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  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
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  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

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Paulo Rosenbaum

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Os horizontes do Justo (blog Estadão)

04 segunda-feira jul 2016

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blog conto de noticia, direito à autodefesa, hermeneutica, justiça, Justiça social, justice in Israel, Mario Vargas Lhosa, redução de problemas complexos, shoah, Suprema Corte, tzadik, tzedaká

Os horizontes do justo

Paulo Rosenbaum

04 julho 2016 | 11:56

Discordo, e não é só para contrariar o bom humor com que o notável Mario Vargas Lhosa finalizou sua coluna sobre os justos de Israel neste Estadão. Pelo que se vem falando sobre os dilemas contemporâneos de Israel — implicitamente ligado ao shoah e ao destino do povo judeu — o leitor corre o risco de imaginar que tudo pode ser condensado aquele único horizonte. Opressor contra vítima. Dominador e dominado. Segregador e segregado. Destarte, o mais estranho tem sido observar a redução de um conceito muito caro à humanidade — como é o caso do “justo de Israel” — ao guerreiro que se autodenuncia, o combatente que recusa a violência ou o homem que renega, por questões morais, toda hostilidade cometida por sua própria tribo. Justo tem sua raiz na palavra hebraica tzadik que por sua vez deriva da palavra tzedaká, cuja tradução apenas aproximada seria “caridade”. A estas características seria bom acrescentar outras, talvez mais relevantes, decerto mais próximas do conceito original. Ao menos estabelecer uma equivalência analógica. Há um conceito ampliado do justo de Israel,  pois há também o “justo das Nações”: é aquele que se aproxima da santidade. Aqui tomada menos em sua conotação transcendente, mas como sujeito que consegue atingir um estágio de conhecimento e separação que  o habilita a estabelecer um julgamento quase perfeito. São tão poucos e raros aqueles que logram alcançar este patamar que a axiologia foi obrigada a criar a categoria de “intermediário”. Uma espécie de pessoa que, incessantemente, busca a justiça — abarcando também o bastardizado conceito de “justiça social” — mas que, muito provavelmente, não a alcançará. Ao menos através de um modo acabado e idealizado.  Já o justo, de acordo com os critérios da hermenêutica é aquele que atinge o grau máximo de discernimento. Grau que nem sem sempre está de acordo com o que anuncia o senso comum. Esta é uma peculiaridade muito própria do justo; estar oculto e ser minoria entre as minorias. Por sua vez, o justo, quando chamado, manifesta-se por inteiro, a contrapelo, enquanto outros preferem esconder-se na maré do senso comum. Nesta acepção, o justo sempre buscará a paz, sem, no entanto, desfazer-se do direito à existência e, principalmente, sem renunciar à autodefesa. O justo também não é nem um traidor nem alguém que se dispõe à autoimolação. De que valeria um justo sacrificar-se ofendendo os próprios balizamentos éticos? Um equânime que serviria apenas para o endosso de uma violência que não se cala? Israel não é um mar de rosas, muito menos um lugar perfeito. Se a opressão não é justiça, ceifar a vida de inocentes com ataques terroristas menos ainda. Se a ocupação é condenável e uma política colonialista um pesadelo, a resposta jamais será a prescrição de esfaqueamentos aleatórios. Há uma importante distorção na análise da desproporção. Disputas territoriais e questões étnicas tem sido cooptadas como uma causa que vitimiza apenas um lado. O supostamente mais fraco e indefeso. A tragédia, e ela existe, é sempre bilateral. Teorias sócio-psicologicas se esforçam para explicar a preferência pelos fracos e indefesos contra a potencia que subjuga. Mas, uma vez conhecidas, eles não pode servir para endossar o álibi da demonização branca de toda uma sociedade. Há uma critica que oculta, sob o manto do discurso da igualdade, um viés repleto de preconceitos. Se o sionismo demanda ressignificação, isso nada tem a ver com as acusações genéricas e pouco fundamentadas que vem dominando a intelligentsia internacional e fomentando irresponsavelmente a globalização da judeofobia. O discernimento e a honestidade intelectual exigem colocar as coisas nos seus devidos lugares. Uma delas é separar os elementos para análise impedindo a aglutinação que generaliza uma condição particular. Só um Estado com altíssimo grau de consciência permitiria que militares insatisfeitos deponham contra este mesmo Estado, e ainda sejam protegidos em seus direitos pela Suprema Corte, ainda que com algum grau de censura. Deste modo, o “justo de Israel” pode nem mesmo ser uma pessoa. Não sendo uma personalidade, o justo não deve estar onde se supõe que esteja. Pode estar encarnado numa entidade abstrata, numa consciência com grande impacto na realidade. Pode estar exatamente na natureza ímpar de um País que permite que todos, incluindo jornalistas e ex-militares insatisfeitos, possam se expressar. Isso é justo. Mais do que justo.

