• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

Arquivos da Tag: golpe

O último whats (blog Estadão)

17 quinta-feira dez 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ Deixe um comentário

Tags

blog conto de noticia, cerco branco, conto de notícia, democracia, Estado Democrático de Direito, Estado policial, golpe, hegemonia e monopólio do poder, Help, o último whats, significado de justiça

O último whats

Paulo Rosenbaum

17 dezembro 2015 | 19:13

-Leia isso aqui!

-“Help?”

-Isso, “help!”.

-Chegou quando?

-Meia noite!

-Estranho!

-Quem enviou?

-Sem remetente, sem destinatário.

-Exato, mensagem na garrafa. Milhões receberam.

-A outra chegou um segundo antes!

-“Embargo geral?”

-Essa!

-Por que escreveriam isso?

– Ah, você não imagina?

– Não faço a mínima.

-Eu te listo mil motivos em um minuto.

– Então conta

– Perdemos critério, esvaziamos o bom senso, estamos governados pelo senso comum, a elite sustenta o poder, estamos sob censura, o crime varou a carne, o sistema tolheu as escolhas individuais. A divisão virou guerra. Os dossiês, armas. As discussões, torcidas organizadas. A judicialização, indevida. Carência de justiça devida. Segredos de Estado. Estado democrático sob cerco. Estado com espectro policial. Você ou qualquer um não pediria ajuda?

— Imploraria.

–Foi até discreto, mas assim? Ao cosmos? Para alguém alhures? Ele é um daqueles que ainda acredita no Céu?.

–E você, não?

(silencio intimidador)

– Não?

– Evoco a quinta emenda.

– Isso não vale nada por aqui. Lembra? Aliás, essa Constituinte aqui não sei não.

— Então te digo que no que não acredito: nessa política, na esquerda retrógrada, direita obtusa, centro acéfalo.

— Vejo que você não enxerga mesmo. Não percebeu os símbolos na linguagem? Impedimento, bloqueio, intervenção, sigilo de justiça, controle da mídia, restrição, liminares, prisão domiciliar oficial, arbítrio, mordaça. Ninguém precisa decretar “somos um governo tirânico”, é auto evidente. Se não acredita, faça seu próprio levantamento. Te digo que é por ai.

— Certo, mas o mistério persiste: quem digitou “help”?

– E quem não o faria? É help mesmo! Socorro, acudam, alguém faça qualquer coisa.

– Você está insinuando o que? Uma inteligência artificial? Capaz de perceber a bagunça e ainda gritar “socorro”?

– E por que não? Fenômeno raro, já registrado antes. Assim como existe uma inteligência individual de cada órgão, existe uma espécie de organização autonômica desconhecida, que age à nossa revelia. Só se manifesta em momentos críticos para a humanidade e poucas vezes abaixo do Equador. Transmissões radiofônicas sem origem, impulsos eletromagnéticos que são próximos e ao mesmo tempo não localizáveis, é como se a radiação cósmica de fundo tivesse uma voz, que as vezes até digita.

-Você tá de brincadeira!

– Não brinco com coisa séria!

(Voz celeste embargada: – Céus)

– Você ouviu, ou vai se fingir de surdo.?

-Ouvi, mas tinha acabado de pingar 3 gotas de Rivotril

(voz celeste grave : – I rest my case) (tradutor automático: Para mim, deu)

– Essa eu ouvi.

(ruídos de tremor de dentes)

– To te falando!

(voz celeste : – Fui)

– Olha aqui, o whats voltou.

– Milagre!

– Mas embargaram só no Brasil?

– Parece que sim.

– Arábia Saudita?

– Não. Isso é coisa muito nossa. Em nenhum outro lugar na Terra fariam isso.

– O que não entendo é por que uma Inteligência desse porte pediria nossa ajuda?

– Filho, era uma expressão: torrou, excedeu todos os limites, de saco cheio. Entendeu? Nem Ele aguentou!

– Mas não era brasileiro?

-Se naturalizou argentino, ontem.

-Então é mesmo o fim.

– O País acabou.

(chega uma mensagem de texto paga: – O País nem começou. PS- Podem me acordar se surgirem novidades. PS2- Por via das dúvidas, o novo passaporte é provisório)

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/o-ultimo-whats/

 

Tags: blog conto de noticia, Estado democrático, Estado policial, help, inteligência artificial, juízes e o juizo, mensagem na garrafa, milagre, o país acabou?, o último whats, socorro

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Um golpe chamado democracia(Blog Estadão)

13 domingo dez 2015

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 1 comentário

Tags

blog conto de noticia, blog Estadão, democracia, golpe, Golpe chamado democracia, impeachment, Juízes, Manifestação 13 de dezembro, os abaixo da lei

Um golpe chamado democracia

Paulo Rosenbaum

12 dezembro 2015 | 17:11

 As regras do jogo vão ficando cada vez mais curiosas, e abstratas. O juízo pode não ser justo, a República se torna um partido, e os apoiadores do regime unidos aos  poucos intelectuais equivocados e a maior parte guarnecidos com subsídios federais, podem se dar ao luxo de abandonar toda critica. São dois mundos. O poder, separado da plateia. Como numa ópera intensa, o escândalo dos sopranos amordaça os ouvintes. O sonho dobra-se à calamidade. Normalmente, se você comete um deslize paga pelos erros. Se alguma vez tua musica desafinou, acontece, perderás audiência. Se tua carta é infantil o desgaste será inevitável. Paga-se multa por quitar a divida em atraso. E a inadimplência segue a mesma lógica. Ninguém pode ter a prerrogativa de justificar crimes pela lógica das circunstâncias. Sanções não são perseguições individuais, nem encrenca com a singularidade. Normas civilizam, e minimizam o inevitável desgoverno das complexas sociedades contemporâneas.

Todo juiz é, deveria ser, servo de uma consciência que não lhe pertence, não completamente. Ao nos desviar da educação e troca-la por slogans com as bênçãos do marketing político, sofremos com outros sintomas do atalho equivocado na economia que falece sem espernear. Que declina junto com empregos e renda. Trata-se de um asfixia brutal, ainda que não mecânica. O nem tão gradual declive é derivado de um erro crônico,  calculado mas nunca assumido.  Sem autocrítica, o mal feito continuado é encarado sem drama, como ponto pacifico de um sistema que passou a se considerar acima das leis por estar respaldado por votos.  Tudo isso já seria o bastante, mas há algo bem pior. O estrangulamento dos centros do saber, quando a educação foi sendo substituída por adestramento de militâncias. A decadência de editoras, leitores e, por fim, a agonia do livro são mais que simbólicas. O rebaixamento cultural é um embolo que ejeta a razão para nos inocular estagnação. É o melancólico final de um ciclo de experiências que nos empurravam para um novo e decrescente estatuto da cidadania.

Quem ainda presta atenção à realidade sabe que vivemos um “não é possível” todos os dias. Um apuro por dia com a marca perversa do desprezo pela opinião pública. O fato mais impressionante, dentre todos aos quais assistimos, é a persistência de uma dialética tosca, insuficiente, mal composta. As brigas, incêndios de escolas e vandalismo parlamentar são detalhes. Quem quer contestar a legitimidade de pedir o impedimento de quem foi eleito, precisa antes responder: como quem não foi eleito, mas nomeado por outro poder, pode ter o poder de julgar representantes votados? Foram essas alianças fracas que estornaram o saldo, para decretar um destino imprevisível.

Mas nem sempre destoamos desde o principio. Houve um breve interregno em que algum diálogo era plausível. Não mais. Os tensionamentos voaram para bem além das palavras.  A nova casta de beneficiários do regime são partidários do impasse. Não que as instituições não funcionem, elas só parecem ter perdido a memória de sua função: trazer conforto e segurança para a maioria. Vivemos numa não declarada sociedade de posicionamentos antecipados, onde o argumento anda valendo muito pouco.  Quando desceram ao protocolar para satisfazer o imediatismo de suas convicções desprezaram a democracia. Para quem obstaculiza a constituição, democracia é golpe. Ficamos solitários e sem ninguém. A solidão é um rastilho, o sem ninguém, a pólvora. Restou-nos o nosocomio no qual se transformou uma política coalhada de eleitos mas sem Estadistas.

