Quem insiste em ir contra os consensos. Alguns? Poucos? Os inconformados? Mas, e se muitos desses consensos estiveram costurados às custas de um alimento venenoso? E se for nutriente premeditadamente adicionado para sustentar a confusão e as suspeições. Preparado com astúcia, está temperado com a invencível capacidade mitômana de quem só pensa em ganhar. E, graças a ela, tornou-se possível vender um produto obscuro, como se ele fosse o fruto da maturidade administrativa.
O governo poderia adotar uma estratégia mais civilizada, crível e consensual para expor, debater e depois oferecer o programa “mais médicos” à sociedade. E por que não o fez? Fácil explicar: grande jogada de marketing. Além do ganho secundário, que têm gerado, disseminado e potencializado o produto, junto com seu trunfo político. Pelo menos momentâneo.
Faz faz algum tempo que a estratégia sinistra têm sido atiçar a cisão, aguçar a litigância e a rixa entre grupos sociais. Ao constranger médicos e entidades médicas e, indiscriminadamente, joga-las contra a opinião pública a administração federal já nem se preocupa em esconder seu verve ardiloso. Nada de moralismo: nem os cubanos são humanistas natos nem os nacionais são seus antagonistas.
A estratégia, óbvia: demonizar os médicos brasileiros como se fossem todos xenófobos, racistas, orgulhosos e insensíveis. Como se estivessem alinhados num boicote sistemático para subverter o grandioso plano saneador do Estado. Para os autocratas de Brasília é a burguesia leniente do avental branco que se recusou atender ao chamado de emergência do estado de calamidade da saúde pública. Vê-se que não foi difícil fazer com que muitos articulistas mordessem a isca. Inúmeros se posicionaram com a arma mais débil e covarde num debate: a generalização.
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http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/da-tolerancia-e-outras-impossibilidades/