• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

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Surpresa ao virar o ano do avesso (blog Estadão)

31 sábado dez 2016

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2017, amizade, ano novo notícias, Blog Estadão Rosenbaum, desinformção, dialógico e diálogo, gratidao, o cuidado, papel da mídia, pós-verdade

Surpresa virando o ano do avesso

Paulo Rosenbaum

29 Dezembro 2016 | 12h18

Viramos o ano do avesso, e o que procurávamos mesmo? O senso comum fala em sucesso. Os jornais lamentam as previsões fracassadas. A vida institucional não está dizendo coisa com coisa. Foi então que resolvi sacudir a caixa deste ano para ver o que ele continha. Não vi pós verdade. Não saiu nenhuma campanha de desinformação que já não estivesse na grande pauta da pequena mídia. A carta foi marcada, atenção, agora é questão de tempo. Estar alerta e cuidar para que o engano não se promova é a única das coisas essenciais. Reserve ao silêncio e à solidão a oportunidade que você não deu ao diálogo que nunca existiu. Se te disserem: “você não foi suficientemente generoso” recuse imediatamente. Pode ser blefe. Mas para minha surpresa — e para meu desarme — daquele saco amorfo, cheio de potenciais más novas, saiu um bilhete. Um só. Na verdade, uma pequena carta de reconhecimento. Um elogio por um favor. Sim, porque serviços prestados, normalmente remunerados, tem valor definido. Oferta e procura. Leis do mercado e coisa e tal. Neste caso não. Houve esforço, mas não era para tanto. Era uma pessoa falando de amizade e gratidão numa interpretação muito pessoal:

“Prezado, queria agradecer seus cuidados. Suas doações metafísicas, culturais e psicológicas me ajudaram. Ajudaram em aspectos que normalmente a ajuda não cabe. Digo, o cuidar é um verbo, mas ser cuidado está para além do substantivo, mostra uma amizade difícil de qualificar. Bem, isso não importa agora. Sei que nem sempre, vale dizer, quase nunca, esta dimensão é reconhecida. A dedicação ao outro é ofício árduo, e eu me pergunto se isso pode ser mesmo ser ensinado. Acredito que sim. Fora dos muros da faculdade? Fora dos ambientes formais? Fora da vida corporativa?  Talvez até fora da família? Ao receber sua amizade entendi que boas maneiras e gentilezas não bastam. Promessas vagas e compromisso futuro são insuficientes. Os amigos que duram são os que não precisamos jurar amizade. Mas vejo que nossa índole material precisa dos objetos. Para contemplar, para lembrar ou para respirar. Por mais que tentemos, somos feitos de  areia comum, fomos modelados em praias coletivas e nosso destino final é um e o mesmo. Na vida, poucas vezes se tem a oportunidade de agradecer. Agradecer quem te conquistou por respeito, não pela simpatia. Quem soube não te deixar deslizar ao abismo, ainda que para isso, tenha te apontado para ele, feito advertências duras e te colocado de volta à vida sem te iludir ou te seduzir com falsos diálogos. Sim eles podem ser falsos, eu sei bem disso. Nestes casos, o silêncio pode ser mais salutar. Pois é amigo, posso me referir assim a sua pessoa, não?, eu hoje só queria passar para te dar esta pequena carta e te dizer, grato por compreender o que eu cheguei a imaginar como saída. Você me ajudou a ver como pode ser fácil o engano e como o julgamento é penoso, mas vital para enxergar. Que há mais de um caminho. Que talvez para as perguntas que realmente importam não há resposta. Isso é, podem haver várias, mas nada conclusivo. Olhe, até para ser coerente (e a essa altura quem ainda precisa disso?) não vou te prometer retribuição alguma, fica aqui um abraço e a sensação de que me entregar aos seus cuidados bastou pelo ano. É isso, um ano que foi suficiente. Suficiente para poder andar até o próximo. Sinceramente, seu.”

Ás vezes, a calada solicitude é a forma mais sofisticada de amizade. Ninguém a reconhece, pois ela é propositalmente oculta pela discreta benevolência, como deve ser. Pois quando revirar este ano ou qualquer ano, não procure presentes ou notícias, tente achar bilhetes. Eles podem ter a densidade do inesperado. A perplexidade pode ser uma sensação agradável, mas, talvez, para recebe-la na integra, esvazie-se de tudo especialmente das expectativas. Suas perspectivas agradecem.

 

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/surpresa-virando-o-ano-do-avesso/

 

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Dedicatórias (Blog Estadão)

23 segunda-feira maio 2016

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Blog Estadão Rosenbaum, dedicatórias, lilivro como máquina de diálogos, Literatura

Dedicatórias

Paulo Rosenbaum

23 maio 2016 | 13:45

Ele costumava fazer dedicatórias rápidas, às vezes confusas, outras inspiradas, a maior parte das vezes, como a maioria dos escritores, limitava-se ao protocolar. Só depois do incidente passou a achar que lançamentos de livros deveriam ter outra concepção. Começando pelo título: “Noite de autógrafos” impunha um limite inadmissível ao evento. Primeiro, porque achava que um livro físico, sólido e tridimensional ainda era imbatível na categoria “a melhor invenção dos homens”. Depois passou a entender todo livro impresso como “matéria orgânica a ser decodificada”.

— O livro, sendo uma máquina de diálogos — já que é a interação do sujeito com outra imaginação — produz resultados imprevisíveis.

O episódio o convenceu que era preciso individualizar as mensagens. Precisava deixar uma mensagem pessoal nas páginas daqueles que enfrentavam as filas e, de quebra, estar atento à caligrafia. Achava indelicado, um verdadeiro insulto, ter que se guiar pelos papeizinhos que vinham ajeitados na página inicial com o nome das pessoas. Aquilo só servia para contornar o vexame da amnésia instantânea. Mas considerava que o constrangimento por esquecer o nome da pessoa não deveria ser maior do que não saber quase nada sobre ela. Por qual motivo um desconhecido não mereceria nossa máxima atenção? Ser gentil com estranhos deveria ser encarado como obrigação cívica. O sucesso da individualização, evidente demais para ser renegado. Especialmente numa sociedade que faz questão de massificar, para, depois, valorizar a exclusividade. A verdade é que ninguém mais fica satisfeito só com o tradicional e burocrático “um abraço”, seguido de assinatura e data. Os autores podem ter desenvolvido seus próprios estilos de assinar exemplares, mas ele, por uma dessas curiosas idiossincrasias, não se renderia à média alguma.

A inscrição num livro se aproximaria de um ritual. Sagrado ou profano, o rito não é só um cerimonial burocrático. Quem teria percebido a dimensão simbólica envolvida? Transferir a marca através da tinta para dar confirmação ao novíssimo proprietário! Uma dedicatória, portanto, nunca poderia ser análoga a um contrato, documento bancário ou reconhecimento de firma. Sua tentativa passou a ser captar, às vezes em segundos, por alguma idiossincrasia, particularidade, de qualquer forma, num instante, qualquer elemento pessoal de quem passasse em revista na fila. Mas, como dizia o poeta, tudo é risco. Naquela tarde rabiscou “O justo precede a justiça”. Mal sabia ele que o sujeito para quem escreveu a frase era alguém que, acabara de enfrentar um longo processo, e que, depois soube,  tomou aquela sentença como uma ofensa pessoal.

Os leitores podem não ter consciência, mas o autor/artista, diferentemente de outros profissionais liberais, assim que aceita ser publicado, deixa de ser dono do que produz. Copyrights na língua portuguesa, na era das digitalizações, não passa de um saldo credor sem efetividade. É, deste modo, que o livro foi se tornando um objeto cada vez mais errante, que vaga de mão em mão, de uma estante à outra, ou, então, fica aprisionado em depósitos até que alguém o acolha. Por isso, não se explica a arrogância descontextualizada, o orgulho intelectual e a superioridade imaginária que a maioria dos autores imagina ter sobre os outros mortais.  Já a imortalidade, domínio de outra esfera, nunca esteve garantida, nem para os acadêmicos.

Está mais do que na hora de inverter a honraria. Em prol do leitor.

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/dedicatorias/

Tags: Blog Estadão Rosenbaum, dedicatórias, idiossincrasias, lançamento de livros, noite de autógrafos

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Por uma cultura não perversa (blog estadão)

18 quinta-feira fev 2016

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blog conto de noticia, Blog Estadão Rosenbaum, conto de notícia, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, Por uma cultura não perversa, utopia, violencia

Por uma cultura não perversa

Paulo Rosenbaum

17 fevereiro 2016 | 21:09

Não é o caso de ser contra ou anti. É preciso assumir: uma cultura não perversa é um ponto fora da curva. Ou não estamos todos em um estado a beira da saturação? A  intolerância é uma arma escura. O perverso não é aquele que se defende ou ataca, tanto faz se governo ou oposição, mas é aquele que força a prerrogativa de uma razão desligada do mundo, alienada dos compromissos com o além do si mesmo. O perverso é aquele que, não contente em ser hegemônico, desqualifica o mundo, dobra a realidade, invade a imaginação e reifica o mito para infiltra-lo na cultura. E assim coagi-la a todo preço e custo.

Como afirmou Carl  Gustav Jung, não são os homens que estão doentes, os deuses e suas mitologias que ficaram dementes. A política é apenas a face aparente dessa deterioração. Não estamos ouvindo as formulações do senso comum despejadas nas redes e escoadas pelas ruas? Com paus, máscaras e pedras? Aquelas que acionam as mais inespecíficas condições genéricas, quando a única esperança recairia na reafirmação do sujeito, o único com potencia para resgatar a sociedade?

Sim, ouvimos tua indignação, toleramos a indelicadeza, ouvimos teu enojamento seletivo e, agora, é preciso confessar, só conseguiremos respirar sob outro diapasão. Só se vê modelos esgotados em repetições circulares. Múltiplos exauridos e descerrados. Numa sincronia apática é como se todos os originais tivessem ensurdecido ao mesmo tempo. Como se as novidades não pudessem mais circular. Mas a norma do relógio é disparar, à revelia de nossa desatenção. Por que permitir que nos arrastem através dos vingadores anônimos? Prefiro que refaçam suas próprias penas e, ao custo das consciências, ressarçam o que nos subtraíram. Numa democracia principiante, quando uma mentira lava a outra e não há mais forças emancipadas, poder-se-ia especular sobre a subsistência e até mesmo duvidar se testemunharemos ou não um futuro saudável.

Em nossa insuportável ingenuidade a separação dos poderes seria a garantia das liberdades individuais. Quem iria supor que um lacre gigante estabeleceria tremenda co-dependencia no lugar de autonomia?  Co-autoria no lugar da reafirmação de identidades e funções. As exceções não conseguem mais suprir a norma. E é essa mutação que vem submetendo a Republica a ponto de torna-la irreconhecível. É como se mudássemos para uma chave que já nada abre. E, uma vez escolhida, ninguém mais pudesse se arrepender por ter sufragado um projeto tão nocivo e abrangente. Curiosa essa exceção. Os criminosos podem merecer perdão, os acontecimentos do destino podem exigir reparo, e até um pequeno deslize na calçada pode resultar em ressarcimento pelo administrador do território. Mas o sistema parece já ter escolhido seu lado: prefere proteger o opressor à vítima. O Estado tornou-se perigosamente autosuficiente e descolado do suporte. A ponto de descartar seus súditos? Exagero? Um espírito subjacente pode até vir a ser e no final mudar tudo. Os indícios não são estes, pelo contrário, o que torna nossa desconfiança cada vez mais procedente. E se assim fizeram para desconstruir o mínimo já conquistado? E se orquestraram para desmanchar o apelo civilizatório? Não será agora, nem imediatamente, mas uma hora teremos que responder: se não queremos ser Kiev nem Caracas, será preciso algum espírito de antecipação, ou capitulação.

Tags: a perigosa autosuficiencia do Estado, Carl G. Jung, cultura e política, direito ao arrependimento, Kiev e Caracas, mitos dementes e homens doentes, Por uma cultura não perversa, separação de poderes

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Teatro do Opressor (blog Estadão)

07 domingo fev 2016

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Blog Estadão Rosenbaum, jogo de cena, responsabilidade pessoal, teatro do opressor

OpressãoXXX

Indique-me um, apenas um. Alguém que enxerga com clareza. Que distingue o rigor do emaranhado. Que não foi cego pelo excesso de interpretações. Quem se exaspera em uma democracia? Aqueles que governam? Quem fala tua língua? Quem ilude a montante? O jogo de cena chegou ao fim do tablado. Agora teremos que aceitar, de qualquer forma assumir: estamos rigorosamente sós. Sós, não porque não haja mais gente com a mesma sensação. Não porque estamos no mesmo espaço e sob o mesmo desamparo.  Sós, porque nossos dias estão sendo gastos num horizonte avesso à fusão. No planalto sem relevo. Na rota costurada por quem não se importa. Se as instituições subsistem é à nossa revelia. Se nunca nos arrependêssemos seria nosso dever e obrigação, perguntar: como deixamos chegar a este ponto? O silencio indica uma sociedade sem audição. Rendida ao berro crônico. Pois o recesso não é mais do parlamento, o clima é de cancelamento geral. Fomos apresentados para um outro carnaval. Não queremos mais ouvir, decerto nem ver. O que será que nos paralisou? Estreitamento, mesmo os mais entusiastas podem precisar conceder. A pátria, postergacionista, induziu alienação, revolta e submissão. Por isso não se enxerga mais meio do caminho. Qualquer trilha é precária, derrapante e insegura. As clareiras, rondam brasas. Os atalhos, tomados pelo reducionismo típico. Na performance do governo, a instalação provisória. Nós, civis amadores, gente que até esteve confiante, quer vencesse um ou outro, pouco importa, perdedor ou ganhador, iriam ambos, em nossa imperdoável ingenuidade, nos assegurar a vida. Mas a República, recém dilacerada, foi entregue à legião de anti ourives. Regressamos ao beco, de onde nunca pudermos sair. Uma quadra atacada pelos vícios da violência. Cercada pelo império do descuido. Sitiada pelos maestros do descompasso com seu orgulho sem sentido. Podemos ter falhado, decerto capitulamos impotentes frente à estupidez. Sem dúvida, alimentamos a anomia com nossa mania por desmentidos. “Não, eles não fariam isso”. “De forma alguma ousariam”. “São alarmismos, invenções e disparates, ninguém subjugaria todo o Estado”. Pois é por isso mesmo que persiste a esperança. O paradoxo não poderia ser mais brutal. Na aceleração de um blackout moral e no empuxo de um abandono sem precedentes, uma forma toma corpo. Sem nome e sem passado a responsabilidade pessoal, irrigada pelo colapso, pleiteia espaço inédito. Em meio aos disparates e às buzinas acabaremos reencontrando a voz que sufocáramos. Uma resposta aos enganos. Aprendizado doloroso, ética parece discurso desqualificador. Será portanto um carnaval único, reconstituído a partir da incompletude das cinzas. O trajeto não será longo, na verdade, seguirá breve. Da paralisia à alegria, o bloco partirá rumo ao desconhecido. Se alguém ainda se preocupa com os solavancos basta levantar do trem para enxergar o que já deixamos para trás. É pouco provável que alguém se arrependa. E, mesmo que sim, o destino, que não costuma ser revisionista, decretará o recomeço. Trilhos não faltam.

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Inautêntica Liberdade (Blog Estadão)

13 sexta-feira nov 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Blog Estadão Rosenbaum, desgaste moral, Inaut6entica Liberdade

Inautêntica liberdade

Paulo Rosenbaum

lenienciaXXXjpg

13 novembro 2015 | 10:36

Tudo voa e escoa, na leniência, no desgaste moral, na ousadia recolhida. A paz não é, nunca foi clemente. Quem suporta sacrifício, termina na resignação. Chora a compaixão para reboca-la ao céu. É a leniência, cobrando o preço sem parâmetro. Um coro fechou na frase “aceitaremos qualquer coisa”. Ainda obscuro, há algo entre a caretice e o revolucionário. Um hiato que ninguém decifra. Não é o medonho vazio que devemos temer. Nem a aspereza do sem sentido. É essa servilidade, a aceitação incondicional, a passividade mórbida. Eis os monstros insubjugáveis, indomáveis e aflitivos, que nos facultaram o abismo sem precedentes. De que outra forma explicar miríades de mortes evitáveis? Pode ser por lama, ciúmes, ou baionetas urbanas. Acidentes que não são causas naturais. Fatalidades são fatais para os desprotegidos. Nenhuma cartografia é espontânea. Alguém traçou estes mapas. Não é de agora, mas é que o hoje ofende mais. Degrada ao exagero. A política não responde mais aos chamados e a civilidade tem seus limites. Coincidem com os da cidadania vilipendiada. As ruas poderiam, contidos os desperdícios de convocações inúteis, mostrar que só de uma outra forma será possível. A sociedade se transformou, sob o imobilismo em suas formas de representação. E quem não tem medo dos motins? Das aventuras sem controle? Das marchas invasivas? Da violência em espasmos? Mas já não vivemos algo similar? O selvagem já não imprimiu seu ritmo? Quem ainda tolera a cronicidade dos enganos, desmandos e disfarces? Nunca o cinismo encontrou tanto respaldo. Tantas caras sérias, cantores e escritores fazendo estranhas concessões ao arbítrio. Não há mais vexame intelectual em capitular ao autoritarismo instrumental. A remuneração em medalhas. Num governo impensável, a ilegitimidade fermentou o fisiologismo extremo. A noite, ao modo da casa, esparramam seus soldadinhos pelo mundo. Como praga vitalícia, se repetem mundo adentro. Alguém precisa gritar chega. Não podemos mais nos entregar ao oficio da imolação. Ninguém mais implorará nada. Os desterrados estão, de novo, na mira dos covardes. Não aprendemos a lição e estamos levando um quinau. Na trilha das construções destrutivas assistimos o projeto embrionário do tirano. O ilídimo em triunfo. Se há esperança, ela não está acusar outros, mas reconhecer, estamos submetidos a um regime rente à exceção. Findo o espaço para concessões e com as instituições em seus limites operacionais. Nos caminhões ou sob o barro, nas caravanas ou nas casas, nos prédios e nos pátios, só uma chance para que a grande indignação não se esfole no vazio. Mudar o rumo. Parar tudo, até que o acordo leve em conta as vozes travadas pela engenhosa opressão. A mais ardilosa dentre todas, a inautêntica sensação de liberdade.

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/inautentica-liberdade/#
Tags: Blog Estadão Rosenbaum, desgaste moral, engenhosa opressão, inautêntica liberdade, Leniência, passividade, sanha totalitária

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Retrocesso e Equivalência (Blog Estadão) #AgoraÉQueSãoElas

08 domingo nov 2015

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Blog Estadão Rosenbaum, Retrocesso e Equivalência

Retrocesso e equivalência

Paulo Rosenbaum

08 novembro 2015 | 03:19

retrocessoIII

Mais uma tese arguida, e de novo, predomínio temático. A palavra mais usada na última semana? Retrocesso. Usada como troca de acusação. Troquem progresso por sucesso. Recesso por recuo. Mudem estampas. Mexam nas cores. Rosa e azul, turquesa ou branco. Uma confusão dessas só pode se estabelecer em terreno de ideias colonizadas. Mudamos para uma frequência abertamente iletrada. O antônimo de ideológico chama-se agora confrontação. O oposto de reflexão, contestação. Toda discussão sobre gênero, irrelevante. Manifestem-se ainda que tarde. Invadam sem dó. Vale abolir a autocensura. Divulgar o que der na tampa. Emitir plebiscitos unitários. Enaltecer o monologo. Trata-se da erotização do vale tudo. O grande juri de uma só pessoa. A glamorização da estupidez. O estilo? Sempre livre e direto. Para os cultores das opiniões formadas o que conta é deitar dedo no teclado. O que vale é soltar o verbo. Não ler a fundo, virou virtude. Ocupação formal, coisa para boçal. A arte, um toque decorativo. A cultura, luxo recreativo. Toda penalidade, e suas variações desagradáveis — sanções, prisões, restrições e moralizações — devem ser abolidas. Não há, nunca houve déficit fiscal, pedalada institucional ou acordo nacional. Um estoicismo de resultados foi fumado e bateu. Está levando todas. A regra vai ficando clara, não há regras. A corrupção, ofuscada pela maquiagem. A lei, golpismo disfarçado de justiça. A constituição, uma carta de intenções, mal redigida e sub digerida. Todo processo está sujeito ao avesso da interpretação. O contraditório depende da oratória. E as provas documentais são desatinos acidentais. Afinal, o que é retrocesso? Literalmente? Andar ao arrepio, tornar à vaca fria. Político? Aqui, agora. Analogicamente? Retrocesso é um borracha amnésica, que sempre volta para recusar a devida equivalência entre as pessoas.

Minha contribuição ao #AgoraÉQueSãoElas : um microconto de Lydia Davis extraído de seu “The collected Stories”, um trecho do mestrado de minha esposa, a psicóloga Silvia Fernanda Rosenbaum “Permanência e transformação: a paternidade”, além de uma poesia da estudante de design de moda, atriz e poeta Hanna Rosenbaum.

Insomnia by Lydia Davis

My body aches so —

it must be this heavy bed pressing up against me

*****

Silvia Fernanda Rosenbaum

Os símbolos culturalmente disponíveis, sendo com frequencia contraditórios, têm suas possibilidades metafóricas limitadas pelos conceitos normativos. Estes são prescritivos, afirmando o masculino e o feminino através de dogmas religiosos, educativos, científicos políticos ou jurídicos.

Se tais campos doutrinários podem ter sido – e o são – abertamente contestados, segundo Joan Scott a história posterior é escrita como se estas posições normativas fossem o produto do contexto social e não do conflito. A mitificar o presente – o novo pai — através de uma narrativa sobre um passado consensualmente retrógrado — o velho pai — a hierarquia de gênero atual é obnubilada, apagada, em certo sentido negada. A hierarquia de gênero é coisa do passado. Neste sentido é possível concordar com Lallemand, quando afirma sobre a puericultura francesa: tudo tem que mudar para que tudo fique igual.

*******

Hanna Rosenbaum

Mata que cresce nas artérias,

Tanta flor de cimento,

concreto e argamassa,

não quebra,

não desarma,

edifica mais muralha,

Cada andar uma ferida que seca,

cicatriza por fora,

derrete por dentro,

Barreiras sólidas,

Planejadas a tanto tempo,

E o desejo eterno,

De que um dia,

Algum trator arrebente

*****

Tags: #agoraequesaoelas, Blog Estadão Rosenbaum, definição de retrocesso, genero, Hanna Rosenbaum, Lydia Davis, pedalada fiscal, Permanência transformação: a paternidade, Retrocesso, retrocesso e equivalência, Silvia Fernanda Rosenbaum

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/retrocesso-e-equivalencia/

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Geração espontânea e terroristas avulsos (blog Estadão)

14 quarta-feira out 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Blog Estadão Rosenbaum, desonestidade intelectual e acusações de apartheid, geração espontânea e terroristas avulsos, Israel

Geração espontânea e terroristas avulsos

Quais as etapas que um sujeito deve percorrer entre entrar em seu veículo, escolher o alvo, acelerar contra este a uma velocidade significativa, abalroar uma ou mais pessoas, descer do veiculo e golpear à faca, adaga, lâmina ou machadinha até acabar com uma vida? Há um terrorismo exposto e um latente prestes a irromper. Quais as chances de que uma epidemia homicida atinja várias mentes sincronizadamente? Pois os cidadãos de Israel tem sido alvo de múltiplos e sistemáticos ataques terroristas. Os fatos, porém, tem sido expostos de uma forma surpreendentemente neutra. Sob as vozes monotônicas e testeiras eletrônicas da mídia televisiva, tem-se a impressão de que os ataques precisam ser naturalizados. Terroristas avulsos surgiriam às dezenas ao modo de geração espontânea. Ações terroristas ex-nihilo se propagam sob a ação de esfaqueadores em transes assassinos. Da forma como nos apresentam os eventos, a impressão é que, subitamente, uma parte dos palestinos e árabes israelenses — os perpetradores dessas ações contra alvos civis inocentes — tiveram, ao mesmo tempo, a mesmíssima inspiração. A sensação quase subliminar que se pode ouvir ao largo das transmissões é ambígua: “um horror”, e ao mesmo tempo “devem ter feito algo para merecer”.

Quem não reconhece que a raiz profunda desta e de outras crises passadas e futuras são os erros políticos recorrentes dos governantes israelenses e palestinos em achar uma solução para a tragédia que se abate sobre os dois povos? O perturbador é que parte significativa da mídia insiste em pulverizar os atos nitidamente terroristas como “sublevação legítima”, “insurgência política”, “resposta à ocupação”e, mais recentemente, o criativo “fúria contra a proibição de fiéis muçulmanos rezar na esplanada das Mesquitas”. A notória má vontade da mídia mundial com Israel e seus habitantes teria origem num antissemitismo latente? A desonestidade intelectual estacionada em acusações irresponsáveis como a de que ali vigora um “regime de apartheid”? Essa latência floresce irrigada a cada mínima gota. É como se um argumento subliminar estivesse a postos para ser sacado contra a mítica pré condenação judaica. Manchetes omissas diárias — sem contar as abertamente judeofobicas dos jornais árabes e iranianos — estampadas nas páginas de jornais terminam inculcando uma percepção completamente distorcida da realidade social e política da região.

Abundam questões territoriais, jurídicas e culturais em permanente disputa, mas quem é curioso ou cultiva um pouco de amor à análise política sabe que Israel é um dos países com maior liberdade religiosa e de gênero em todo o mundo, e, decerto, o mais multicultural entre as nações do oriente médio. E, com todos os defeitos inerentes implicados, uma democracia estável. Pois as pessoas deveriam também saber que o desenvolvimento econômico nos territórios palestinos está entre os maiores registrados na região e não é fortuito que a taxa de escolaridade por lá também seja bastante alta. Não há nada de fortuito ou coincidência mística que o novo ciclo de ataques tenham se iniciado alguns dias depois do discurso do presidente da autoridade palestina Mahmoud Abbas, quando declarou que considerava nulos os “acordos de Oslo”. É sintomático que o anúncio tenha sido feito num momento histórico no qual o relevância do conflito esteja em evidente declínio na agenda dos países ocidentais. Com tópicos quentes como guerra civil na Síria, estado islâmico, Ucrânia e fortes indícios da retomada de uma novíssima guerra fria, o imbróglio palestino-israelense não é mais prioridade para ninguém. Abbas captou a nova realidade e talvez tenha pretendido instrumentalizar uma escalada para recobrar a relevância perdida. Porém, a conclamação ao ódio e à indução ao terror, ainda que cifrada, é um novo e perigoso precedente na escala de equívocos políticos. No reino dos justificacionismos não há, nunca houve, solução para contendas. A busca pela pacificação é provavelmente um dos impulsos mais contra-instintivos em nossa espécie. Quando não existe ninguém realmente pensando em paz, o vazio pode vir como signo de guerra. Oxalá o futuro nos reserve menos lamentos e mais civilização.

Geração espontânea e terroristas avulsos

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Exílio entre nós (Blog Estadão)

30 quarta-feira set 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Blog Estadão Rosenbaum, democracia, exilio entre nós, juízo, justiça

Exílio entre nós

Paulo Rosenbaum

30 setembro 2015 | 13:08

exiliox

Entre nós e o exílio

vigora o deserto,

mirem o planalto,

 o poder tingido

exílio entre nós,

Num desterro cantado

uma sombra, vincada

no sal espesso, trincado

o palácio esvaziado

Nos céus, a justiça flutua,

no cronograma tardio

no senso acrobático do destino

aprisionado pelo poder, desatino

Entre nós, exílio, último gatilho.

Governados pela omissão

Nas marcas adulteradas da democracia

alguma resistência resgataria a missão,

Modular forças, fazer cessar a tirania

Entre nós e o exílio, a corte

Olhar para o futuro é desfolhar o rústico do passado,

é esquecer que tudo está dado

 numa outra unidade de tempo, recomeço esperado

que cada um saiba reparar

o que ainda há para salvar.

Tags: do justo e da justiça, entre nós e o exílio, Justiça, o exílio entre nós

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Reparo e Perdão (Yom Kippur) (Blog Estadão)

22 terça-feira set 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Blog Estadão Rosenbaum, dia do perdão, Reparo e Perdão, yom kippur

Reparo e perdão (Yom Kippur)

Paulo Rosenbaum

22 setembro 2015 | 16:27

Perdão como Bordão

Esqueçam simetria. Desfaçam equilíbrios. As balanças hoje podem perder qualquer relevância. Perdão é desrazão. Afinal, qual sentido teria conceder anistia sem reciprocidade? A concessão é irracional. A unilateralidade é enganosa. O bordão chamado perdão é perturbador. É quando nossa insônia precede a gentileza. Quando o humor enfrenta seus decretos. O desafio é lento e violento. Perdão poderia ser um método, uma instância operacionalizada na fraternidade. Antes de desligar, pense no desproporcional esforço para contratar o sentimento oposto. Habitualmente, escolhemos a disputa. Enquanto o ódio é uma meta, a tolerância não recompensa. O perdão nada repara. Há, portanto, um indulto que nos agrega e existem ofícios sem justiça. Por outro lado, precisamos reconhecer o imperdoável. Há uma ofensa contra todos os homens, imitigável. Nesse caso, perdão algum pode revogar o ônus. E o que entendemos de rancor? Para o talmudista devemos aprender com as crianças: “as crianças escolhem ser felizes do que estarem certas”. No repente pouco psicanalítico poderia nos ocorrer esquecer para avançar. Renunciar à pressa dos vereditos. A justiça exige espaço. Nós, pacificação. O perdão não trás quitação, cicatrização, anulação ou redenção. O perdão nos obriga a renunciar às certezas. Trata-se de fenômeno antinatural que confronta as leis da adaptação. Abrir mão dos argumentos é aceitar não julgar. Se a beleza do dia do Perdão nasce desse paradoxo, sua ética perdura pela simplicidade: viva e deixar viver.

Tags: Blog Estadão Rosenbaum, dia do Perdão, Reparo e perdão, talmudista, viver e deixar viver, Yom Kipúr

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Não significa nada! (Blog Estadão)

10 quinta-feira set 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Blog Estadão Rosenbaum, não significa nada

Não significa nada!

Paulo Rosenbaum

10 setembro 2015 | 19:21

binario

Asymbolia – Termo sugerido por Finkelburg que denota a perda do poder de formar ou compreender qualquer sinal ou símbolo do pensamento, seja falado, escrito ou por atitudes)

Não significa nada. Faça exatamente isso. Ignore, ignore. Mesma ladainha desse bando de ingratos. Não tem nada disso. Não acredito nem em indícios, nem em símbolos. Tire tudo isso da minha frente. O que se faz com esses índices aqui? (Ruídos de pastas sendo arremessadas) Tudo negativo? Mudem para positivo. Se não der finjam, que não ouviu, não sabe, não conhece. Sabe o que é isso? Uma borracha. Que contabilidade criativa o que. Temos que nos defender desses especuladores. Viu como tudo se ajeita? Estúpidos, não entendem nada. Nós fizemos direitinho, nós chegamos lá, e tem mais uma coisa, nós não precisamos de ninguém. Viu nas eleições? Democracia se faz com homens e marketing. Já pode ir bolando o slogan de 2018, viu? O povo? O povo é aquele mal necessário. Não, não é bem que não os ame. (Voz baixa) Os celulares estão fora da sala? Como ia dizendo, amo, tenho carinho todo especial pelos mais pobres. Mas, se formos deixar na mão deles, onde vamos parar? Depois, aos poucos, vamos colocando na cabecinha deles que partidos não prestam. Agora temos que ensinar que são todos iguais. Nós sabemos o que fazer. Ah, se eles nos deixam fazer. A coisa anda. O que? Enxugar a máquina é uma grande bobagem. Eles querem pagar menos? Vão pagar mais. E além do que, onde iríamos ajeitar todo nosso pessoal? Não é por aí. O importante é que tem que ser do nosso jeito. Isso aí de impeachment não vai funcionar. Sabe por que não? Medo. Eles tem medo. E essa oposição quer o abacaxi? Só nós sabemos descascar. Tá todo mundo no lugar certo. Eles conspiram mesmo, mas sabem que no dia seguinte vamos fazer a maior oposição que este País já viu. Para com isso. Ninguém tem peito. Isso aqui é cargo vitalício. (Tapas na mesa) 4 anos. (Palavrão e tapa na mesa) Não há quem me tire daqui. Sabe o que me dá segurança? Posso fazer qualquer coisa que, no fim, passa. Eles já se conformaram, não é meu querido? (Ruídos aborrecidos) Por que essa carinha? Tá preocupado com 2018? Vai por mim, até lá consertaremos tudo. Não foi assim com o mensalão? O pessoal esquece fácil, viu? Curitiba? O que tem Curitiba? Lá está frio, o inverno é que tardou. (Risos abafados) Não tem nada de maquiagem aqui não. Chegou a hora do plano B. Vamos agora começar a falar de união nacional. “Agenda Brasil” é perfeita. É vaga, é ampla, é o nada que tanto queríamos. não engoliram? Vão engolir. Sabe aquela turma que você falou? Esses mesmos. Gente simpática, alta, bonita. Só o gênio aqui para pensar naquele cara para prefeito. Deu certo. (Ruídos de satisfação, princípio de aplausos) Não, ninguém precisa entender de administração como eu. Gerencia eu domino. (Cadeiras arrastadas) É isso dai. Vamos pegar mais um que não assuste a classe média. Professora está se coçando toda? Dão arrepio? Eu sei filha, mas eles são necessários. É etapa histórica mestra. Depois a burguesia acaba. E ai é correr para o abraço dos milhões, e pumba, o paraíso na Terra. (Ruído de tapas contra a própria mão) Vamos distribuir justiça, a nossa justiça. E quem precisa de liberdade? Estou te achando meio cabisbaixo. Faz o seguinte, não leia mais nada, desligue a televisão. Rádio, escolhe só música neutra sem letra. MPB agora não estou gostando tanto. Show em Nova Iorque? Nunca. Você está me preocupando, conheço essa sua cara. Vai desanimar agora que estamos superando? Bufaram por que? Por que justo agora? Isso aí? Grau de investimento é bobagem. Viu nosso líder ontem? “Gringos não entendem nada de Brasil”. Ministro? Cadê o Ministro? Viajou para onde? Nunca ouvi falar. Mas é até bom. Vocês nem gostam tanto dele. Claro, eu também tenho lá minhas duvidas. Querido? Você não sabe interpretar. Tudo é aparência. Vamos torrar tudo em programas pagos, vamos nas redações, entrevistas em jornais, redes sociais. Percebeu como agora estão pegando mais leve? Contenção? Você, por favor, pelo menos aqui dentro: esqueça essa droga de palavra. Isso é lá para fora. Vamos dizer que está tudo sob controle. Já discuti isso: a gente é quem faz a realidade. É tudo questão de convencer a Pessoa. O que houve, falei alguma besteira? Por que estão com essa cara amarrada? Ah, desculpe. Esqueci que combinamos não falar esse nome. Querido? Pode fazer o resumo dessa ata de hoje? “Nós contra a rapa” Taí, gostei. Vamos usar!

Tags: Agenda Brasil, Blog Estadão Rosenbaum, cargo vitalício, eleições 2018, impeachment, não significa nada, nós contra a rapa, Zoilo

Não significa nada!

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