Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico

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Arquivos da Tag: eleições 2014

#naovaiterdialogo (blog Estadão)

29 quarta-feira out 2014

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#naovaiterdialogo, autoritarismo, eleições 2014, manobras do partido, totalitarismo

#nãovaiterdialogo

Paulo Rosenbaum

29 outubro 2014 | 14:00

 

Além dos slogans, tivemos que escutar que o Estado, os interesses da nação estão acima dos indivíduos. É preciso declarar o oposto. O interesse dos cidadãos é que deve monitorar os interesses do governo. Pois não é o que acontece na realidade. Esta pequena, porém monstruosa inversão, serve muito bem: às arbitrariedades. O poder executivo cultua a supremacia. Uma vez sufragados, passaram a imagina-lo como uma qualidade quase irrestrita, com autonomia absoluta sobre os comandados. Ou alguém ouviu  projetos serem exaustivamente discutidos? Por que então perduram? É preciso recusar a melancolia reducionista de que “o marqueteiro deles venceu o nosso”.

Quem ouviu notou: a oferta de comunicação com o “outro lado” foi feita com altivez e a convicção da hegemonia. Imaginária. No manual de fisiologia do poder está escrito que o ganhador passa a fantasiar que 50% mais um dos votos válidos, configuram álibi universal. A ofensiva, os protegeria de todas as vicissitudes. Uma imunidade que exalta quem governa acima de todos os outros cidadãos. Uma aberração pré-iluminista repetida pelos refrões do populismo de crediário.

E qual seria então o diálogo que a mandatária geral diz desejar? Não se ouviu menção ao nome do candidato derrotado. Pode ser por superstição, conselho do João, ou negação. Mesmo assim, era o mínimo que a etiqueta  exigiria. Será que ela não teria se enganado? Que o diálogo a qual ela se referia tinha outro nome? Será que não seria falar consigo mesma, deliberar entre si, com seus botões, dizer à parte, pensar alto?  Já a conversação, que tanto o senso comum como 50 milhões de pessoas esperariam, talvez estivesse mais próxima de outro conjunto de analogias: cavaquear, dar trela, quatro dedos de prosa, conciliábulo, ecloga, colação, arrazoado e trato.

Difícil decifrar a qual das duas modalidades ela se refere. A primeira, parece ser a forma mais familiar à legenda que a acolhe. A segunda, pressupõe aceitar que existe um interlocutor com vontade própria. Um desigual. O heterogêneo. Um ser crítico. De qualquer forma alguém que, necessariamente, não partilha das mesmas premissas.

Dialogar não é fácil.  É  campo onde não se pode dar falsas esperanças, já que esta arte não pode ser adquirida nos cursos do pronatec.

Mas, se houvesse a mínima esperança, a aula inaugural deveria apresentar uma ementa mais ou menos assim:

”Não se dialoga quando se jogam classes sociais umas contra as outras, não se dialoga quando, para difamar os oponentes, abusa-se das parafernálias do Estado.  Não se dialoga sob o bombardeamento de propostas autoritárias. Não se dialoga quando não se sente sinceridade. Não se dialoga sob manobras regimentais.  Não se dialoga com quem estufa o peito e diz que “faz o diabo”. Não se dialoga com quem solapa a constituição. Não se dialoga com quem organiza a supressão da imprensa. Não se dialoga com a faca tributária no pescoço. Não se dialoga com contratos já editados. Não se dialoga com pautas goela abaixo. Não se dialoga sob censura. Não se dialoga com quem não te enxerga. Não se dialoga pisoteando a justiça. Não se dialoga sob a tutela de gurus. Não se dialoga quando o objetivo é ganhar tempo. Enfim, não se dialoga sem o mínimo de elegância.”

Tags: #naovaiterdialogo, diálogo, eleições 2014, farsa e diálogo, terceiro turno e prorrogação

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Odisseia da democracia (blog Estadão)

27 segunda-feira out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Na Mídia

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Censura, Censura à revista Veja, censura velada, eleições 2014, Estado e Partido, Nixon, odisseia da democracia, Pinochet, SAC da democracia, Stalin, teorias conspiratórias, Washington Post, Watergate

