• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico

Paulo Rosenbaum

Arquivos da Tag: utopia

Não é porque (blog Estadão)

07 terça-feira jun 2016

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centralismo partidário, conto de notícia, decisões judiciais, democracia, hegemonia e monopólio do poder, justiça, não é porque, paulo rosenbaum, poesia, significado de justiça, utopia

Não é porque

Paulo Rosenbaum

07 junho 2016 | 12:19

Não é porque removemos o entulho que podemos aceitar tudo, não é porque fomos as ruas que nos submeteremos à qualquer faixa, não é porque o crime compensa que nos tornaremos cúmplices, não é porque o progressismo falhou que seremos adeptos do atraso, não é porque a vigilância está mais atenta que aceitaremos o Estado Policial, não é porque a contaminação é geral que a infecção é a mesma, não é porque estamos em casa que as ruas não podem reaparecer, não é porque quem deveria nos representar falha, que a representação faliu, não é porque estamos sem uma boia intacta que usaremos o penúltimo prego, não é porque eles tem foro privilegiado que a maioria merece injustiça, não é porque as indicações foram feitas que a contabilidade de favores pode persistir, não é porque o Poder nos insulta que precisamos recusar a governabilidade, não é porque eles são nacional-desenvolvimentistas que estão errados, não é porque persistem na seletividade dos alvos que aceitaremos tiro ao alvo, não é porque eles foram grampeados que todos nós recusaremos garantias de privacidade, não é porque elegemos heróis que nos cegaremos ao narcisismo, não é porque temos paciência que o inflamação não cresce, não é porque desejamos paz que abandonaremos os motins, não é porque empobrecemos que a dignidade passou a ser um luxo, não é porque perdemos a inocência que hostilizaremos a pureza, não é porque as prisões pululam que teremos equidade, não é porque estamos confusos que não reparamos nas cores, não é porque a corte é soberana que aceitaremos absolutismos, não é porque naturaliza-se a exceção que ela deixa de ser selvagem, não é porque falta civilidade que a cidadania está perdida, não é porque o outono se prolonga que o inverno será relapso, não é porque enxergamos a insanidade que perderemos a lucidez, não é porque estamos aflitos que cassarão nossa voz, não é porque a espiritualidade se desorganizou que submergiremos na matéria, não é porque tudo foi se concentrando que a distribuição será barrada, não é porque os bolsos da pessoa física não se encheram que usurpar o Estado deixou de ser hediondo, não é porque estamos quase paralisados que esgotamos a vitalidade, não é porque preferimos a tolerância que não seremos contundentes, não é porque quem obstaculiza a justiça é quem deveria promove-la que o delito prescreve, não é porque um timing se impôs que ele veio na hora certa, não é porque sou eu quem digo que todos os demais não possam sentir de forma semelhante, não é porque as crianças estão sem infância que nós temos o monopólio da maturidade, não é porque a anomia chegou que não precisamos de parâmetros, não é porque a justiça social se arrasta que ela não avança, não é porque a compassividade nos inunda que a parcialidade pode prevalecer, não é porque podemos entender as motivações dos perversos que eles devem ser tomados como vitimas, não é porque nossa passividade é ancestral que as paixões foram extintas.

E por que ainda estamos aqui, e não lá fora, para berrar não?

Não é porque

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Por uma cultura não perversa (blog estadão)

18 quinta-feira fev 2016

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blog conto de noticia, Blog Estadão Rosenbaum, conto de notícia, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, Por uma cultura não perversa, utopia, violencia

Por uma cultura não perversa

Paulo Rosenbaum

17 fevereiro 2016 | 21:09

Não é o caso de ser contra ou anti. É preciso assumir: uma cultura não perversa é um ponto fora da curva. Ou não estamos todos em um estado a beira da saturação? A  intolerância é uma arma escura. O perverso não é aquele que se defende ou ataca, tanto faz se governo ou oposição, mas é aquele que força a prerrogativa de uma razão desligada do mundo, alienada dos compromissos com o além do si mesmo. O perverso é aquele que, não contente em ser hegemônico, desqualifica o mundo, dobra a realidade, invade a imaginação e reifica o mito para infiltra-lo na cultura. E assim coagi-la a todo preço e custo.

