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Paulo Rosenbaum

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Cabeça de eleitor e eficiencia excessiva

13 quinta-feira set 2012

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Cabeça de eleitor e eficiência excessiva

Desde a fundação da democracia grega um mistério perdura: o que afinal se passa na cabeça do eleitor?

Não se pode prever como cada um vota, mas hoje em dia existem rastreamentos — tracking eles chamam — que capturam tendências e movimentos eleitorais com irritante precisão. Como será que conseguem? Como sondam mentes tão oscilantes e indecisas? Certo, há voto consolidado, fiado e até o cabresto de transferência: uma espécie de aberração moderna que induz o eleitor a votar em quem alguém indica.

Temos uma presidente e agora ex-ministros que querem o posto. Pode até ser que um ou outro estivesse preparado para a função, mas por que sempre aparentam desconforto? Lembram muito aqueles marionetes que gostariam de se livrar dos ventríloquos mas já esqueceram como é a própria voz. As vezes, o único mérito foi ter sido ungido pelo chefe e convencido pela claque de robôs. Depois é que chega a dificuldade em se manter nas próprias pernas e a indisfarçável e humilhante co-dependencia do criador. Desta vez o preço do apoio foi a cabeça de Ana de Hollanda, autosuficiente demais.

Recentemente economistas da Universidade Cambridge sentenciaram o capitalismo como o melhor sistema econômico inventado pelo homem. A ressalva é que é importante: não estão se referindo ao capitalismo dos últimos 30 anos. Esse capitalismo recente, chamado de ”acionário”, é feito para beneficiar uma parcela mínima das pessoas. Financista, protecionista e autorreferente ele faz parte de uma corruptela, um desencaminhamento do pensamento econômico. E assim é porque o que o regula não é a busca por sistemas de produção que se retroalimentam. O que o capitalismo da globalização busca é a satisfação do capital de curtíssimo prazo, a verdadeira obsessão dos acionistas de tempo real.

Retomando ideias de Richard Stone, premio Nobel de economia de 1984, suspeita-se que estamos sendo vítimas de excesso de eficiência. Sim é isso mesmo! Em outras palavras seria preciso colocar “areia” na engrenagem do sistema para que este freasse o ritmo frenético. A ideia é boa, senão revolucionária, porque vai no contrafluxo das ordens do dia: alta lucratividade, eficácia, azeitamento da máquina, em uma frase, mais de tudo.

Em resumo, é como se fosse necessário uma moderação que interrompa o excesso de imediatismo. Já que ele se revelou um monstro fora de controle. Como se precisássemos saber menos para deixar que o tempo ajeite as coisas antes de muda-las à toque de terabites por segundo.

A analogia com o corpo também faz sentido. Se a cada oscilação metabólica fizéssemos intervenções, muito provavelmente não duraríamos até o fim da adolescência. Numa sociedade inundada por informações on-line aumenta o perigo do intempestivo.

É preciso deixar que opere uma lei pouco conhecida – inclusive por parte da tecnomedicina — chamada de autoregulação. Conceito em decadência já que temos a ilusão de que é o instante que nos coloca no topo do observatório.

O que isso tem a ver com a primeira parte do artigo? É numa era como essa onde se requer máxima eficácia como premissa de sucesso que nos acomodamos com a exigência dos imediatismos políticos.

Controle a inflação gerando mais déficit público. Aumente o consumo sem desenvolver serviços e infraestrutura. Deixe que a segurança pública colapse. Ressuscite a máxima do “centrão”: é dando que se recebe. São as regras de ouro no manual do mau gestor. Aderir aquele que promete mais vantagens no curtíssimo prazo. É assim que votamos guiados pelo estomago, orientados pela náusea, e as vezes só para impedir que lá cheguem aqueles que nos parecem repulsivos. O eleitor vive com a corda no pescoço e com as mãos sobre o nariz.

A maior parte daqueles que deveriam nos representar perdem ou já perderam as marcas de identidade. Viraram personas, máscaras públicas descartáveis que usam a cada quatro anos. Farsa que teve inicio nas leis de exceção do regime militar e que se prolonga neste prólogo de democracia.

O problema é que haveria formas para escolher com menos inexatidão nossos representantes. Como câmeras abertas 24 horas em cima dos candidatos seriam politicamente inviáveis, a outra perspectiva seria propor debates surpresa. Sem regras previamente conhecidas dos assessores. Escolhido um ambiente inusitado teriam que mostrar quem são e como pensam apartados de seus progenitores políticos. Para a maioria deles seria um desastre. Infortúnio de uns, sorte de todos nós!

Esta obrigação à autenticidade seria uma data memorável: o dia da libertação do eleitor.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo”(Ed. Record)

paulorosenbaum.wordpress.com

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Organismo, ‘inneresfera’ e sistemas políticos

03 sexta-feira fev 2012

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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autoregulação, Censura, epidemiologia e risco, innersfera, mundo interior, resfriados e imunidade, vazão aos excessos sensoriais

Organismo, ‘inneresfera’ e sistemas políticos

Jornal do Brasil Paulo Rosenbaum

Deve haver paralelos entre o funcionamento do organismo e a organização política da sociedade. A epidemiologia formula a questão da seguinte forma: para calcular o risco propõe uma balança imaginária – de um lado, fatores que expõem, aumentando a vulnerabilidade das pessoas; do outro, aqueles que podem protegê-las. Na média, nosso sistema psíquico é relativamente estável, e nosso organismo imunocompetente. Quando há homeostasia, vivemos “no silencio dos órgãos”; quando a autorregulação falha, adoecemos. Graças a isso, para a maioria, a saúde prevalece sobre as doenças.
Nem tudo é tão linear ou mecânico, nem em medicina nem em coisa nenhuma. Pode parecer absurdo, mas precisamos de um pouco de instabilidade e patologia para viver. Como nada é perfeito, na nossa política doses extras estão garantidas. Parece sina da nossa pobre América de baixo: permanecer presa fácil do populismo paternalista, cafona e anacrônico.

Conforme rumores, o próximo tema que deve aportar por aqui é a liberdade de imprensa e a tentação autoritária de calar o debate encapuzando a mídia. E podem contar, ela está chegando. Toda vez que se manipula o discurso com “debater a mídia” e “controle social dos meios de comunicação” deveríamos nos arrepiar. Em geral é o código usado para preparar o golpe: a censura está de novo se organizando no Brasil. E censores têm idiossincrasias – pouco importa se o corte for à esquerda ou à direita. A mais comum é a indigestão crônica diante das sociedades abertas. Eles sempre foram assim, chegam de fininho, vão com tesouras e borrachas lá para trás, e cortam. Cortam e apagam os textos, as imagens, as verbas. Ninguém percebe. Trabalho profissional. A marcha retrógrada começa a se esboçar com consentimentos velados para “tirar do ar”, “acabar com o abuso” e “monitorar”. Céus, acabamos de escapar das botas da ditadura. Aliás, que vergonha o retorno que temos diante dos impostos cobrados! Ao contrário do que pensam os comissários lá de Brasília, liberdade não é valor pequeno-burguês, mas premissa vital do sujeito e organização das sociedades. Tudo o que não precisamos é de mais mordaças. Quem decide o que fica no ar ou não somos nós mesmos. Para renegar a humilhação e a aberração é preciso, antes, reconhecê-la em nós. Senão, continuaremos vidrados no grotesco, viciados em baixaria e submissos ao atraso.

Basta de histeria anarcossindicalista dos que não querem capitalismo, mas nada oferecem no lugar a não ser resmungar: dos Bancos, do sistema, da vida. Mudaram os temas prevalentes na percepção da opinião pública. O foco urgente está na segurança e no meio ambiente. Não foi à toa que Marina Silva foi a grande e única novidade na política nas últimas eleições. Infelizmente, a escalada ao muro a derrotou.

O tema do meio ambiente – reduzido ao estereótipo de salvar baleias e resgate de plantinhas – nos remete a uma ameaça sem precedentes. A degradação da biosfera/bioma pode comprometer nossa vida como espécie. Temos que passar a enxergar a Terra não mais como metáfora mas um organismo que precisa do oxigênio tanto quanto nós. Seria ingênuo não fosse prioridade absoluta para a sobrevivência.

Existe um ecossistema interno e um mundo interior não visível aospetscans e ressonâncias magnéticas, do qual também é preciso se ocupar. Chamei esse mundo de inneresfera. Nossos sistemas de excreção funcionam conforme a demanda. Apesar de esse espaço não ser de engenharia eletrônica, no caso do sistema neuropsicosensorial deveria haver proporcionalidade entre entrada (input) e vazão (output). Assim nosso sistema de excreção psíquica deveria funcionar tal qual operam os sistemas urinário, digestivo e as trocas gasosas nos pulmões e pele. Não parece haver muita consciência de que precisamos dessas eliminações, já que somos poluídos por imagens, sons, cheiros e tudo mais que a abundância da sociedade industrial nos oferta. Do outro lado, temos cada vez menos vida criativa e espaços para expressão. Abolimos os dias descompromissados. Laser e férias com iPads, iPhones e notebooks não contam: eles só aguçam o ciclo que nos viciou em produção, resultado e triunfo.

E que armadilha! Criou-se a ilusão de que a parafernália virtual substitui a realidade. Não estou certo se a lucidez excessiva faz bem à saúde. Provavelmente, não. Afinal, nosso espírito vive à custa de alegrias infundadas e do circo nonsense, do qual a própria realidade se encarrega. Precisamos dos pequenos lapsos, da distração contemplativa e, às vezes, até dos resfriados regeneradores.

Então, da próxima vez que alguém espirrar por perto, mude a entonação. Dos votos de melhora passe à confirmação: “Saúde”.

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/02/02/organismo-inneresfera-e-sistemas-politicos/

Paulo Rosenbaum, médico e escritor, é autor de ‘A verdade lançada ao solo’ (Ed. Record). – paulorosenbaum.wordpress.com

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