Odisseia da democracia

Paulo Rosenbaum

26 outubro 2014 | 13:25

Odisseia da democracia

Não se trata mais de candidatos, partidos, ou grupos antagônicos brandindo slogans de guerra. O que está acontecendo supera tudo que já se viu. Perdemos a leveza, e com razão. Quem aguenta rir com Stalin ou Pinochet e outras tentações autoritárias à porta? As teorias conspiratórias transpiraram para a realidade. Mas não é só isso, o que realmente choca é a falta de alguém, maduro, unificador, pacificador, que responda pelo estranho estado das coisas. Que venha de qualquer lado. Notem que não há mais ninguém respeitado. Alguém já ouviu falar em conflito de interesses? Na ciência, assim como na vida política, não é detalhe, trata-se de item fundamental. Um apetrecho básico para que não reste dúvida de que o processo transcorrerá limpo, equânime, e de forma juridicamente incontestável. Me pergunto se isso ocorre? A carência é por uma espécie de Estadista transpartidário e supra governamental. Um moderador nato. Alguma força democrática que colocasse os pingos nos is. Dizem que os momentos pré revolucionários são assim mesmo. Um período de anarquia vigiada, o qual precede o caos absoluto. Qual o vigor de nossas instituições? Como assim? Uma revista é duvidosamente sequestrada das bancas porque trouxe determinados elementos fundamentais para que o eleitor teça suas próprias considerações sobre o caráter ético-moral de quem o governa, e não se fala mais nisso? Que o lado ofendido produza suas contra evidencias. Mas sequestrar a revista ou comprar a tiragem toda é uma inquietante medida autoritária.  Desde o escândalo Watergate, que culminou com o impeachment de Richard Nixon, foi o heroísmo de alguns — que souberam superar pressão, intimidação e ameaças – que triunfou para mostrar crimes políticos (e comuns) à opinião pública. E O Poder do Estado não esteve a serviço da campanha? Quem regula de fato está sendo imparcial? Oscilo se sou só eu que tenho tantas dúvidas ou se todos as tem, mas, como na famosa síndrome, sinto que muitos desenvolveram uma espécie de amor subliminar pelo algoz,  medo de ofender o opressor, culminando com uma reverencia patológica pelos hegemônico.

Confesso, minha estranheza decorre da observação de que parece que não há mais ninguém achando tudo isso bizarro para o que acreditávamos ser uma democracia. Digo estranho para contornar a incomoda palavra “suspeito”. É inquietante ver que quem administra o País mergulhe junto na convicção das paixões. Enquanto isso, numa festa ou estádio de futebol, no ônibus ou nos bares, nas casas e no campo, e até nas filas de votação as pessoas aparentam levar uma vida normal, como se nenhuma exceção estivesse ocorrendo. Como se não houvesse uma tensão iminente, como se não estivéssemos num preâmbulo ameaçador para além dos resultados finais. Para além das agudizações trazidas pelo Petróleo, subsiste um problema crônico, que foi convenientemente esquecido ou abandonado. A óbvia nuvem totalitária de quem se proclama esquerda mas apresenta uma carta em branco com um populismo arrivista e sem um projeto emancipador para quem gostaria de trocar bolsa por renda. Uma esquerda que bem poderia ser chamada de direita, dada as afinidades fisiológicas, os desmandos e a completa falta de respeito com o contraditório.

E quem manda o eleitor querer ser sempre impertinente: querer saber antes o programa que vai eleger, insistir com a casta política que quer conhecer qual a palavra clara do governo. Imaginem só que o sufragista ousa ter a petulância, a curiosidade de querer conhecer as agendas ocultas e dossiês de interesse público. Por que permanecem arquivados como se não se tratasse de nada ligado ao serviço secreto. Ou se trata? Tudo que acontece nestes dias que antecedem o que deveria ser uma festa democrática impede que se comemore a calma fictícia que reina no planalto de estoicismos.  E nem me refiro aqui aos e-mails ameaçadores que eu e outros jornalistas periodicamente recebemos. Me refiro às garantias constitucionais. Onde estarão, neste exato momento? Já as procurei em jornais e partidos, nas seções eleitorais e em amigos advogados, em juristas de plantão e em redes sociais. Ninguém sabe, ninguém viu. Até que atinja algum novo apogeu, a Odisseia da democracia pode demorar a se firmar como cultura. Mas, ás vezes, demora tanto e seus trâmites são tão burocráticos que ela, já cansada de tanto assédio e testemunhando a perversão de alguns de seus princípios fundantes, resolve dizer aos seus usuários: façam bom proveito, mas o serviço de assistência ao cliente acabou de  encerrar suas atividades.

Para comentar usar o link

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/odisseia-da-democracia/

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Discursos de posse (blog Estadão)

24 sexta-feira out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa

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discursos de posse, eleições 2014, hipóteses para discursos de posse, Mark Twain

Discursos de posse

Paulo Rosenbaum

24 outubro 2014 | 12:14

Primeira Hipótese

Queria aqui, humildemente, agradecer o apoio e dizer que precisamos sanar todas as fendas criadas entre nós. Temos que caminhar como uma civilização, distribuindo renda, diminuindo a desigualdade mas sem criminalizar o empreendimento, o trabalho, o esforço pessoal, este seria o verdadeiro triunfo da meritocracia. Quero ainda dizer que, se desejamos alcançar uma meta, qualquer que seja a distancia que nos separa dela, ela terá que ser feita com solidariedade e gentileza. Diremos não a qualquer autoritarismo, não ao culto à personalidade e um grande basta para a incompetência e a falta de gestão. Não vamos cultuar a ruptura e a violência, vamos, ao contrário, buscar transformar o País para que ele seja, de fato, a Nação para todos. Saberei respeitar os 38,6% da minha adversária e convido a parcela propositiva de base que a apoiou, em meu nome e de meus amigos, a se juntar a nós nesta tarefa, que será árdua, e cheia de obstáculos diante dos quais não fugiremos, de reconstruir o País, e apagar as marcas das cisões que nos castigou durante as paixões eleitorais. Temos a oportunidade, única e irrepetível, de unificar o Pais e de trazer todas as forças construtivas para nos reerguer. (aplausos) Fico imensamente grato por toda generosidade. [começa a chorar, mas suprime as lágrimas]. Só eu sei o quanto fui atacado, mas vamos deixar isso de lado. Agradeço a todos que nos ajudaram nesta trajetória e, mais uma vez, quero que saibam, estou bem consciente que esta foi uma escolha que transcendeu meu nome e dos partidos que nos apoiam. Assumo a responsabilidade, mas sei que esta foi uma vitória da ação coletiva, de um povo que amadureceu, que daqui em diante, se Deus quiser, recusará salvadores da Pátria e aventuras temerárias. Quero ajudar para que a consciência inovadora use o Poder de um item do qual pouco se fala: a promoção do bem estar e da felicidade das pessoas. Faremos um governo libertados de ideologias retrogradas, uma administração transcultural e aberta, com justiça social e abertura. Uma gestão que use o poder, não para impor ou controlar, mas para respeitar os cidadãos, oferecer segurança, preservar a natureza com uma política ambiental séria [olha para o lado cumprimentando alguém] e reorganizar as cidades e municípios que estão abandonados. (discretos aplausos). E, é em homenagem a isso que faço nossas as palavras de um escritor notável, o norte americano Mark Twain “O governo é meramente um servo, meramente um servo temporário: não pode ser sua prerrogativa determinar o que está certo e o que está errado, e decidir quem é um patriota e quem não é. Sua função é obedecer a ordens, não originá-las”. (saudações com a mão aberta). Muito obrigado.

Hipótese restante

Companheiras e companheiros, muito agradecida pelo voto de confiança e quero dizer aqui que nós não estamos aqui a toa. Nos colocaram aqui, porque somos o povo. E o povo sabe quem que os governe. E nós estamos aqui para dizer que nós agora vamos mudar e mudar para valer. E que aqueles que não queriam a gente aqui agora vão ter que nos engolir, com ou sem barba. (aplausos e urros indecifráveis). E, além disso, quero dizer para vocês que eu devo de ter o apoio da maioria e quem quiser se juntar a nós será bem vindo e os que não querem…bem, isso já é problema deles. (gritos e assobios) Além do mais, vamos criar muito mais empregos, com mais especialidades, mais casas, mais reformas, ideias novas, mas novas mesmo [branco ou tilt]. Desta vez, será inovação. Serão ideias tão novas, mas tão novas que vamos deixar os outros estarrecidos e humilhados. A culpa pelo que ainda não foi feito é deles, da imprensa, e das forças que não querem o bem do povo. Sabem por que eles não gostam de nós? Porque sabemos fazer, e eles não sabem. Ganhamos porque fizemos o melhor. O plano real que acabou com a inflação? Pode ser um tiquinho [gesto depreciativo] Mas nós é quem fizemos a melhor gestão, as mudanças, e mesmo com a grande crise mundial [olha para os lados em busca de apoio] crescemos uns 0,21. Para eles é pouco. Mas quem se importa com eles? Perceberam a diferença entre nós e eles? Já ordenei, fiz os decretos. Temos que parar com esse negócio e mostrar quem é que manda por aqui. Eu, eu, eu…quero dizer para vocês que eu devo de ter uns 1000 e-mails pedindo para fazer as reformas. Nós dois que demos as bolsas, nós dois que tiramos as pessoas da miséria. E os reajustes podemos agora falar com clareza vão só sobrecarregar quem pode. Por exemplo, essa classe media atrasada, não é professora? E também, [longa pausa, seguida de pigarros do assessores] e…quero dizer para vocês mais uma coisa que nós estamos contentes e chegou a hora destes pessimistas calarem a boca. E vida longa ao partido! (punhos cerrados)

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/discursos-de-posse/Tags:

Discursos de posse, eleições 2014, hipóteses de discursos

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Fábrica de acirramentos (Blog Estadão)

23 quinta-feira out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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cabeça de eleitor, Claude Bernard, discurso do ódio, eleições 2014, fábrica de acirramentos, holocausto, medicina experimental, rancor

Fábrica de acirramentos

Paulo Rosenbaum

23 outubro 2014 | 00:15

Claude Bernard, pai da medicina experimental, considerava que a estatística é uma verdade para o geral, mas uma mentira para o particular. É que ele não estava bem familiarizado com regimes totalitários, nem conhecia bem a era das manipulações. Pesquisas sempre foram indícios, não resultados. Ingenuamente tematizado, será mesmo o discurso do ódio um fruto do curso de jardinagem intensiva administrado nos últimos tempos? A luta política, se nunca foi civilizada, raras vezes alcançou a degradação que testemunhamos. Ódio nunca foi uma palavra muito especializada, e o rancor é outra generalização abstrata. Trópicos sempre significaram tradição em violência. As quase 60 mil pessoas assassinadas no Brasil no ano passado indicavam que já estávamos previamente rachados. Pelas discrepâncias não saneadas, inércia, e a curiosíssima fusão do público com o privado. Foi o discurso quem sucedeu os fatos, e não o contrário. Uma anomia programada foi sendo cuidadosamente instalada, sem que a maioria, inerme, percebesse. Como é mesmo que se proíbe a compra de votos? Quais as regras para adquiri-los, e qual é o poder que regulamenta o uso do Estado a serviço do Partido? Teríamos que partir daí: o sequestro do erário. Voto é decisão subjetiva. Em meio às injustiças, metáfora do parcialíssimo que nos assola, votamos. Na fria cabine privativa, onde deixamos para trás um som nada certificador, o cidadão têm sua última arma ainda não confiscada. Ódio algum jamais teve geração espontânea. Com fábricas espalhadas em zonas francas os neo oligarcas emergentes precisavam governar sobre o conflito e o usam para reinar. O acirramento é uma commoditie inesgotável, quando some do mercado, sempre pode ser refabricada. Aí estão, em triunfo, o marketing da difamação, a propaganda enganosa, e a indústria da boataria anônima. A demonização do adversário e a infame evocação do holocausto, feita pelo ex presidente, é só a gota d’água ignominiosa, o transbordamento da manipulação. A dualidade sempre esteve comprometida com o maniqueísmo. Mesmo assim, é preciso ter a coragem para recusar a tese da equivalência moral. Em tempos de desmandos, tentação autoritária e acefalia de gestão, a neutralidade é a atividade mais vergonhosa. As vezes, um lado não é só bem menos nocivo que outro: é ele que pode liberta-nos da maleficência máxima, a perpetuação no poder.

Tags: discurso do ódio, eleições 2014, fábrica de acirramentos, maniqueísmo, perpetuação no poder, poder, poder perpétuo, rancor

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Querido Neto (blog Estadão)

18 sábado out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa, Na Mídia

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Aécio, agressividade na campanha, campanha eleitoral, democracia, eleições 2014, luta contra a ditadura, Tancredo Neves

Querido Neto

Paulo Rosenbaum

17 outubro 2014 | 13:45

Respondo sua missiva de ontem a noite. Não sei usar este negócio direito, mas aqui diz: on line. Vamos ser rápidos. A chefia está preocupada e convocou Estadistas que já fizeram alguma coisa pelo País. Vou ter que dar uma subida até lá. Eu sei, vi, ouvi, testemunhei, você está fazendo o máximo. O povo vai percebendo. Claro, escutei sim, filho. Para constar, cá entre nós, você sempre foi o favorito. Exatamente, isso você herdou de mim. Bate pronto. Mas, mantenha distancia, recordou a sequencia? Depois do soco inglês, vêm os jabs de direita. Cruzado de esquerda? Esqueça, desperdício, ela não aguentaria o tranco. Nenhum conterrâneo decente quer o outro beijando lona. Lembra do ditado? Aquele lá de São João? Quem luta na sujeira, colhe lama. Não era bem isso, parecido. Cansei de falar isso ao Getúlio, mas ele foi ficando teimoso. Aquele chimarrão fervendo! Sabe o que me levantou? Aquela malícia que ela insinuou, e você, assumiu e devolveu com bônus. Não. Eles não sabem o que significa elegância. Senti orgulho. Eu vi, eu vi. Agressão e mentira são fáceis no começo, e a prova veio a cavalo: sustenta-las por muito tempo faz mal à saúde. Exato, é chegada a hora. Está certíssimo, autocritica. É isso que temos. Claro que lá tinha muita gente boa: mas foram sendo expulsos, ameaçados, cooptados. Querias minha previsão? Não posso, aqui têm gente muito mais qualificada que eu. Agora posso confessar? Sabe o que achei mais alentador na madrugada do outro debate? Não, não foi o próprio. Foi o videoteipe da opinião de um senhor negro de meia idade. Foi apresentado alguns minutinhos antes do início. Entrevistado sobre o que esperava do confronto entre vocês dois, ele olhou de lado para o repórter (olho no olho, não na câmera) e disse com notável determinação algo como “não tem mais ninguém bobo não senhor”. Palpito que este governo deve sucumbir exatamente porque está apostando no contrário. As contradições chegaram naquele ponto de sinuca. Já lutam entre eles. Não, não é bem isso. Não tem partido santo. Mas eles cruzaram a fronteira. Dali, ninguém nunca passou e levou. Discordo. No mundo deles isso não é baixaria, é agonia por revanche. Lembro do JK, ele dizia que incompetente é raivoso. Fique e mostre generosidade. Agora, a conversa vai ser diferente. Como já disse o escritor – aliás, vi ele outro dia com um livro do Machado numa mão ,e, na outra, uma pena toda enfeitada – quando a verdade escapa, sobram interpretações desesperadas.

Boa sorte dia 26, a família está toda aqui, torcendo pelo Brasil.

Ps – Hoje teve muita neve aqui em cima, bom sinal, bom sinal, bom sinal.

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/querido-neto/

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Timing e justiça poética (blog Estadão)

05 domingo out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Na Mídia

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conto de notícia, eleições 2014, justiça poética, manifestações juninas, timing e justiça poética

Timing e justiça poética

Paulo Rosenbaum

05 outubro 2014 | 06:42

Juro, é incompreensível. Eles bem que prometeram, o bicho iria pegar. E mesmo assim, ninguém ainda sabe qual vai dar. Não é descrédito nos instituto de pesquisa, apenas respeito pelo imponderável. Timing sempre foi vital. Na política, perdê-lo costuma ser desastroso. Custava a história postergar junho de 2013 para meados deste ano? Fosse assim, a aspiração de parte significativa de brasileiros estaria previamente garantida e alguma oposição vingaria. A eclosão precipitada, o parto prematuro e a pressa do processo histórico pode ter nos custado caro. Um perturbador continuísmo. A arrogância maciça. O totalitarismo de gabinete. Ou será que tivemos transformações das quais ninguém se deu conta? Mobilidade urbana? Reformas políticas não oportunistas? Descentralização de impostos? Controle da inflação? Ajustes nas contas públicas? Transparência e diálogo? Não só tivemos Copa, como os benefícios palpáveis perduram invisíveis. Por capricho aleatório dos eventos, corre-se o risco de engolir mais enganos sucessivos, submissão à manipulação e observar o agônico torniquete contra as liberdades democráticas. Num País rachado a tentação controladora fica mais plausível. Nesta peculiar democracia programa de governo tornou-se agenda secreta: só em primeiro de janeiro. O mérito pela diminuição das desigualdades? Deveria ser coletivo, e vêm de longe. Resultado direto do espantoso respeito inicial pelas conquistas do plano real. Mas a cegueira pode ter se tornado pandemia contagiosa. Um jogo não deveria observar regras? A constituição não exigiria garantias e igualdade de oportunidades aos candidatos? Ou a máquina do Estado foi declarada propriedade do partido? E só para saber: qual órgão da República cuidaria da matéria difamação e calúnia no horário político gratuito? No futuro, podemos nos pegar rindo da navalha sobre a qual estamos suspensos. Infelizmente, o presente têm mais rigor: só nos permite votar, cruzar os dedos e esperar pela justiça poética do timing.

Tags: eleições 2014, justiça poética do timing, manifestações juninas, timing e justiça poética

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Direito de Resposta

01 quarta-feira out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa, Livros publicados, Na Mídia

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Bolivar, direito do consumidor, eleições 2014, fraude eleitoral, golpe de Estado, manifesto comunista, Marx, Modelo bolivariano, queda do muro de Berlim, risco de ditadura, totalitarismo

Direito de Resposta

Paulo Rosenbaum

01 outubro 2014

Solicitei faz tempo, mas só chegou hoje. Como consegui? Usei a lei de proteção ao consumidor. Já que o candidato é hoje apresentado como produto, não deveria vir com garantia de devolução? Um juiz aceitou meu argumento. Como nunca tive direito de resposta nem sei por onde começar. A senhora é dona do País? Determina liberdade ou cárcere? Perdão, é que no debate deu essa impressão. E se lhe disséssemos: dispensamos aquele passeio pelo Jardim Venezuela? E se explicássemos que a essência de um estadista é estimular a inclusão? Ou a Sra. acha que o eleitor com candidato derrotado merece ser subjugado? Desaconselhável instigar a luta entre classes. Como meu pai lembra, o próprio Marx teria revisado este e aquele outro tópico do manifesto. Aquele “cada um terá de acordo com suas necessidades”, sempre foi, de longe, o mais problemático. Claro, claro, a senhora diz ser flexível, só não admite remendos na cartilha. Mas não é meio abusivo insinuar uma constituição redigida pelo seu partido? Ainda temos o direito de saber o que a Sra fará assim que assumir, se assumir? Até hoje não tivemos direito de contestar a promessa desviada, a creche na maquete, tijolos sem olarias, escândalos em refinarias. A excelentíssima afirma que a volta da inflação é culpa da crise externa, a queda dos mercados especulação e o fracasso econômico complô internacional e não há malversação. Só para saber, sobrou algo para ser debitado da incompetência? É que ficamos com a impressão de uma grande conspiração. A Sra corre o risco de estar tratando a verdade com a mesma deferência com a qual seus funcionários tratam os números. Deixe-me também explicar Dra. que, caso a senhora prefira o modelo Bolivar essa é a hora de explicita-lo! Estamos a nos indagar o que será que ele tem a ver conosco. Já ia esquecendo: dia 9 de novembro é o aniversário de 25 anos da queda do muro de Berlim. Eu sei, eu sei, não precisa chorar, aquilo doeu na senhora, mas são os nossos tempos. Já que tocamos no assunto, liberdade nunca foi valor pequeno burguês, a democracia não se dobra ao gosto do freguês e não queremos modelo chinês. Quem é pessimista não é direita. É que já existiu uma esquerda arrojada e anti stalinista. Por falar nisso, que papelão! Aquele da ONU foi impagável mas me refiro aquele da imprensa. Se ela não investigar a quem caberá a prerrogativa? Estou sabendo que boa parte da Universidade te apoia, mas quem abandona seu papel crítico, renuncia à análise e vegeta na militância. Não faz diferença? Discordo. Caso queira reformar a República, virar de ponta cabeça as instituições e refazer a nação, anuncie hoje, antes da eleição. Fale dos seus ídolos políticos, do poder dos Conselhos Populares, do futuro da propriedade privada e quais os planos para a instabilidade social. Pode omitir aquela palavra que dá medo no pessoal. No lugar de comuni… use regime que se apropria dos meios de produção e decide para sempre todo o resto. Compreendo, é tentador mudar as regras do jogo no meio da partida, só que tem muita gente com a mesmíssima vontade.

PS- Não esqueça de mandar felicitações para Angela.

Respeitosamente,

Eleitor e consumidor

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