As vezes temos uma idéia e ela é, já, acontecimento. Exige apenas que disponhamos de tempo.
O tempo é uma chave importante.
Como pensava Montaigne, as vezes basta viver. Isso significa que a literatura sapiencial não foi abalada pela subliteratura de auto ajuda. Em outras palavras o ócio e a vida improdutiva tem sua razão de ser. Quando pensamos que o dia foi um desperdício, sempre temos que amenizar o gosto pela auto-desmontagem,
Por acaso não existimos?
O Senhor não vê desta forma?
Eu respeito, posso terminar?
Não há nada “improdutivo” se levarmos em consideração que a produção tem uma dimensão interna, subjetiva. É verdade que no mundo palpável, de carne e osso, onde tempo representa dividendos, isso parece não fazer sentido.
O Senhor deseja falar sobre o sentido? Não pode aceitar que neste mundo sejamos liderados pela subjetividade?
O sentido, Senhor, como deve saber, não nasce feito.
Ele é talvez o trabalho, o único trabalho. O mais difícil e exaustivo ofício humano. Eu sei que para o Senhor não há espaço para tamanha digressão, mas posso insistir um pouco mais?
A contemplação virá pela entrega. Pela entrega ao seu próprio desejo. Claro que temos que pagar as contas Senhor. O que não temos é que ser apenados a ter esse como único destino.
O “obterás o sustento através do suor do teu rosto” não pode, nem deve obliterar as nossas aspirações. Aquelas, da agenda subliminar.
Ah? Não sabe do que se trata?
Senhor, a agenda subjetiva, não é só uma rotina de compromissos, nela é que vivem as ideias que nos trarão ao bom, se é que saudável, desconforto.
É assim, assim que a contemplação pode vir a ser uma fábrica de perspectivas (mas não de falas premissas).
Senhor, não se pede que acredite em mim. Mas, por favor, (posso rogar?) tenha sua própria experiência.