Uma América ao sul continua retida. Um território que não se reconquista sem mudanças. Pode e deve haver mais de uma porta de emergência. No entanto, todas elas pedem destrancamento corajoso. Mesmo tendo receio de que este não é o caminho ideal, mesmo que os cientistas políticos oscilem, e que mesmo que grupos tentem sabota-lo, ele já é irreversível. É que a ameaça costuma redobrar a determinação. Quando um império desfavorável tenta colocar ferrolhos e liminares no fim do túnel, nós, os reféns da claustrofobia inventada intuímos: é agora ou nunca. Precisamos sair. E sair a pé. E aos milhões. Afinal, domingo parece ter sido feito para isso.

http://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/um-golpe-chamado-democracia/

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

O fim da democracia – este artigo só será lido aqui, não está na minha coluna do JB!

07 sexta-feira jun 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 2 Comentários

Tags

Argentina, assistencialismo, bolsa família, democracia, direitos humanos, ditadura, golpe, governo, Nobel, política, professores, salários, sistema, sociopatas, Venezuela, voto

A história ensina que a democracia é o melhor sistema de governo já inventado, e encontrou o apogeu entre os gregos no século de Péricles. Só que seu aperfeiçoamento leva tanto tempo e tomamos tanto na cabeça que ninguém pode garantir que sobreviveremos para ver seu triunfo. Os direitos civis estão ameaçados pelos governos que se autoperpetuam no poder e pelos que gritam por aí que temos “excesso de direitos humanos”. Eles podem dar as mãos e valsar, porque ambos sonham com ditaduras. Poder autocrático e gente que tem nostalgia da ditadura militar fazem parte do mesmo saco.  O primeiro porque acredita tanto na própria capacidade que sonha com um país sem imprensa livre e sem oposição (desejos quase realizados na Argentina e na Venezuela) e os segundos, aqueles que espalham vídeos e bobagens com “saudades do golpe”, são movidos pela fantasia das coisas arrumadas, da ordem à base do cassetete. Entretanto, em relação aos direitos individuais, há algo, sim, que chama a atenção no Brasil. É a desproteção a que as vítimas estão expostas contra um sistema legalista que, de alguma forma, é excessivamente indulgente com os criminosos. “Vítimas do sistema” é a tendência para classificá-los. Há interesse político em tomá-los como sociopatas. Seriam fracos que agridem por falta de opção. Se algum dia isso pode ter passado como verdade, fica claro que hoje isso não passa de uma tremenda manipulação dos fatos.Em um destes programas televisivos sofríveis um laureado com o Nobel de qualquer coisa (não compreendo, mas deve haver algum motivo para acreditarmos mais em quem ganha prêmios) declarou: “Temos que ensinar as pessoas que elas precisam fazer o que faz sentido”.  Só omitiu o principal: o sistema político em que estamos metidos berra enfaticamente o oposto. Nada parece fazer sentido. O absurdo é que ganha pontos todos os dias. A vida não parece seguir uma lógica. Os exemplos são tantos e não são só crimes e a violência aleatória das ruas. De megainvestimentos em pessoas que driblam bem (152 milhões), aquelas prioridades que o Estado elege como essenciais, tudo parece invertido. Admito, a desrazão que enxergo pode muito bem fazer parte da recente SGDR (síndrome geral de distorção da realidade).

Um professor titular de universidade em tempo integral e com dedicação exclusiva ganha no Brasil um dos menores salários do mundo para esta função, enquanto um professor de escola pública mal consegue sobreviver. Democracia sem valorização do ensino é um exemplo da sociologia da ignorância. Mas o que fazer?  Abrimos um jornal tridimensional, e se lê que tudo que vimos durante meses no julgamento do mensalão pode não ter valido nada, ou quase isso?  Que os ladrões agem por cópia diante da superexposição de fatos e agora incineram suas vítimas? Que a comemoração da pacificação das favelas teve que esperar até que um tiroteio terminasse?  E por que o ministro da Justiça toma sempre um partido na hora de qualquer explicação?

Quando alguém diz que os fatos serão apurados “doa a quem doer”, preparem as azeitonas. Não é só que os governos são trapalhões, é que se respira um clima de descontrole, de má administração pública e de distorções seletivas dos eventos. Quem vai explicar o escândalo do vazamento do boato sobre o Bolsa Família se ele foi gerado e instrumentalizado lá, bem dentro do poder, e ainda entre gestores públicos? O poder governamental tornou-se a principal fonte do mal feito no país.  A Bolsa Família pode ter sido um arremedo importante contra a miséria. Mas não seria muito melhor se tivesse migrado como política pública para formatos mais sofisticados de seguridade social? Onde a meta seria emancipação das pessoas, e não a intensificação de um assistencialismo mutualista.

Caprichar mais em ensino, capacitação e treinamento? Proporcionar mais leitura, sofisticar as mídias públicas, democratizar o acesso ao conhecimento?  Nem pensar. A não ser que seja para aparelhar as instituições com gente do partido.  É que essa é a grande sacada dessas últimas administrações. Não há democracia possível com violência em ritmo de guerra civil como a que estamos enfrentando. Mas quem precisa de democracia para governar? O que te diria o senso comum? Que, se os assaltantes motociclistas estão usando os capacetes para se esconder dos crimes? Ora bolas, então que os capacetes tenham que ser identificados. A Colômbia já fez isso. A lei por aqui? No estado de SP são multados motociclistas que entram com a proteção de cabeça nos postos de gasolina. Nos bancos vigias armados garantem o patrimônio dos banqueiros. Milícias privadas vêm sendo a solução para a apatia do Estado em prover segurança pública. Postos, bancos e bunkers podem ser protegidos, mas e nós, a população? Merecemos o quê?

Para que a democracia não fracasse, precisamos intensificá-la, não fragilizá-la ainda mais. Enquanto não houver pressão social para que a democracia se radicalize, outras radicalizações ameaçarão a democracia. E o fim da democracia é fim de papo. )

Compartilhe:

  • Imprimir
  • Mais
  • Tweet
  • WhatsApp
  • Telegram
  • Pocket
  • Compartilhar no Tumblr
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Artigos Estadão

Artigos Jornal do Brasil

https://editoraperspectivablog.wordpress.com/2016/04/29/as-respostas-estao-no-subsolo/

Entrevista sobre o Livro

aculturamento Angelina Jolie anomia antiamericanismo antijudaismo antisemitismo artigo aspirações impossíveis assessoria assessoria de imprensa assessoria editorial atriz autocracia autor autores A Verdade Lançada ao Solo açao penal 470 blog conto de noticia Blog Estadão Rosenbaum Censura centralismo partidário centros de pesquisas e pesquisadores independentes ceticismo consensos conto de notícia céu subterrâneo democracia Democracia grega devekut dia do perdão drogas editora editoras Eleições 2012 eleições 2014 Entretexto entrevista escritor felicidade ao alcançe? Folha da Região hegemonia e monopólio do poder holocausto idiossincrasias impunidade Irã Israel judaísmo justiça liberdade liberdade de expressão Literatura livros manipulação Mark Twain masectomia medico mensalão minorias Montaigne Obama obras paulo rosenbaum poesia política prosa poética revisionistas do holocausto significado de justiça Socrates totalitarismo transcendência tribalismo tzadik utopia violencia voto distrital
Follow Paulo Rosenbaum on WordPress.com

  • Seguir Seguindo
    • Paulo Rosenbaum
    • Junte-se a 2.948 outros seguidores
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • Paulo Rosenbaum
    • Personalizar
    • Seguir Seguindo
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra
%d blogueiros gostam disto: