem. É claro que é falso. Mas ao contrário deles somos adeptos da autocritica. As reações não estão descalibradas? Os cidadãos são guardiões simbólicos da justiça, não seus sócios ou gerentes executivos.

A dignidade agora é uma refeição que se come crua e com as próprias mãos? Que alívio que não se queimam mais culpados em praça pública, um horror, não é mesmo? Hoje, basta execrá-los, aplique-se o bullying autorizado e vamos lá, até as últimas consequências.

Precisamos recusar o ridículo clima de escárnio generalizado contra quer que seja. Ainda que estejamos protegendo escarnecedores. Ainda que a postura civilizada se estenda ao partido mais intolerante do continente. Ainda que seja gente que, a depender do contexto, nos executaria. Não importa. Não é por bom mocismo. Não tem nada a ver com o politicamente correto. É por princípio! Por ele é que devemos garantir a todos, condenados ou não, o gozo das prerrogativas e o esgotamento dos recursos legais. Não era isso mesmo que até a antevéspera pedíamos? Que todos fossem iguais perante a lei? Para o bem e para o mal? Será que é porque às vezes queremos leis, e, às vezes, exigimos exceções?

Quem se importa se ele foi ingênuo, omisso, instrumentalizado ou só culpado? Tanto faz se a serenidade ostensiva revele indiferença à opinião pública. E por que o espanto? A marca registrada desse governo não é exatamente o desdém raivoso por todos que discordam?

Neste sentido, que tal dar exemplo? Vamos ser regidos pela cabeça e não pelo ventre. A Republica baseada em ventre geralmente acaba vertendo as próprias entranhas. Aquela governada pela cabeça pode ter milhões de defeitos, ainda assim, o dano é bem menor.

Deixemos que os juízes e a constituição se encarreguem dos salvadores da nação. Durante a revolução cultural chinesa havia um canto obrigatório nas escolas: “O camarada Mao ama mais cada um de vocês do que os seus pais”. Claro que os amava, assim como todos os libertadores das massas dizem amar.

Além disso, todos evocam em sua defesa o processo socrático, malgrado ignorem o conselho vital dali derivado: só temer a própria consciência. Mas, para isso, teriam que confrontá-la, e isso, a ideologia não perdoa.
A maturidade consistente vêm sem revolução, desce até nós através da educação e da cultura. Saberemos que chegou quando rejeitarmos a onipotência dessas pajens coletivas. Notem que eles dependem do culto à personalidade para viver. Viver às nossas custas. Nos amam tanto, nos querem tão bem, que, para facilitar as coisas, personificaram o Estado. Isso não é esquerda, isso não é direita, a rigor isso não é nada, a não ser usurpação das instituições.

Você que ainda consegue dormir tranquilo e preza a liberdade, melhor guardar vigília. É questão de tempo até que impliquem com quem não se curva. E a resistência à tirania pode ser o último reduto da ética.

O trágico está em não termos conseguido nos livrar de líderes totalitários disfarçados de paizões. Está em nosso histórico comportamento infantil que alimenta expectativa de lideranças infalíveis. É com esse messianismo laico que lentamente submergimos a América Latina no leque de caudilhos.

Se ouvíssemos a voz sussurrante da história: República alguma deu certo com projetos personalistas! Se não desfulanizarmos a Republica, ela é quem fará isso conosco. Poupemos energia para o que conta: votos amadurecidos nas próximas eleições, correção dos equívocos que temos colocado no poder, e, por último, mas mais importante: ocupe-se de si mesmo. E do que mais nos ocuparíamos?

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

Paulorosenbaum.wordpress

Para comentar acessar o link do JB

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/01/10/o-indefensavel/

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O mundo não termina, o mundo nem começou.

27 quinta-feira dez 2012

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A Verdade Lançada ao Solo, aspirações impossíveis, Bóson, democracia, editora record, educação e discriminação, fracassomania, Gea, hegemonia e monopólio do poder, Julgamento Mensalão, mais iguais que os outros, malandros otários, mensalão, Montaigne, orwell, passado e presente, poesia, presente mais que perfeito, prisões, raíz da patologia, submundo, término do mundo, transcendência, utopia

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Jornal do Brasil

Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2012

Coisas da Política

Hoje às 06h30

O mundo não termina, o mundo nem começou

Jornal do BrasilPaulo Rosenbaum – médico e escritor

Se o fim do ano é um registro que separa o passado do futuro, onde andará o presente? Como responde uma criança ansiosa pelo futuro quando os pais lhe indagam por que ela não aproveita o presente em vez de desejar o amanhã? Em algum momento essa resposta já foi dada:

— É que o presente dura tão pouco!

Ela pode ter razão. O que está, já foi. O que virá nem veremos, ou teremos que imaginar e apostar. O passado apenas parece ser um registro mais fiel, sobretudo mais memorizável. Mas lembramos com seletividade, como nos avisam os biólogos. Temos filtros bem instalados. Somos leitores cheios de ismos, e alguém nos doutrinou na religião, na filosofia, na ideologia política. E o que vimos este ano? Um julgamento que, apesar das pernadas, da gritaria, das falsas analogias, mudou o rumo das coisas. Pela primeira vez na história do pais um embate nos trouxe para bem perto das entranhas do poder. Mais de 150 advogados, intermináveis sessões da Corte e a excessiva espetacularização. Era o palco completo. As penas e a punição importam bem menos do que o simbolismo. Vislumbrou-se ali que, mesmo à revelia, “os mais iguais que os outros” podem estar em pé de igualdade com qualquer um. Que os poderosos são passíveis de penalidades, que ninguém é invulnerável para sempre, que existe uma organização da sociedade civil, que as instituições funcionaram, que há muito por fazer para sairmos da barbárie em que se transformou o manejo da coisa pública. E o mais importante: há mais diversidade política do que sonham nossas filosofias.

Sim, as mesmas guerras. Sim, a velha rotina de massacres non sense. As mesmíssimas cidades sem segurança pública. Os impostos tirados e distribuídos na derrama. Gente que foi embora e gente que chegou. A mesma falta de estadistas, a mesma lenga-lenga dos malandros otários. O mundo é assim, mas, para nossa sorte, sua dinâmica está longe de ser decifrada. Essa é a parte nobre da ignorância sobre como funciona a espantosa Gea. A bola azul rodopia no espaço e não quer nem saber no que vai dar. E isso, senhores, notável exemplo para ser forçado a viver o aqui e agora. Só assim a imanência pode fazer parte da transcendência.

Mas a retrospectiva do período também mostrou que times que sofrem podem se regenerar, que as partículas podem ser aceleradas sem que o mundo rache, que a ciência poderá sair do beco obscuro descobrindo que o segredo de muitas curas está no próprio organismo e que há, felizmente, muito mais saúde que doença. Mas este período mostrou, antes de tudo, falta muito mais do imaginamos para o fim. O mundo não termina, o mundo nem começou.

Nem os esportes nem a atividade profissional nem a vida competitiva podem fazer sentido. E se invertêssemos tudo e valorizássemos mais o empate? Prezar o equilíbrio das forças, ao invés de aplaudir o vencedor e vaiar o derrotado? Nem pensar. Não é espantoso e não se pode culpar ninguém. Tudo isso vem de berço, a base de nossa cultuada educação ocidental. Pode parecer zen demais, mas, e se os governos tivessem a audácia de ser impessoais? De ter a cara de todos e não só a de quem recebe mais votos? E se os políticos formassem coalizações onde todos se fizessem representar e tivessem voz? E se a diversidade fosse não só radicalmente respeitada como tomada como modelo de convívio social? E se as prisões não fossem átrios do submundo, mas lugares para um apartamento social com finalidade reconstitutiva?

Se as escolas não discriminassem, a educação poderia ser esperança no presente e não no futuro do pretérito. Querer vencer, ser o melhor, o primeiro, o mais acessado, o mais bem sucedido e o mais votado não é salvação, é a raiz da patologia. Não, senhor, ninguém precisa se converter à fracassomania, apenas entender que, exauridos, estamos cansados de repetir as mesmas manchetes por meses a fio. Deve haver algum lugar onde a utopia flua fácil e nós, todos nós, possamos ter dias melhores.

Esse lugar já existe, se chama presente mais que perfeito.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo” (Ed. Record)

paulorosenbaum.wordpress

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/12/27/o-mundo-nao-termina-o-mundo-mal-comecou/

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O dia em granizos: chuvas paulistas.

18 sexta-feira fev 2011

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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aspirações impossíveis, granizo, inundação, paulistas, poesia chuvas, prosa poética

Cada cubo descia com a sede das pedras.

Cada pequeno gelo circular, sim são semi ovais, foge ao solo sabendo do derretimento. Mesmo assim desce.

Somos confidentes desse granizo. Deste formato rigido que se esfacela no granito.

Granizo sobre granito.

Não deixa de ser choque entre durezas. Faz tempo que nós só amolecemos a tirania no meio-fio. Espremidos no barulho das latas que amassam os carros, esperando pelas enchentes.

Não há poesia em inundações, há n’água. Nas poças. No chuvisco estrito. Nas tevês desligadas. No fenomeno natural que subverte a tecnologia. Nas rimas de passagens. No estalo dos raios.

Há no granizo a potência de um futuro, de uma chuva granulada que quer, precisa, se espalhar. Da sarjeta, o guarda-chuva usado na frente dos corpos se espelha na espada. Mas o vento, olha para nós com a segurança de quem nos têm na mão.

Olho a água, a rua brilha. Não há mais cacos, os fractais correram até o chão, e no fundo (ai dá para ver), toda tragédia é falta de criatividade. A poesia forma até represas, o que ela pode, ou não quer (o que no fim dá no mesmo) é ficar à deriva enquanto qualquer nau faz cruzeiro.

A chuva daqui é texto ao sabor das águas.

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Utopia e cyberespaço

11 sexta-feira fev 2011

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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aspirações impossíveis, O impossível, utopia

A utopia é algo para se desejar.

Não sei ao certo se é algo ou um lugar. Lugar talvez seja mais apropriado. Não precisamos mais das utopias sociais ou estéticas. Precisamos de um lugar.

Pois podemos sentir. Estamos sem lugar. E por isso precisamos um lugar que não é lugar.  Lugar nenhum.

O cyberespaco pode ser o lugar.

O vácuo que faz intermediações entre pessoas. Um espaço onde não chegamos e de onde saem os que se desligam. A utopia é um estado. Um estado interno. Um momento agudo onde não queremos estar em lugar nenhum. Aí temos utopia. Aqui a utopia faz sentido.

Extamente, temos utopia quando vagamos em busca de sentido. De um lugar ao outro. Como ramblers que perderam os documentos para sempre.

Utopia é alegria infundada.

Um perfil para a calma pode definir a utopia?

Não.

Utopia não é calma. Tudo menos calma. A utopia é se desmanchar na marcha diária. Utopia é quase acreditar que podemos contar com o futuro. Qualquer um. Porque assim o presente não pode ser vivido. E é com ele que podemos contar.

Utopia é o presente intensificado. A utopia é uma fronteira não demarcada. E no mapa fica bem aqui. No espaço sem dono que são as emissões dos radares.  Entre uma onda eletromagnética e outra a utopia balança nossas cabeças. E, para respirar melhor, vivemos acesos. 

Utopia, vidraça para a realidade.

Eu?

Já quebrei a minha hoje.

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Entrevista sobre o Livro

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