Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico

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Eternidade do Instante (blog Estadão)

17 sábado out 2015

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A Verdade Lançada ao Solo, abandono das ideologias, aculturamento, big bang, constância e descontinuidade, estar aqui, eternidade do instante, fração do tempo, imanente, já, neutrinos, o que é o tempo?, singularidade

Eternidade do instante

Paulo Rosenbaum

16 outubro 2015 | 18:35

InstanteXXXXX

Você pode não querer falar no assunto, entrar em negação, debruçar-se sobre o tema ou bloquear quem insiste, mas o fenômeno persiste: só temos a eternidade do instante. Num mundo de passagem para que insistir no conforto das coisas que permanecem? Se ao menos a arte de construir agendas fosse outra. Reparem, não há, nunca houve, nada sólido. Não me refiro ao materialismo, que dura e é solenemente subestimado pelos cultores de soluções políticas mágicas. Ou alguém viu algum inveterado anti capitalista atacar o culto à matéria? As criações mentais dos homens são precárias. Tão frágeis que a história chega a perder o rumo. E bem na nossa frente, não se dão conta da não linearidade do momento. Sim, há um sentido para a história. Imediato, imanente e presente. Fantasie momento como uma espécie de neutrino extraviado. Uma unidade dispersa. Uma partícula que pode ou não se soltar do resto. Efemérides elásticas. Um vestígio que rompe com o antes, e logo se desfaz do depois. Por isso, o agora é único e premente. E, ao contrário da nostalgia, da memória que evoca, e do que foi nossas cansativas colaborações do que é o tempo, o agora é nossa chance de vida provável. Uma chance. Enquanto procrastinadores e antecipados estão condenados a perder, nós viemos para estar. E, se a política é a grande efeméride, deve ser desconstruida a cada letra, a cada segundo. Ela não manda, nem comanda, e não importa o que o se diga, não deve colonizar a existência. Toda fração de tempo merece ser vivida sem que ela determine tudo. Viver por ela é perder a ficção, que, ao mesmo tempo, é a realidade. Os hiper racionalizadores que nos perdoem, mas ainda temos algum chão antes de abrir mão da fantasia. Por isso mesmo o instante é a revelação, a singularidade, a faísca do big bang. É uma expansão sem moldura. Que se negue a constância, desminta-se a rotina. Erga-se o tijolo da descontinuidade. Que o barro seque nos grãos da ampulheta. Numa erosão lancinante, o engano perdura duplo: passado e posteridade. Imaginem universos constituídos por “jás”. Imaginem percursos sequenciais que apagam pegadas. Sem negação ou oposição à eternidade, é que seu tempo não pode ser comandado pela liberdade. Porque dessa eternidade somos súditos passivos, inoperantes, resignados. O mundo da ação exige originalidade e atualização das invenções. Imaginem toda pauta reconstituída com atualidade. Imaginem-se na aventura inaugural do homem. Conceba uma política de esvaziamento. Sonhe com a alienação programada. Abandono das ideologias, conceitos, da toda vida baseada em rastros. Imaginem a vida liberta das arqueologias, das ameaças, dos rumores inquietantes, das promessas invasivas, da democracia aprendiz. Se fôssemos mais homens e mulheres do presente, desprezaríamos ao mesmo tempo o pó, o passado e o futuro. Para quem só consegue enxergar hedonismo será preciso reconfirmar: todo prazer pode estar no viver aqui, já.

Tags: abandono das ideologias, big bang, blog conto de noticia, constância e descontinuidade, estar aqui, eternidade do instante, fração do tempo, imanente, instante, já, materialismo, neutrinos, o que é o tempo?, singularidade

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/eternidade-do-instante/

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A inexistência dos outros

19 sexta-feira abr 2013

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aculturamento, antiamericanismo, antisemitismo, Irã, Israel, significado de justiça, tribalismo

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Jornal do Brasil
Quinta-feira, 18 de Abril de 2013

Coisas da Política
11/04 às 08h51 – Atualizada em 11/04 às 08h53

A inexistência dos outros

Jornal do Brasil/Paulo Rosenbaum

Dia 7 de abril é o dia escolhido para homenagear as vítimas do holocausto. Como homenagear quem perdeu a vida para o nada? O argumento de revisionistas e ditadores beócios é que o massacre sistemático contra inocentes que começou com judeus e depois se estendeu às outras minorias, é um fiapo da história se comparado com outras tragédias resultantes da interação entre os homens.

É correto afirmar que outros genocídios já foram perpetrados em larga escala: milhões de índios, armênios, curdos, bósnios e ruandeses não sobreviveram para contar suas histórias. Mas aqueles que comparam guerras regionais e sazonais que acontecem em toda parte com massacres intensivos, movidos pelo ódio aos que destoam, não sabem do que falam. O extermínio seriado de crianças foi a grande originalidade nazista. Neste sentido, ele é obra única. Nada, absolutamente nada pode ser comparado ao infanticídio que produziu 1,5 milhão de crianças anuladas para sempre.

Foi o começo do começo e o fim do fim.

A datação do mundo deveria ser zerada a partir do yom hashoah (o dia das vítimas do holocausto) não porque uma tribo poderia ter sido extinta, nem pelos milhões de inocentes descolados de suas vidas, mas pela cassação da inocência, pelo abortamento completo e absoluto que, em nossa era, construiu a impossibilidade de sonhar. A paralisia que ensurdeceu o mundo, a inércia que nos fez e continua nos fazendo cúmplices. Pela humanidade que não conseguiu contornar o inevitável. É no abismo incessante que podemos enxergar o tamanho da terra que cobriu os corpos.

Mas não podemos mais só apontar para os carrascos uniformizados. Nem mesmo pleitear heroísmo póstumo para vítimas que jamais serão identificadas, sequer saberemos como existiram ou se existiram.

A cumplicidade silenciosa durará a eternidade. A civilização adernou e não há mais luz entre os assassinados pelo mal absoluto. A ausência dos mortos de fome, sede, frio, exaustão, selvageria ou abandono é quem acusa. Ainda que não haja equivalência moral entre um infanticídio sistemático e as explosões de violência dos conflitos e guerras, a tinta de ambos tem a mesma cor. É o carbono da indecência e da auto-predação. Chegamos enfim a era em que deverá ser reconhecida retrospectivamente como aquela que enfim assumiu a ideologia: inexistência do outro. O eu aglutinou todas as formas de existir e a conjugação nas várias pessoas não faz mais sentido. Tu e vós, além de ultrapassados, não merecem estar aqui. O nós virou desacreditada utopia ou só piada de salão.

Não foram só nazistas com seus milhões de fiéis e obedientes seguidores que pariram a sombra mas um mundo sem coragem que apresentou sua estampa frágil e manipulável. O nacional socialismo alemão demonstrou, definitivamente, o valor e o imperativo ético da desobediência civil como única saída, quando a civilização encontra-se sob risco.

Se sonhar é parte vital das nossas funções orgânicas e espirituais, quem tem o direito de colocá-la sob ameaça? De costurar nossas bocas com estopa? A inexistência do outro se tornou pressuposto, mais que isso exigência, mais que isso, o único dogma que restou. Mas ele só se tornou cabível e chancelado a partir dos eventos que tiveram lugar durante os anos que em que o holocausto foi executado.

Ninguém está se referindo a um processo que teve lugar em algum ponto distante e remoto na história. Faz só 75 anos e é prova que a violência ainda que adormecida, está ativa e à espreita. O lobo do homem ainda está vivo e se oculta nas brechas. Talvez seja injustiça com os lobos (raríssimos os relatos de ataques espontâneos de lobos contra o homem), ainda que viva na natureza de todos nós a fração bélica, que não hesita em predar.

Mas o que vai além de tudo, e, talvez mesmo o que mais impressiona é a capacidade humana de ir adiante sob o trágico. Devemos homenagear as vitimas enquanto reverenciamos o tino humano para prosseguir, andando sobre ruínas, sob ossos e vagando em campos devastados.

Homenagear vítimas de violência, em qualquer tempo e local, seria substituir a culpa coletiva por capacidade de renascimento.

* Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada” (Ed. Record)

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Minorias

16 quarta-feira mar 2011

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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aculturamento, autocracia, consensos, despersonalização da sociedade, idiossincrasias, maioria e minoria, minorias

O que significa pertencer a uma minoria?

Um dos aspectos mais evidentes deste pertencimento é aceitar que voce faz parte dela. Todos sofrem, mas as minorias em dose extra.

Sofrem porque não é fácil aceitar uma condição contra-hegemônica que nem é mesmo uma escolha. Pois não se trata de ideologia. Voce nasce ou não dentro em uma minoria.

No “A verdade lançada ao solo” esta condição aparece em vários momentos. Yan pertence a uma delas. Ganfres  e Sibelius estudam as minorias. A condição judaica da maioria dos personagens é uma realidade mas pode funcionar como uma metáfora para qualquer um que se identifique com pertencer a uma fração.

Os “sem tribo” ou os que vêm de pequenas tribos não tem exatamente uma vida fácil numa sociedade que deseja nivelar as pessoas pela média. Parece obvio mas não é. Assim como o proselitismo  viola uma regra fundamental dos direitos das pessoas: ninguém pode ou deve convencer as pessoas de coisa alguma, especialmente no campo das escolhas religiosas e espirituais.

Quem dirá no campo político!

Nesse sentido os partidos não devem existir. Mas essa parece ser a vida dos prosélitos e dos políticos.

Ao desrespeitar sistematicamente a divergência, preterindo um lugar onde a diversidade poderia ser respeitada — em geral usando o pretexto dos consensos — o que se busca é desmantelar as originalidades.  

Uma minoria, neste contexto, pode ser de um homem só. Desde que ele resista à compulsão, essa que impele todos numa única direção. Pois para resistir ao totalitário há que ser ligeiramente egoista.

O discurso social é justo mas não onisciente.  Sem as minorias todos os sistemas sociais tendem a autocracia. Porque a minoria (que seja de um homem só) denota a resistência psiquíca à se deixar arrastar pelas massas. A despersonalização da sociedade é evidente e não se pode saber de antemão até onde irá.

As minorias são enfim a garantia de que nossas idiossincrasias não devem sumir porque sem elas o que somos?  

Por isso mesmo, nada está garantido.

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A Verdade Lançada ao Solo – O título do livro.

27 domingo fev 2011

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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aculturamento, aldeia global, alegria como estado espiritual, exultação, filmes de Hollywood, lançou por terra a verdade, mundo da verdade, Profeta Daniel, tribalismo

O título do livro refere-se a uma passagem que se encontra nas escrituras do profeta Daniel 8:12 “e lançou por terra a verdade””.

Como pode acontecer com a maior parte das metáforas ela é polissêmica, vale dizer, têm muitas possibilidades interpretativas, diz muitas coisas ao mesmo tempo, vive de muitos modos diferentes. 

A verdade foi lançada ao solo para que, dele, surgisse o homem. Ele, com suas características e potencialidades.

Mas esta verdade poderia ter sido desperdiçada com uma terra árida, semi desértica que não aceita brotar, muito menos deslocar-se. Ainda a verdade poderia ser lida como a formação, emanada, de uma espécie de clone de quem a lançou.  

Contudo o mais provável é que a verdade lançada ao solo era uma aposta do Criador. Um desafio a ver que tipo de massa embrionária surgiria. E só por isso, talvez exatamente isso, lhe desse a consistência — e a liberdade — necessária para ir, adiante.

Impossível confirmar. Não podemos saber se o que temos hoje é isso.

Os homens desconcertaram o mundo. Depois do massacre da natureza, do fim da história, da hegemonia do fanatismo e da belicosidade da ciência não se pode imaginar mais um devir. 

Com nossas teorias, crenças, ciências e atos fizemos da terra uma migalha disforme. A aldeia global está mais tribalista que nunca, retalhada entre rincões, abismos culturais, que são, ao mesmo tempo, tribos sem identidade ou culturas intolerantes com as demais, exigindo dos outros semelhanças artificiais ou distinções sem conteúdo. É fato: estamos cada vez mais aculturados. No calor do caos não se fez surgir nada estritamente melhor — ou pior –apenas uma inércia cômoda.

A vida espiritual entra (entraria) em cena aqui. Nada a ver com as representações conhecidas: superficialidade calculada dos filmes de Hollywood ou as máscaras de realismo social dos atuais filmes brasileiros.

A alegria é essencial e ela não está fora. Exultação (bliss) é o termo para alegrias do espírito. O mundo da verdade é o mundo com subjetividade e é pela linguagem que podemos escolher como afinal decidiremos: o que quer que seja.

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Assimilação e aculturamento – I

09 quarta-feira fev 2011

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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aculturamento, assimilação, congregação de símiles, relação entre as minorias, sentimento gregario, tribalismo primitivo

Um tema de grande complexidade que “A Verdade Lançada ao solo” tentou esmiuçar.

O que isso significa?

Aculturar-se ou assimilar-se tem sido discutido como um problemas das minorias frente à pressão — massacrante e  exaustiva — das maiorias.

Por que uma pessoa deveria resistir e lutar para manter seus hábitos, suas tradições, as caracteristicas que fundaram sua trajetória?

Por ela mesma. Não pela causa. Não por poder parecer ideologicamente adequado. E sem dúvida não porque isso traga qualquer vantagem.

Pelo contrário. Todos sabem que marchar, resistir, ou simplesmente viver à revelia das pressões por comportamentos padrão, pela regularização homogênea ou a pasteurização social  demanda energia extra e muitos…muitos….mas muitos aborrecimentos.

Não quero convencer nenhum índio, nem ninguém, de que deve voltar para sua aldeia natal e abraçar o tribalismo primitivo (acabo de me imaginar às margens de um rio na babilonia, colhendo um pouco de água para beber, e eu era um dos exilados que escapou dos massacres do império romano, tentando enxergar algum sentido naquelas terras estranhas).

Na verdade, aqui, agora, quero só compartilhar a angústia incurável.

O sentimento gregário e a busca por pertencimento é uma característica de animais racionais e irracionais, entretanto temos sido convencidos que a emancipação é que é libertária. Que os valores são lábeis como os políticos. Que a adaptação exige o desapego, e o desapego demanda um certo esquecimento. Esqueça a herança e viva melhor, talvez fosse um bom motto para essa pregação contemporânea. 

Mas será possível? Que a demanda por inclusão nos caçe a originalidade. É esse o custo? Se for esse o tributo a pagar penso em duas saídas:  inadimplência  ou sonegação.

Assimilar-se e aculturar-se são, em alguma medida, o passo final para que fiquemos, todos nós, na melancólica semelhança.

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https://editoraperspectivablog.wordpress.com/2016/04/29/as-respostas-estao-no-subsolo/

Entrevista sobre o Livro

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