Tags: caridade e justiça social, do justo e da justiça, Do justo e razão da justiça, Elie Wiesel, Hebron, Israel, justice in Israel, justo das nações, Mario Vargas Lhosa, minorias, Suprema Corte, tzadik e tzedaká, tzedaká e tzadik

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Somos os outros (blog Estadão)

12 segunda-feira jan 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa, Na Mídia

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autocracias, emancipação, fusão de horizontes, hermeneutica, os outros, segunda guerra mundial, somos os outros, Stefan Zweig, Umberto Eco, unidade da Europa, valores ocidentais, Victor Hugo

Somos os outros

Paulo Rosenbaum

11 janeiro 2015 | 13:27

MarchaParis 

Para o escritor Victor Hugo, o valor mais importante da democracia é a solidariedade, e acabamos de testemunhar a maior manifestação desde o fim da segunda guerra mundial.  A avaliação histórica é retrospectiva, mas é muito provável que o futuro da Europa, e do mundo, pode estar sendo delineado nestes passos. E não é só pela “Marcha da Unidade”, é pela súbita e inesperada aglutinação de perspectivas. Políticos e povo na praça da República realinharam expectativas. Não é pouco. O símbolo é emocionante, independentemente do resultado concreto, esse já é um fenômeno enigmático. A diversidade, quando resolve se expressar é uma dessas raras forças com potencial para inibir o sectarismo fanático. A loucura será a utopia de uma Europa de fato reunida. Talvez nos termos do artigo de Stefan Zweig  “Da unidade Espiritual da Europa” publicado em 1942. Uma moeda comum, a abolição das fronteiras e a liberdade comercial pode não ter sido o suficiente para alinhar o sonho, um espírito de unidade para o continente.

É preciso ir além da festa da caminhada, da paz fugaz, do momento único. A solução é a aceitação incondicional da emancipação em meio a uma sociedade que se imagina homogênea. A unidade preciso reconhecer a heterogeneidade, inclusive a sectária. Todos os slogans “eu sou” desaguam num leito único, aquele que superaria as aporias, mudaria a vida, intensificaria a civilização para bem além dos valores ocidentais.

Aqueles que querem viver em liberdade e prezam a paz são maioria. Mas como lidar com minorias que usam as concessões das sociedades abertas para bloqueá-las? Que, através da manipulação e da espada, conseguem inclusive interferir nos resultados eleitorais? Como se resolve a preservação dos direitos civis e a questão da vigilância durante a vigência de uma guerra? Pois há uma em curso, como reconheceu o premier francês. Umberto Eco acaba de escrever que “O estado islâmico é uma nova forma de nazismo”. Subestimar a ameaça por considerações vagas, medo ou correção política também merece revisão. A mesma voz que condena a islamofobia, o antissemitismo e todas as formas de racismo precisa reafirmar, ao mesmo tempo, sua objeção ao renascimento do fascismo, religioso ou laico.

Como um estranho rio que brota do deserto, o dia nasceu com força inusitada. A energia é afetiva. “Eu posso ser o outro”, uma espécie de ápice da manifestação solidária. Mesmo que nem todos estejam conscientes da profundidade, sua penetração é infiltrativa, abrangente, difusa. A assunção de que também somos os outros, significa recusar qualquer forma de tirania, de Estado autocrático, de minorias violentas. É provável que não dure, mas, num mundo até ontem inflexível, é possível que a tragédia tenha criado uma oportunidade única:  juntar cidadãos numa inédita fusão de horizontes.

Tags: fusão de horizontes, Marcha da Unidade, Paris, somos os outros, Stephan Zweig, Umberto Eco

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Ativos tóxicos (Blog Estadão)

02 domingo mar 2014

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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ativos tóxicos, hermeneutica, mensalão, rodovia da conveniência, sucia

 

No mensalão, pena de políticos é menor que a de operadores

 

 

A republica se moveu, em círculos. Questão de tempo até a imobilização. É que havia um ponto. Um ponto bem no meio do caminho. Os habitantes saíram do vale, das planícies e, durante mais de ano, assistimos uma maré de juízos. Todos olharam para regiões elevadas, mas o planalto era temerário.

E foi assim, na tal tarde triste, que todos puderam testemunhar onde vivia o ponto excedente, aquele fora da curva. Fora as organizadas, a maioria não queria excesso ou desforra. Se contentaria com a justa medida, imparcialidade e precisão das provas.  

Não, ninguém se impressionou com os combates argumentais. A curiosidade, legítima, era sobre as motivações de cada um. Por que a técnica precisava ser apartada da política? E se eram doutores tão especializados, para quem os lamentos? E por que doses desiguais para quem tem poder político?

A pequena maioria fez a balança derrapar. Derrubada a união e com a sucia apagada da súmula, reformularam a decisão. A curva, agora estava realinhada conforme o plano. Chegáramos à última estação. Daqui em diante, o regime poderá ser reconstruído segundo critérios muito particulares. Fomos alertados. Mas quem ainda não sabia que fusão de poderes é um ativo tóxico para a democracia?

Daqui para frente pode não haver próxima parada. Não há escolha quando outros decidem por nós. Os pontos que escaparam da curva se reagruparam. Pavimentam a novíssima hermenêutica rumo à rodovia da conveniência.

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/ativos-toxicos/

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https://editoraperspectivablog.wordpress.com/2016/04/29/as-respostas-estao-no-subsolo/

Entrevista sobre o Livro

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