• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

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Somos os outros (blog Estadão)

12 segunda-feira jan 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos, Imprensa, Na Mídia

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autocracias, emancipação, fusão de horizontes, hermeneutica, os outros, segunda guerra mundial, somos os outros, Stefan Zweig, Umberto Eco, unidade da Europa, valores ocidentais, Victor Hugo

Somos os outros

Paulo Rosenbaum

11 janeiro 2015 | 13:27

MarchaParis 

Para o escritor Victor Hugo, o valor mais importante da democracia é a solidariedade, e acabamos de testemunhar a maior manifestação desde o fim da segunda guerra mundial.  A avaliação histórica é retrospectiva, mas é muito provável que o futuro da Europa, e do mundo, pode estar sendo delineado nestes passos. E não é só pela “Marcha da Unidade”, é pela súbita e inesperada aglutinação de perspectivas. Políticos e povo na praça da República realinharam expectativas. Não é pouco. O símbolo é emocionante, independentemente do resultado concreto, esse já é um fenômeno enigmático. A diversidade, quando resolve se expressar é uma dessas raras forças com potencial para inibir o sectarismo fanático. A loucura será a utopia de uma Europa de fato reunida. Talvez nos termos do artigo de Stefan Zweig  “Da unidade Espiritual da Europa” publicado em 1942. Uma moeda comum, a abolição das fronteiras e a liberdade comercial pode não ter sido o suficiente para alinhar o sonho, um espírito de unidade para o continente.

É preciso ir além da festa da caminhada, da paz fugaz, do momento único. A solução é a aceitação incondicional da emancipação em meio a uma sociedade que se imagina homogênea. A unidade preciso reconhecer a heterogeneidade, inclusive a sectária. Todos os slogans “eu sou” desaguam num leito único, aquele que superaria as aporias, mudaria a vida, intensificaria a civilização para bem além dos valores ocidentais.

Aqueles que querem viver em liberdade e prezam a paz são maioria. Mas como lidar com minorias que usam as concessões das sociedades abertas para bloqueá-las? Que, através da manipulação e da espada, conseguem inclusive interferir nos resultados eleitorais? Como se resolve a preservação dos direitos civis e a questão da vigilância durante a vigência de uma guerra? Pois há uma em curso, como reconheceu o premier francês. Umberto Eco acaba de escrever que “O estado islâmico é uma nova forma de nazismo”. Subestimar a ameaça por considerações vagas, medo ou correção política também merece revisão. A mesma voz que condena a islamofobia, o antissemitismo e todas as formas de racismo precisa reafirmar, ao mesmo tempo, sua objeção ao renascimento do fascismo, religioso ou laico.

Como um estranho rio que brota do deserto, o dia nasceu com força inusitada. A energia é afetiva. “Eu posso ser o outro”, uma espécie de ápice da manifestação solidária. Mesmo que nem todos estejam conscientes da profundidade, sua penetração é infiltrativa, abrangente, difusa. A assunção de que também somos os outros, significa recusar qualquer forma de tirania, de Estado autocrático, de minorias violentas. É provável que não dure, mas, num mundo até ontem inflexível, é possível que a tragédia tenha criado uma oportunidade única:  juntar cidadãos numa inédita fusão de horizontes.

Tags: fusão de horizontes, Marcha da Unidade, Paris, somos os outros, Stephan Zweig, Umberto Eco

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Emancipação sem adaptação: a vez dos perdedores!

09 quinta-feira ago 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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adaptação, advogados censores, Darwin, darwinismo social, Democracia grega, desigualdade, emancipação, escravocrata, mensalão, pódio, perdedores


Emancipação sem adaptação: a vez dos perdedores!

O julgamento do mensalão (agora que os advogados censores do PT querem impedir a palavra ela passa a ser a única que merece menção) vem despertando paixões e discussões. Talvez o mais importante esteja sendo a oportunidade para discutir a desigualdade dos cidadãos perante a lei.

A opinião pública não espera que o embate principal deste julgamento fique entre técnica jurídica e discursos empolados. O verdadeiro jogo está sendo jogado nos vestiários, entre uma documentadíssima e consistente ação cívica versus um novo triunfo da onipotência do Estado contra seus cidadãos.

Adivinhem quem tem mais força?

Numa cultura de ganhadores leva quem tem mais cacife enquanto a igualdade morre todos os dias no documento constitucional. Mesmo assim, às vezes, vale a pena apostar no azarão e apreciar como os fracos podem surpreender.

Os políticos, cúmplices e funcionários do Estado estão acima da população. O fenômeno é mundial e nada novo: não somos iguais. Era exatamente a lógica dos fundadores das Olimpíadas. Na velha Grécia de 2.500 anos atrás, a democracia não só previa como considerava imprescindível a lógica escravocrata. Para entender talvez tenhamos que retroceder à época em que a espécie humana engatinhava.

Para Darwin, a travessia histórica da evolução das espécies culminava em sistemas progressivos de adaptação. Os mais adaptados sobrevivem e triunfam para procriar e prevalecer sobre os demais. Os outros…bem os outros são os outros, quem mandou não seguir a cartilha? Dois séculos depois, para além dos estereótipos, achados científicos mostraram que, do ponto de vista biológico, as espécies continuam evoluindo.

Finalmente chegamos à nossa contemporaneidade atípica onde a pergunta muda de direção: o que significa evolução para além da biologia?

Ficamos impressionados pela força, velocidade, e agilidade e respectivos
records e medalhas, enaltecidos por locutores dos feitos olímpicos.
A luta do atleta contra seus próprios limites faz do ouro
devida recompensa. Daí virá pódio, hino, superação triunfal,
glória e os contratos de publicidade.

Nesta lógica, a cultura do vencedor representa no mundo prático,
a bandeira da evolução.

A atmosfera pop que hora nos governa pensa poder esnobar a cultura,
e escarnecer da opinião pública, assim como o político sem méritos
se imagina o marco zero da nação. Mais comum que seja só o zero.

Como nada é linear se houve um ganhador é porque muitos, necessariamente, perderam.
Ter isso em mente é amadurecer. O que está em jogo hoje é uma espécie de repetição do momento histórico de eclosão da contracultura. Ali uma geração atormentada diante da mesmice dos modelos políticos, guerras e desesperança, resolveu virar a mesa e criar um front pacifista e anti establishment. O novo apareceu e os hippies se inscreveram na história. Não só os valores eram contestados, mas a vida ela mesma se voltava para existir fora dos cânones estipulados na mídia, pelos políticos e a moral da época.

Hoje vivemos condições análogas aquelas dos anos 60, a mesma desesperança, o mesmo ceticismo, a mesma dualidade estúpida entre ideologias envelhecidas. Tudo agravado pela crise financeira mundial e o embrutecimento dos valores éticos.

Há uma aspiração de retomada das tradições espirituais – precocemente descartadas pelos esclarecimentos científicos – assim como uma sensação generalizada de que algo precisa mudar se quisermos uma versão melhorada deste mundo. Nada de polir o discurso introduzindo a frase mágica “em nome das próximas gerações”. Tudo é para nós mesmos, aqui e agora. Chegou a hora de chocar, radicalizar para assumir certa marginalidade, de preferência que nos faça redescobrir a honra da dissonância, da oposição e da discórdia.

Sem estabelecer essa urgência, a inércia vencerá a necessidade e, mais uma vez, o conformismo será a desculpa para a mesmice que nos assola. Talvez devamos começar desobedecendo a critérios de vitória aos quais fomos condenados, e que, sob a batuta da educação formal, virou doutrinação social. Como o sentido da vitória se esgota chegou a vez dos perdedores. Muito provavelmente, teremos que redescobrir sozinhos o valor das tradições às quais pertencemos e reafirmar que não só há valor na derrota e na depressão nossa de cada dia, como elas são as maiores responsáveis pelo amadurecimento que nos fará gritar o “não” e desadaptar-se.

Emancipação é se insurgir contra os destinos previamente traçados por outros, em nosso nome. Por isso mesmo, para uma filosofia libertadora só há um sentido, obrigatório, o da contra mão.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. Autor de “A Verdade Lançada ao solo (Ed. Record)”

Paulorosenbaum.wordpress.com

Para comentar, acessar o link do JB

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/08/09/emancipacao-sem-adaptacao-a-vez-dos-perdedores/

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