Um Antepenúltimo Kadish*
Durante a inauguração da pedra

Como você alternou de forma tão clara a consciência com nonsense?
A alegria com o senso agudo de realidade, a retidão com o desapego.
A pergunta que me persegue desta tua última aparição, não a dos sonhos,
mas daquela noite.
Aquela que foi tua última noite de consciência (ou vigília?)
O que você quis realmente dizer com as últimas palavras?
Você cutucou o braço da moca da enfermagem para tentar dizer algo, mas não disse,
Não poderia dizer. Estavas sem voz. Tua voz, para nós continuamente sagrada e apaziguadora.
Firme, e ao mesmo tempo, gentil.
Como dizer para qualquer um aquilo me quebrou em migalhas?
Cheguei a achar que eram disformes, irrecuperáveis.
Mas pensei no que você diria: há afinal algo irrecuperável?
Ou somos ineptos para entender este estado da consciência?
Você dizia que…
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