Como afirmou Carl  Gustav Jung, não são os homens que estão doentes, os deuses e suas mitologias que ficaram dementes. A política é apenas a face aparente dessa deterioração. Não estamos ouvindo as formulações do senso comum despejadas nas redes e escoadas pelas ruas? Com paus, máscaras e pedras? Aquelas que acionam as mais inespecíficas condições genéricas, quando a única esperança recairia na reafirmação do sujeito, o único com potencia para resgatar a sociedade?

Sim, ouvimos tua indignação, toleramos a indelicadeza, ouvimos teu enojamento seletivo e, agora, é preciso confessar, só conseguiremos respirar sob outro diapasão. Só se vê modelos esgotados em repetições circulares. Múltiplos exauridos e descerrados. Numa sincronia apática é como se todos os originais tivessem ensurdecido ao mesmo tempo. Como se as novidades não pudessem mais circular. Mas a norma do relógio é disparar, à revelia de nossa desatenção. Por que permitir que nos arrastem através dos vingadores anônimos? Prefiro que refaçam suas próprias penas e, ao custo das consciências, ressarçam o que nos subtraíram. Numa democracia principiante, quando uma mentira lava a outra e não há mais forças emancipadas, poder-se-ia especular sobre a subsistência e até mesmo duvidar se testemunharemos ou não um futuro saudável.

Em nossa insuportável ingenuidade a separação dos poderes seria a garantia das liberdades individuais. Quem iria supor que um lacre gigante estabeleceria tremenda co-dependencia no lugar de autonomia?  Co-autoria no lugar da reafirmação de identidades e funções. As exceções não conseguem mais suprir a norma. E é essa mutação que vem submetendo a Republica a ponto de torna-la irreconhecível. É como se mudássemos para uma chave que já nada abre. E, uma vez escolhida, ninguém mais pudesse se arrepender por ter sufragado um projeto tão nocivo e abrangente. Curiosa essa exceção. Os criminosos podem merecer perdão, os acontecimentos do destino podem exigir reparo, e até um pequeno deslize na calçada pode resultar em ressarcimento pelo administrador do território. Mas o sistema parece já ter escolhido seu lado: prefere proteger o opressor à vítima. O Estado tornou-se perigosamente autosuficiente e descolado do suporte. A ponto de descartar seus súditos? Exagero? Um espírito subjacente pode até vir a ser e no final mudar tudo. Os indícios não são estes, pelo contrário, o que torna nossa desconfiança cada vez mais procedente. E se assim fizeram para desconstruir o mínimo já conquistado? E se orquestraram para desmanchar o apelo civilizatório? Não será agora, nem imediatamente, mas uma hora teremos que responder: se não queremos ser Kiev nem Caracas, será preciso algum espírito de antecipação, ou capitulação.

Tags: a perigosa autosuficiencia do Estado, Carl G. Jung, cultura e política, direito ao arrependimento, Kiev e Caracas, mitos dementes e homens doentes, Por uma cultura não perversa, separação de poderes

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Senhor de Baraço e democracia – Blog Estadão

15 sábado fev 2014

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autocracia, democracia, hegemonia e monopólio do poder, liberdade, manipulação, mensalão, significado de justiça, utopia, violencia

Conto de noticia
Conto de Notícia, Paulo Rosenbaum
15.fevereiro.2014 21:11:09

Senhor de baraço e democracia

 

Democracia líquida

Eles ainda acreditam em Stalin, eu duvido de mim mesmo. Eles têm convicção, nós oscilamos. Vivem dizendo que os outros não prestam, enquanto é óbvio que a maioria tem valor. Segundo eles, quem se opõe é cara de pau desalmado. E o espírito lá sobrevive sem contrapontos? Em suas governanças, desavenças asseguram o poder. Pregam que arredar pé é sinal de fraqueza. Como nada está garantido, é necessário apreciar quando o vacilo está coberto de cautela. Naturalizar os abusos não desconfigura a aberração e nem é porque estão vendidos que somos compráveis. Eles tratam, preferimos cuidar. Eles se ocupam em dividir o que estava em vias de unificação. Melhor compartilhar a ditar os consentimentos. Eles discriminam, nós assumimos as preferências. Manipulam a esquerda, usam a direita. A gente não se anima mais com alinhamentos, nem lado algum. Enquanto criam alardes, apreciamos a reserva. Diante da agitação, recolhimento. Euforia, atenção. Porrada, delicadeza. Improviso, algum planejamento. Destempero, circunspecção. Oportunismo, justiça. Balas de borracha, pneus para boiar. Dossiês secretos, arquivos abertos. Dedo em riste, aperto de mãos. Personalismo, ideias. Destempero, diálogo. Estratégia, convívio. Maniqueísmo, aceitação dos contrastes.

Autocracia, democracia.

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Junho de 2013 nunca será maio de 1968 – Blog Estadão

11 quarta-feira dez 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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anomia, junho de 2013 nunca será maio de 1968, natureza da revolução, oligarcas do partido, racialismo, utopia

Conto de Notícia, Paulo Rosenbaum

11.dezembro.2013 20:36:59
 

Junho de 2013 nunca será maio de 1968

                                                  

Na época até se cogitou. Nunca estivemos tão próximos da transformação. As motivações afluíam às ruas em pautas espontâneas, numa imensa maré justa. Na Paulista, alguém pichou no muro do banco “it’s revolution, baby”. O promissor é que parecia um motim pela utopia. Mesmo contra quem tomou a iniciativa, as marchas não tinham originalmente caráter socialista, capitalista, anarquista, nem sindicalista. O problema, descobrimos depois, é que não era nada. Não saímos do lugar. De lugar nenhum para lugar algum. Graças à força, tanto maciça como difusa, nada, absolutamente nada, mudou. Se o país acordou diferente, resubmergiu, letárgico, deficitário e mambembe. Um movimento que se recusou a crescer da potencia para o ato. Se há uma razão para o paradoxo? Ainda não avaliamos a capacidade do poder amortecedor do tipo de Estado que está sendo erguido no Brasil. Ninguém de fato apreendeu a extensão da metáfora “uso da máquina”, o motor obsedande do poder central.

Mas se não recebemos uma reforma política, trouxeram-nos bodes expiatórios. O fato é que vivemos já num país policial que não só tolera, como naturalizou a violência. As inéditas punições desvelaram mais o sistema de privilégios políticos que a justiça. A chave do jogo é antiga como a história, todas as cartas estão marcadas. O poder assimila e neutraliza qualquer golpe. Sempre que a notícia estarrecedora vazar, artesãos de dossiês serão acionados. É na base da embromação que violações sistemáticas contra a liberdade de expressão podem se igualar a um acidente rodoviário, brigas de torcidas ou….a um decote. Onde a discussão sempre migra ao lugar errado e a indignação do final de semana acaba na segunda, na terça ou é sepultada na quarta de cinzas. Não é bem que sejamos um povo sem memória, somos o país da desmesura. Não compartilhamos uma medida básica, evidente e racional: direitos precisam se ajustar aos deveres. Como se explica que alunos jurem um professor de morte sem que toda pedagogia esteja comprometida até a medula? Pois este é o dia a dia de quem ensina.  Um país onde o direito ao privado, inclusive à propriedade, é ameaçado toda vez que nas plenárias, se inflamam os oligarcas do partido. Já suportamos demais. Aceitamos a concepção racialista se impor na base da canetada, o clientelismo que passou a ser, senão a única, a principal política de inclusão social.

O cidadão não pode ser culpado por políticos não terem compreendido a dinâmica histórica que transformou radicalmente o mundo. O analfabetismo e a ingenuidade política subsidiam a regressão e o anacronismo que tomou posse da América Latina. Se é exagero por que choques civis se espalham nas grandes cidades argentinas e milícias paranoicas se ampliaram na Venezuela? E o que será que nos espera por aqui? Decerto teremos mais um ano tumultuado, onde manifestantes não ultrapassarão a ideologia do estorvo, prejuízo coletivo e a destruição.

Por isso, junho de 2013, nunca será maio de 1968. A única coisa comum entre as datas pode ser o signo do fracasso.

Mas, se em Paris os professores e estudantes tinham algum valor e voz na sociedade, e só por isso, puderam se insurgir com consistência, no nosso caso, por cooptação, medo e manipulação, corremos o risco de morrer em praias incontinentes. Antes, muito antes que qualquer utopiazinha nos dê o ar da sua graça.   

Para comentar use o link

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/junho-de-2013-nunca-sera-maio-de-1968/

 

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Utopia dos Párias

31 quinta-feira out 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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farelo, Thomas More, utopia, utopia dos párias

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Jornal do Brasil

Quinta-feira, 31 de Outubro de 2013

 

    Coisas da Política

    Hoje às 06h00

    Utopia dos párias

    Paulo Rosenbaum – médico e escritor 

    Todos chocados com a frase do parlamentar que disse às claras que o fim dos mendigos deveria ser virar “farelo para peixe”. O escândalo é incompreensível tanto quanto falsa a indignação. Os assim chamados párias da sociedade, aqueles que nunca lerão páginas digitais na internet, já vivem como ração ambulante.

    Os milhões de esmagados na pobreza absoluta são seres residuais, vivem por inércia. Não atraem a preocupação do Estado ou da sociedade, a não ser pelo incômodo de lembrar que muitos não vão tão bem assim. Um dos motivos da exclusão dos miseráveis, também autoexclusão, é que não são contribuintes, e portanto, nesta lógica, seria cabível negar-lhes o estatuto de cidadãos, conforme declarou o nobre representante do Poder Legislativo. Os paupérrimos oneram, porque nos pressionam com sua existência. É como lembrar todos os dias uma dívida não saldada: quanto mais queremos esquecê-la, mais ela aparece. Quando passamos por um pedinte, pensamos que o Estado deveria fazer alguma coisa por ele. Os mandatários por sua vez — menos o senhor Farelo —  ao deparar com um desses pedintes, maquina novos cálculos para que a sociedade os subsidie. No vacilo entre as partes, ninguém faz nada, enquanto o mendigo continua revirando o lixo. O fato é que um dos motivos pelo qual recolhemos impostos é exatamente esse, que o arrecadador ofereça assistência e trabalho — não mesadas — a quem perdeu a capacidade de subsistir. Há muito tempo isso deixou de acontecer no Brasil.  

    Já a classe média, tanto a que subiu como a que agora desce, espoliada por impostos confiscatórios, encontrou a escada terminal, uma espécie de emparedamento insolúvel. E a falta de perspectiva é também um motor para o desespero e a violência, especialmente para os jovens da classe média baixa, como podemos testemunhar todos os dias ao vivo ou na TV.  A originalíssima saída do poder foi reviver a fórmula arcaica: aumentar impostos e aceitar passivamente a pressão inflacionária. A sétima economia do mundo tem índices ridículos de disponibilidade de recursos para educação, mobilidade urbana e saúde, contra uma das maiores taxações do mundo. 

    Suscita curiosidade ainda maior entre milhares de parlamentares, membros do Executivo e burocratas, ninguém tenha tido a ideia de, no lugar de descarregar aos custos da ineficiência da administração pública no lombo desta camada social, já tão achatada, sobretaxar os bancos. Sim, afinal, eles tiveram por aqui o maior lucro líquido, dentre todas as instituições do mesmo gênero do mundo.

    Pressionar e arroxar quem tem menor poder de pressão pode soar esperteza, mas é escolha equivocada. Foi esta fatia social quem sustentou a fórmula que adiou a crise com consumo interno. Esta camada, odiada pelos intelectuais, desprezada pelos candidatos e abandonada à falta de articulação política, é a responsável por parcela significativa da receita do Estado. Forjada na alienação da ditadura, quando enfim teve a chance de empatar o jogo sob uma educação consistente, foi recompensada pelas autoridades com esmolas: saúde pública em péssimas condições, soluções tampão, sistema de ensino superado e cidades degradadas.

    Então, quem está ilhado? Fica a sensação de que a formulação que constitui os Estados contemporâneos mudou para “ilha de poder politico e econômico, cercada de párias para todos os lados”.

    Os párias? Todos nós. 

    Portanto, conforme escreveu Tomas More em seu sempre atual “Utopia” de 1516,  os membros do governo sempre se manifestavam a favor da manutenção de um exército subordinado de miseráveis já que: “A riqueza e a liberdade conduzem à insubordinação, e ao desprezo da autoridade; o homem livre e rico suporta com impaciência um governo injusto e despótico”. More concluiu contundente: “Os homens fizeram os reis para os homens e não para os reis, colocaram os chefes à sua frente para que pudessem viver comodamente ao abrigo da violência e dos ultrajes, o dever mais sagrado do príncipe é velar pela felicidade do povo antes de velar pela sua própria; como um pastor fiel, deve dedicar-se ao seu rebanho, e conduzi-lo às pastagens mais férteis”.

    Já que não podemos ter pastores fiéis nem pastagens férteis, leiam “Utopia”.

    http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/10/31/utopia-dos-parias/

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    Desate o empate

    17 terça-feira set 2013

    Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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    ação penal final, anomia, desempate, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, mensalão, significado de justiça, STF, utopia

    Desate, o empate

    Reis tombados, xeque-mate

    Torne crível, como todo jogo inesquecível!

    Xadrez_no_SupremoVIVFhttp://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/

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    Desrazão do perdão

    12 quinta-feira set 2013

    Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Na Mídia

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    armas químicas, ética de guerra, convenção de Genebra, dia do perdão, guerra, guerra civil, paz, perdão, Síria, sentido da guerra, utopia, violencia, yom kippur

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    Jornal do Brasil

    Quinta-feira, 12 de Setembro de 2013

    Coisas da Política

    11/09 às 18h05 – Atualizada em 11/09 às 18h27

    Desrazão do perdão

    Paulo Rosenbaum – médico e escritor

    Teremos valores inatos? Será a ética um deles? Um exemplo de como os critérios na atual construção social podem ser voláteis é que, por exemplo, a competição entre as pessoas é desejável. Isto é, é aceitável mencionar que “vença o melhor”, aquele que tem talento, ou “o mais dotado de habilidades” . Quem faz mais ganha mais. Mas, surpreendentemente, a verificação empírica deste axioma não passa da esquina. Não é mais pelo trabalho, nem pelo número de horas extras, nem mesmo a relação fiel que alguém tem com a  empresa ou local no qual trabalha. O que define hoje tudo é a network. O poder da rede de influências é que permite que a pessoa tenha mais ou menos oportunidades, e as vantagens da relação com o poder são óbvias. Trata-se, portanto, de uma meritocracia viciada.

    Um filósofo que aborde o sentido da ética pode ser interpretado como moralista e, portanto, corre o risco de perder sua credibilidade. Entretanto, sob a vigência do atual contrato social, a ética passa a ser um valor flexível e mutável como outro qualquer. Foi assim que os consensos entre as nações acordaram que armas químicas estariam extirpadas do arsenal militar.

    Historicamente, as temíveis “armas de destruição em massa” deveriam ser banidas, já que infligiam as leis éticas da guerra, escritas na célebre convenção de Genebra. Mas, se há uma ética para a guerra, deveria haver uma que regulamentasse a paz. E ela deveria prevalecer sobre as demais. Por outro lado, se dependesse dos pacifistas que não avaliam os contextos, ninguém teria enfrentado Adolf e suas máquinas de triturar partículas, povos inteiros teriam sido exterminados na África e muitas ditaduras estariam ainda em vigor pelo mundo.

    As razões éticas para uma guerra? Defesa pessoal, ameaça a um povo ou grupo de pessoas, tirania de uns poucos exercida sobre muitos. Enfim, a razão será sempre pródiga em desdobrar o material para fundamentar justificativas para os tambores.

    E quanto ao perdão? Há justificativas para que se perdoe alguém? Qualquer um? Todos? O perdão talvez seja o mais enigmático e deslocado dos atributos humanos. Nenhuma razão o alcança. Ele não se encaixa nas leis da evolução. Não se adequa aos exercícios de lógica. Não se adequa à teoria dos jogos, ele é, sim, frequentemente, confundido com ingenuidade religiosa.

    Portanto, é o sentido e o fenômeno que merecem, vale dizer, nos permitem um esboço de análise. Às vezes, decisões são difíceis, e há mais de uma resposta certa para a mesma pergunta. Uma guerra pode ser aética, suja, sangrenta e injusta, e muitas outras coisas, menos ilógica. Ela tem sido historicamente justificada, moralmente regulamentada, frequentemente exercida. Dizem que ela acontece quando se esgotaram os recursos. A incapacidade de dialogar, ou o risco de não promovê-la, representa um risco maior do que o contrário.

    A guerra não faz sentido: a não ser em condições onde todas as escolhas pela paz falharam, e, neste caso, como a paz é uma qualidade mediada, a omissão recairá sobre os agentes humanos e suas instituições. As nações e suas agencias têm demonstrado prezar a burocracia, as relações comerciais e a política. Ao mesmo tempo subestima a construção de conceitos compartilháveis de pacificação. A paz não vem imposta, prensada ou imposta, ainda que possa fluir unilateralmente.

    Os mesmos valores que permitem localizar o perdão como uma desrazão que ultrapassa o escopo lógico da natureza humana são aqueles que, paradoxalmente, podem nos salvar da destruição. Dar chance à paz é impor o desejo de fazer prevalecer o diálogo contra o silêncio do mundo.

    http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/09/11/desrazao-do-perdao/

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    Peçamos o inconcebível

    22 quinta-feira ago 2013

    Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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    centralismo partidário, embargos, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, justiça, manipulação, significado de justiça, STF, utopia

    • Ainda que o gigante pareça estar em crise de narcolepsia e a economia em turbulência, perdura a necessidade de acreditar que nossa jovem democracia avance.  Mais que isso, a fé se tornou um imperativo.

    Justiça seja feita. Nos últimos 20 anos conseguiu-se expressivo aumento do IDH da maioria dos municípios brasileiros. Malgrado o país tenha melhorado em muitos aspectos, especialmente na desigualdade social — ainda uma das 10 piores do mundo — não se conseguiu (coletivo, todos nós) inculcar na elite, nos dirigentes e na própria população uma das qualidades essenciais da democracia. Aqui há, sim, um principismo: que assumamos as responsabilidades.

    Sem esta qualidade viveremos em solavancos e de sustos. Revolucionar valores tem a ver mais com o mundo que valoriza qualidades do que com o que os grupos escrevem em suas plaquetas. Curioso é que parecem todos as favor. Se não há ninguém contrário às  mudanças, o que estamos esperando?

    Mas, e se as regras que permitiriam o resgate da cidadania estiverem cercadas pelas catracas do atraso e de um anacrônico sistema cartorial? E se  a burocracia continuar a engessar a liberdade? Sair por aí contestando sem foco, sem direção e especialmente sem princípios não é saída, é escapatória autoilusória.

    Crescer não significa abandonar ambições e expectativas, nem a derrocada da utopia que nunca chegou. O amadurecimento tem a ver antes com enfrentar as consequências dos próprios atos. Não que seja fácil ingressar no mundo adulto, mas é o que podemos exigir dos que postulam e ocupam cargos públicos.

    Sejamos sensatos, peçamos o inconcebível, quem sabe conquistamos o plausível?

    Os anarquistas que depredam as vias públicas são a antítese da revolução

    A maturidade ensina que a demolição prematura de instituições que apenas começavam a funcionar depois da redemocratização do país é o resultado de grave erro de avaliação. Na era do tempo real, sem verdadeiros pactos pelo consenso a governabilidade inexiste ou tem prazo de validade vencido precocemente. Não basta ter a soma dos votos e a maioria. Quando com um clique se convoca uma marcha pelas redes sociais, ninguém pensa no alcance prático disso. O protesto, que era manifesto, que era resistência, que era indignação coletiva, vem adquirindo uma autonomia escusa. E, como se sabe, a violência costuma ser o braço armado do autoritarismo.

    Não porque existem vândalos. Os anarquistas que depredam as vias públicas pensam ser revolucionários vem a calhar. Servem bem para construir repúdio por mudanças e mostrar quão pior pode ser. São, portanto, a antítese da revolução. Incorporaram-se à reação porque a sua preocupação está em mostrar força e negar qualquer tipo de poder. Ao mesmo tempo, investem-se de um poder maior, e fazem das multidões um aríete contra qualquer um. Dominados pelo narcisismo primitivo que distorce as imagens e os espelhos, não se enxergam assim. Mas não passam de reacionários perturbados. E eles não estão sós. Por trás dos mascarados que roubam e depredam está uma inimputabilidade inconsequente que o poder, com a anuência da sociedade, vem se outorgando. Pois, não se trata de uma outra via autoritária quando se criam foros privilegiados, justiça inacessível e/ou subordinada?  Quando ficam evidentes os critérios seletivos para o que se costuma chamar “igualdade de oportunidades”?

    Para cada autêntico beócio predador que se infiltra nos protestos há um correspondente que se esconde na vidraça blindada das autoridades, dos palanques, no palavreado autocongratulatório e nos discursos de posse. Trata-se da dupla face, ambas igualmente injustificáveis e daninhas. Só que  enquanto uma é televisionada, a outra permanece privativa em circuito fechado.

    E como a filósofa ensinou: quando se perde a autoridade, alguém há de clamar pelo autoritarismo.

    Coisas da Política – Jornal do Brasil

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    Impossível, eu escuto teu nome

    18 domingo ago 2013

    Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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    A Verdade Lançada ao Solo, abarcar o céu com as mãos, acabar no céu a rotação dos astros, aspirações impossíveis, assar qualquer coisa no bico do dedo, Definições de impossível, extinguir-se no planeta o calor central, impossível: eu escuto teu nome, inabordável., inacesso, paulo rosenbaum, poesia impossível, querer ter o dom da ubiquidade, utopia

    Nasa divulga imagens de planeta rosa

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    Quando a realidade parece inapreensível, recorramos ao impossível.

    Tomemos este, que é um dos seus mais significativos e sub explorados verbetes do dicionário.  Até o suposto defeito vira virtude na voz polissêmica dos glossários.

    Deduzamos sozinhos examinando a rubrica “impossível”: áporo, sonho de louco, pedra filosofal, vôo de um boi, o irrealizável, não haver possibilidade de espécie alguma, querer sol na eira e chuva no nabal, prende la lune avec les dents, incendiar o Amazonas, meter o Rocio na betesga, tirar leite de um bode na peneira, carregar água num jacá,  abarcar o céu com as mãos, assar qualquer coisa no bico do dedo, extinguir-se no planeta o calor central, acabar no céu a rotação dos astros, querer ter o dom da ubiquidade, inacesso, inabordável.

    O impossível só pode ser o que acabamos de realizar, o possível visto por alguém fora das nossas órbitas.

    Em outras palavras, só o impossível é justo.

    Sob o pó que sobe

    Escuto teu nome

    Sob o desvio das línguas

    Sob a conjugação dos mares

    Sob bloqueio das ondas

    Eu escuto teu nome

    Sob a marcha dos acorrentados

    Sob exércitos vencidos

    Sob a exaustão das setas

    Eu escuto teu nome

    Sob o plátano fixo

    Sob a cadeia de choros

    Sob o destino sem eixo

    Eu escuto teu nome

    Sob órbitas de passagem

    Sob a miragem do término

    Sob incêndio dos rios

    Eu escuto teu nome

    Sob o sol oceânico

    Sob a divisão artificial

    Sob a palafita abissal

    Eu escuto teu nome

    Sob a fome da África

    Sob o gelo degradado

    Sob o coro dos escravos

    Eu escuto teu nome

    http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia

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    Ousadia para ouvir

    20 quinta-feira jun 2013

    Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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    Tags

    açao penal 470, anomia, centralismo partidário, impunidade, justiça, mensalão, ousadia para ouvir, por um retorno a natureza sem partido verde, tribalismo, tribunais revolucionários, utopia, violencia

    Enquanto a inflação volta e a crise econômica se instala, o mercado de opiniões opera em franca oscilação. O que se condena hoje exalta-se amanhã, e vice-versa. Os analistas se desencontram. A coerência e a verdade vão ao sacrifício. Uma coisa parece estável: a tentativa de encontrar culpados pela crise. Ela transitou entre governo federal, globo, políticos de Brasília, gastos da Copa, insegurança e omissão do Estado em assuntos vitais. Ninguém tem razão sozinho. Não se pode ter a tentação de achar que tudo é problema oriundo da inoperância petista. E quanto a essa oposição que engoliu tanto sapo e só agora soluça? Tímida, amedrontada e estudando os benefícios da desorganização. Não tão rápido nem tão simples. E os votos desta moçada? Onde foram despejados? Há poucos meses, sufragaram esses mesmos que agora são contestados.

    O problema é que o poder e os poderosos chamaram para si e magnetizaram a ira quando tripudiaram com postes eleitos sem luz própria, com medidas duras de autoacobertamento, e, principalmente, pela arrogância escancarada à luz do dia. Só há uma saída: cultivar a ousadia de ouvir. As ironias e o sarcasmo como que foram se liberando, e não passaram despercebidos pelos homens e mulheres comuns que agora marcham.

    Sabe quem pode ter decifrado fração importante destes nós? Sob o incômodo exercício da função de máxima autoridade judiciária da República,  Joaquim Barbosa afirmou que os partidos no Brasil eram “de mentirinha”. Talvez pudesse não ter dito isso sendo quem é, e representando o que representa. Mas julguem por vocês mesmos mediante observação das ruas. Aquela verdade inconveniente não continha mais que mero fundinho de razão? Muita gente — a maioria que assistiu ao desenrolar das discussões no STF — gritava “sem partido, sem partido”. É inegavelmente um novo fenômeno social, que vai gerar implicações políticas adiante.

    E agora? Espera-se civilidade e respeito, sem dúvida. Mas por que temos a sensação de que o poder público está se omitindo? Medo das massas? Aflição pela sangria de votos já em curso? Para garantir a integridade dos manifestantes e das cidades estamos testemunhando um colapso paralelo. O estado de direito ainda deve ou não prevalecer numa democracia? Cidadãos podem aplaudir, mas não querem ser acuados pela liberdade dos outros. É para esperar os tribunais revolucionários? Para quando? Vai ter fórum privilegiado para quem apoiou?

    Pode-se perguntar como fica o direito dos que não se manifestaram?   Vinte e dois hospitais nos arredores da Paulista não têm podido funcionar adequadamente e em outras capitais mais gente ficou sitiada. Alguém contabilizou? Alguém sabe o que isso significa para as famílias com parentes internados? Estão se lixando? Um detalhe? Ah, isso é coisa de burguês? Mas o risco de se aglutinar é esse mesmo. Perder a individualidade, abandonar-se à transcendência horizontal, e, com isso, esquecer do motivo que, em última análise, nos impeliu às ruas: opor-se ao massacre do sujeito.

    Deveríamos sempre lembrar que, em qualquer causa justa, renunciar à delicadeza é o princípio do fim.

    http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/06/20/ousadia-para-ouvir/

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