• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

Arquivos da Tag: cabeça de eleitor

Fábrica de acirramentos (Blog Estadão)

23 quinta-feira out 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

Tags

cabeça de eleitor, Claude Bernard, discurso do ódio, eleições 2014, fábrica de acirramentos, holocausto, medicina experimental, rancor

Fábrica de acirramentos

Paulo Rosenbaum

23 outubro 2014 | 00:15

Claude Bernard, pai da medicina experimental, considerava que a estatística é uma verdade para o geral, mas uma mentira para o particular. É que ele não estava bem familiarizado com regimes totalitários, nem conhecia bem a era das manipulações. Pesquisas sempre foram indícios, não resultados. Ingenuamente tematizado, será mesmo o discurso do ódio um fruto do curso de jardinagem intensiva administrado nos últimos tempos? A luta política, se nunca foi civilizada, raras vezes alcançou a degradação que testemunhamos. Ódio nunca foi uma palavra muito especializada, e o rancor é outra generalização abstrata. Trópicos sempre significaram tradição em violência. As quase 60 mil pessoas assassinadas no Brasil no ano passado indicavam que já estávamos previamente rachados. Pelas discrepâncias não saneadas, inércia, e a curiosíssima fusão do público com o privado. Foi o discurso quem sucedeu os fatos, e não o contrário. Uma anomia programada foi sendo cuidadosamente instalada, sem que a maioria, inerme, percebesse. Como é mesmo que se proíbe a compra de votos? Quais as regras para adquiri-los, e qual é o poder que regulamenta o uso do Estado a serviço do Partido? Teríamos que partir daí: o sequestro do erário. Voto é decisão subjetiva. Em meio às injustiças, metáfora do parcialíssimo que nos assola, votamos. Na fria cabine privativa, onde deixamos para trás um som nada certificador, o cidadão têm sua última arma ainda não confiscada. Ódio algum jamais teve geração espontânea. Com fábricas espalhadas em zonas francas os neo oligarcas emergentes precisavam governar sobre o conflito e o usam para reinar. O acirramento é uma commoditie inesgotável, quando some do mercado, sempre pode ser refabricada. Aí estão, em triunfo, o marketing da difamação, a propaganda enganosa, e a indústria da boataria anônima. A demonização do adversário e a infame evocação do holocausto, feita pelo ex presidente, é só a gota d’água ignominiosa, o transbordamento da manipulação. A dualidade sempre esteve comprometida com o maniqueísmo. Mesmo assim, é preciso ter a coragem para recusar a tese da equivalência moral. Em tempos de desmandos, tentação autoritária e acefalia de gestão, a neutralidade é a atividade mais vergonhosa. As vezes, um lado não é só bem menos nocivo que outro: é ele que pode liberta-nos da maleficência máxima, a perpetuação no poder.

Tags: discurso do ódio, eleições 2014, fábrica de acirramentos, maniqueísmo, perpetuação no poder, poder, poder perpétuo, rancor

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Cabeça de eleitor e eficiencia excessiva

13 quinta-feira set 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

Tags

Ana de Hollanda, autoregulação, cabeça de eleitor, capitalismo acionário, capitalismo da globalização, centros de pesquisas e pesquisadores independentes, deficit público, Democracia grega, dia da libertação do eleitor, eficiencia excessiva, em quem eles votam, novela política, organismo e política, politicos e autenticidade, porque eles votam, Richard Stone, Richerd Stone, tecnomedicina, University Cambridge

Cabeça de eleitor e eficiência excessiva

Desde a fundação da democracia grega um mistério perdura: o que afinal se passa na cabeça do eleitor?

Não se pode prever como cada um vota, mas hoje em dia existem rastreamentos — tracking eles chamam — que capturam tendências e movimentos eleitorais com irritante precisão. Como será que conseguem? Como sondam mentes tão oscilantes e indecisas? Certo, há voto consolidado, fiado e até o cabresto de transferência: uma espécie de aberração moderna que induz o eleitor a votar em quem alguém indica.

Temos uma presidente e agora ex-ministros que querem o posto. Pode até ser que um ou outro estivesse preparado para a função, mas por que sempre aparentam desconforto? Lembram muito aqueles marionetes que gostariam de se livrar dos ventríloquos mas já esqueceram como é a própria voz. As vezes, o único mérito foi ter sido ungido pelo chefe e convencido pela claque de robôs. Depois é que chega a dificuldade em se manter nas próprias pernas e a indisfarçável e humilhante co-dependencia do criador. Desta vez o preço do apoio foi a cabeça de Ana de Hollanda, autosuficiente demais.

