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E agora Dinamarca? (blog Estadão)

15 domingo fev 2015

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alvos judaicos, atentando terrorista na Dinamarca, cobertura logística, Dinamarca, escritor nativo, jihadismo internacional, Obama e os ataques "randomicos", Paris

E agora, Dinamarca?

Paulo Rosenbaum

15 fevereiro 2015 | 04:50

terrorXX

Outra vez. Desta feita o jihadismo atingiu a Dinamarca. De novo, balas caçam quem defende a liberdade. Muita gente grita, mas por que será que as vozes se enfraquecem precocemente? A marcha de Paris já ficou anacrônica. Prevalece o silencio seletivo, aquele que reforça a inação, o conluio involuntário com a intolerância. A violência se expande sem margens definidas. Há uma vergonhosa recaída na velha e ofensiva fórmula de abafar a crise. E eis que ela já é continental.

Há poucos dias pode-se ler de um escritor nativo que o Ocidente é que precisava repensar suas barbáries. E quem discorda? Mas ele seguiu imodesto acusando a Europa de ser a produtora serial de monstruosidades. As cremações in vivo, as crucificações, estupros, escravização de infiéis e as degolas do neonazismo em nome de algum califa não passavam de detalhes da história. Pois, em oposição, considero seriamente todos os detalhes. A história não pode ser julgada como um só bloco. Sem contexto tudo parece mais do mesmo. As vezes não é.

Tentando conter a pressão e ao mesmo tempo rechaçando comparações que julgaram desproporcionais, assessores do presidente norte americano afirmariam que o estado islâmico não representa — como a aventura nazista na segunda grande guerra — uma ameaça existencial. Depende. Para quem? Obama complementou o discurso afirmando que a escolha de alvos judaicos para desferir os recentes ataques na França eram apenas “randômicos”: questão de sorte, cara ou coroa, impulso de momento. Pois não são, nunca foram.

Kopenhagen repete, por atuação quase mimética, a epidemia de lobos solitários que vai se tornando rotina nas cidades europeias. Bélgica, Toulouse, Paris e agora a capital da Dinamarca. Imitam as mesmas configurações da capital francesa, e os terroristas ainda à solta. É provável que sejam capturados. Podem ser mortos em confrontos com a polícia ou sair da Europa com a cobertura de quem lhes forneceu armas, financiou a jornada e ofereceu cobertura logística.

Mas, e as ações preventivas? Aquelas que vieram depois dos feitos dos milicianos de Paris – pois ainda é assim que a eles se referem, combatentes para aqueles que enxergam nos assassinos algum resquício de causa justa – foram obras da inteligência e da polícia. Mas e a sociedade? Qual a força e rigor necessários para responder à terra de ninguém, quando os roteiros homicidas estão sendo traçados? Como aceitar que o radical inspirado por religião, ideologia, ou pela mistura confusa de ambas, conserve a liberdade de organizar ações que determinariam o fim desta mesma liberdade? Monitoramento de bilhões de telefonemas, vigilância de drones e a aposta tecnológica não tem sido nem suficientes, nem eficientes, para romper a convocação de guerreiros santos via web. Voluntários, vindo de várias partes do mundo chegam todos os dias às bordas da fronteira Síria.

Não enxergamos que por trás do evidente, vivem os detalhes. Aqueles que enganam com sua falsa obviedade. A convocação que arregimenta gente pelo mundo é a consagração de uma busca inalcançável. Para além das virgens e da confirmação instantânea de bem-aventurança, está também uma profunda decepção com os valores do materialismo. Paradoxalmente cultuado com carreatas de máquinas potentes, cavalos de pau nos tanques chineses, e a última palavra em fuzis russos, a ideia ali é uma confluência onde estão abolidas outros contratos sociais e só vale a palavra morta das leis teológicas. Precisam nos convencer, por bem ou por mal. (como se constata o bem foi estratégia logo descartada).

Isso tudo não é o suficiente para retirar o caráter doutrinário da islã radical que impregna e recheia a nova epidemia. A escolha de minorias é um fato essencial. Ninguém com algum poder crítico deveria cair na armadilha de traçar qualquer equivalência moral com outras guerras e conflitos em curso. Por sua vez a eleição de alvos judaicos tem um caráter duplo: é a mais infame, e ao mesmo tempo a mais naturalizada das perseguições.

A diferença entre um ateu que mata e o devoto que atende um chamado divino é auto evidente. Como também é notável a distinção entre a eleição calculada de alvos civis e os danos colaterais de uma guerra. Se um Estado exagera pode ser responsabilizado. Se um partido pula a cerca pode ser, à duras penas, chamado à justiça. Mas, se grupos anônimos e transnacionais se disfarçam de lobos solitários para fazer o que bem entendem, caminham à inimputabilidade. Suas ações se assemelham aqueles das turbas linchadoras, onde ninguém é capaz de definir quem é quem e menos ainda quem aplicou o golpe derradeiro.

É importante admitir que o terror já é uma força triunfante. Mudou a cultura e os hábitos de bilhões. Não bastasse todas as inseguranças que as pessoas vivem em seus cotidianos, o pânico extra, gerado por ações cada vez mais sistemáticas, obriga os cidadãos a operar sob o medo. E o medo é uma força desorganizadora, inclina o sujeito à hostilidade e ao desespero. No recuo, no recolhimento que a paúra provoca, estamos com o pé atrás. Quanto tempo a civilização concebe suportar becos sem saída?

E agora, Dinamarca?

Tags: arregimentação de jihadistas via web, atentado em Kopenhagen, estado islâmico, guerra santa, materialismo, Obama e os ataques “randômicos”

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Diálogos Interditados

25 quinta-feira abr 2013

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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antiamericanismo, democracia, diálogos interditados, formadores de opinião, hegemonia e monopólio do poder, impunidade, interdição da razão, Irã, jihadismo internacional, mensalão, redução da maioridade penal, significado de justiça, violencia

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Jornal do BrasilQuinta-feira, 25 de Abril de 2013
Hoje às 06h09 – Atualizada hoje às 09h57

Diálogos interditados

Jornal do BrasilPaulo Rosenbaum *

Como previsto por este colunista, vários “formadores de opinião” com sua tradicional pós-graduação em cegueira ideológica tentaram estabelecer “se” e “mas” para condenar com timidez os ataques terroristas em Boston. A vergonhosa relativização arrasta o desfile de falácias. A evocação dos desastres em guerras num passe de mágica se transformam em argumentos justificacionistas. É típico da desonestidade intelectual embolar tudo para simular equiparações onde elas não existem. Como se não bastasse, tentam estabelecer equivalência moral entre a piração religiosa jihadista (cujo prolifico DNA encontra-se no Irã, no Líbano, na Síria, na maioria dos países africanos e agora no varejo, com franquias Al Qaeda) com os conflitos tradicionais.

Como pacifista, não é difícil classificar de repugnantes tanto umas como outras. Mas granadas lançadas a esmo e bombas em eventos públicos têm um peso distinto de conflitos entre nações. Guerras santas e líderes fanáticos não costumam ceder à razão. Pelo contrário, ela é o único alvo.

“Guerras santas e líderes fanáticos não costumam ceder à razão ”No fanatismo não há interferência diplomática. Não há dissuasão. Não cabe diálogo. O terrorismo é uma batalha perdida para a escuridão das pulsões destrutivas, geralmente acobertadas pela ilusão do conserto do mundo. Os terroristas são antes de tudo uns convictos. Têm razão a priori. Por isso recusam o debate.

A guerra pode ser terrível, abjeta, escandalosa, mas ainda pode ser detida, contornada e minimizada. Sempre existem fronteiras a serem negociadas, reparações, compensações e jeitos para obter paz. A tolerância, a compaixão e a simpatia que os fascistas de esquerda e direita mostram pelo terror decorre de uma identidade patológica primitiva, onde o ideário prevalente é o batido “os fins justificam os meios”. Pois estamos bem no meio de uma pandemia fanática, onde quem está interditada é a razão.

O mesmo tipo de absurdo se vê na interdição do debate sobre a redução da maioridade penal no Brasil. Está academicamente comprovado que isso traria baixo impacto na redução da criminalidade — continuo achando pouco crível que absolutamente nada esteja sendo feito para conter a violência no pais e enxergo a omissa mão do Estado nesta inércia — entretanto, a forma como os menores estão sendo manobrados e manipulados por maiores para praticar crimes exige uma contrapartida jurídica. Onde estão os planos de reeducação e reinserção social? Quais perspectivas o Estado oferece para uma massa sem perspectivas? Sem experimentar novas políticas e leis, não podemos saber se a redução da maioridade penal teria ou não impacto na cadeia viciosa de crime-impunidade-inimputabilidade.

Mas, mais uma vez, o debate encontra-se obstaculizado sob a argumentação imaginária de que qualquer mudança criminalizaria apenas o jovem socialmente carente. Não é bem assim. Mas quem quer saber? Quem ousa falar contra uma cadeia de dogmas instrumentalizados por estudos muitas vezes descontextualizados e anacrônicos? Desconfio que o politicamente correto tenha sido uma invenção dos ditadores para blindar os dogmas. A redução pura e simples da idade penal conquanto não seja uma solução pode ser o início de uma discussão democrática de quais limites e sob quais contextos queremos estabelecer as leis: quem merece ser responsabilizado e em quais circunstâncias.

“Ninguém espera que a sociedade seja virtuosa. Longe disso, e Brasília parece concentrar os espertos do mundo”Por fim, merece análise mais minuciosa a frase do presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, que só sai dali se os réus condenados do mensalão desocuparem seus postos parlamentares (pesadelo à parte sermos obrigados a voltar ao assunto). Por incrível que pareça (só neste quesito já que vindo dele a verdade é item perecível), talvez ele tenha alguma razão. Pois, se o preceito de que a justiça deveria ser igual para todos tivesse qualquer efeito, teríamos que na prática contemplar princípios minimamente isonômicos. Ninguém espera que a sociedade seja virtuosa. Longe disso, e Brasília parece concentrar os espertos do mundo. Ninguém está livre do engano, e a ética é um perigo quando usada como flecha. Mas deveria haver um mínimo. Por exemplo, garantias de que gente condenada (ou sob investigação) se afastasse de qualquer representação parlamentar. Mas as brechas jurídicas — risível frouxidão — usadas por escritórios potentes postergam a justiça real. O resultado todos sabem. Penas proscritas e, por fim, exaustão. E dá-lhe legitimação do vale-tudo.

O malefício que a interdição dos debates, da razão e da decência faz à democracia só é comparável à mordaça psíquica que nos impede de gritar. Urremos uníssonos, antes que sejamos condenados aos suspiros.

* médico e escritor, autor de ‘A verdade lança ao solo’ (Ed. Record)

Link do Jb

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2013/04/25/dialogos-interditados/

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