Recentemente economistas da Universidade Cambridge sentenciaram o capitalismo como o melhor sistema econômico inventado pelo homem. A ressalva é que é importante: não estão se referindo ao capitalismo dos últimos 30 anos. Esse capitalismo recente, chamado de ”acionário”, é feito para beneficiar uma parcela mínima das pessoas. Financista, protecionista e autorreferente ele faz parte de uma corruptela, um desencaminhamento do pensamento econômico. E assim é porque o que o regula não é a busca por sistemas de produção que se retroalimentam. O que o capitalismo da globalização busca é a satisfação do capital de curtíssimo prazo, a verdadeira obsessão dos acionistas de tempo real.

Retomando ideias de Richard Stone, premio Nobel de economia de 1984, suspeita-se que estamos sendo vítimas de excesso de eficiência. Sim é isso mesmo! Em outras palavras seria preciso colocar “areia” na engrenagem do sistema para que este freasse o ritmo frenético. A ideia é boa, senão revolucionária, porque vai no contrafluxo das ordens do dia: alta lucratividade, eficácia, azeitamento da máquina, em uma frase, mais de tudo.

Em resumo, é como se fosse necessário uma moderação que interrompa o excesso de imediatismo. Já que ele se revelou um monstro fora de controle. Como se precisássemos saber menos para deixar que o tempo ajeite as coisas antes de muda-las à toque de terabites por segundo.

A analogia com o corpo também faz sentido. Se a cada oscilação metabólica fizéssemos intervenções, muito provavelmente não duraríamos até o fim da adolescência. Numa sociedade inundada por informações on-line aumenta o perigo do intempestivo.

É preciso deixar que opere uma lei pouco conhecida – inclusive por parte da tecnomedicina — chamada de autoregulação. Conceito em decadência já que temos a ilusão de que é o instante que nos coloca no topo do observatório.

O que isso tem a ver com a primeira parte do artigo? É numa era como essa onde se requer máxima eficácia como premissa de sucesso que nos acomodamos com a exigência dos imediatismos políticos.

Controle a inflação gerando mais déficit público. Aumente o consumo sem desenvolver serviços e infraestrutura. Deixe que a segurança pública colapse. Ressuscite a máxima do “centrão”: é dando que se recebe. São as regras de ouro no manual do mau gestor. Aderir aquele que promete mais vantagens no curtíssimo prazo. É assim que votamos guiados pelo estomago, orientados pela náusea, e as vezes só para impedir que lá cheguem aqueles que nos parecem repulsivos. O eleitor vive com a corda no pescoço e com as mãos sobre o nariz.

A maior parte daqueles que deveriam nos representar perdem ou já perderam as marcas de identidade. Viraram personas, máscaras públicas descartáveis que usam a cada quatro anos. Farsa que teve inicio nas leis de exceção do regime militar e que se prolonga neste prólogo de democracia.

O problema é que haveria formas para escolher com menos inexatidão nossos representantes. Como câmeras abertas 24 horas em cima dos candidatos seriam politicamente inviáveis, a outra perspectiva seria propor debates surpresa. Sem regras previamente conhecidas dos assessores. Escolhido um ambiente inusitado teriam que mostrar quem são e como pensam apartados de seus progenitores políticos. Para a maioria deles seria um desastre. Infortúnio de uns, sorte de todos nós!

Esta obrigação à autenticidade seria uma data memorável: o dia da libertação do eleitor.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

paulorosenbaum.wordpress.com

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Artigos Estadão

Artigos Jornal do Brasil

https://editoraperspectivablog.wordpress.com/2016/04/29/as-respostas-estao-no-subsolo/

Entrevista sobre o Livro

aculturamento Angelina Jolie anomia antiamericanismo antijudaismo antisemitismo artigo aspirações impossíveis assessoria assessoria de imprensa assessoria editorial atriz autocracia autor autores A Verdade Lançada ao Solo açao penal 470 blog conto de noticia Blog Estadão Rosenbaum Censura centralismo partidário centros de pesquisas e pesquisadores independentes ceticismo consensos conto de notícia céu subterrâneo democracia Democracia grega devekut dia do perdão drogas editora editoras Eleições 2012 eleições 2014 Entretexto entrevista escritor felicidade ao alcançe? Folha da Região hegemonia e monopólio do poder holocausto idiossincrasias impunidade Irã Israel judaísmo justiça liberdade liberdade de expressão Literatura livros manipulação Mark Twain masectomia medico mensalão minorias Montaigne Obama obras paulo rosenbaum poesia política prosa poética revisionistas do holocausto significado de justiça Socrates totalitarismo transcendência tribalismo tzadik utopia violencia voto distrital
Follow Paulo Rosenbaum on WordPress.com

  • Seguir Seguindo
    • Paulo Rosenbaum
    • Junte-se a 2.948 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • Paulo Rosenbaum
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
%d blogueiros gostam disto: