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a brincadeira de perdoar, desculpem-se, desrazão do perdão, dia do perdão, o perdão infantil, perdão, por que perdoar?, sentido do non sense, yom kippur
Perdão não faz sentido.
Por que perdoaríamos os desafetos, os inimigos, os injustos e os caluniadores? Os políticos e os agressores? Os egoístas e os censores? Os críticos e os traidores?
Mesmo assim este é o dia. Esse é o dia para fazer isso.
Não se trata de uma superestimulação intelectual, nem de uma adesão acritica ao dogma religioso. Perdão faz parte de uma longa viagem que termina nesta janela aberta.
Atravessemo-la ou recusemo-la. Não importa sua decisão, ela continua real e se recusa a desaparecer.
A janela do perdão fica sobre um espelho muito maior. O tal quadro que nos viabiliza como sujeitos.
Perdoar não é um aceno à ingenuidade mas um passo forçado para a integração. A maturidade real e não aquela que se exige de adultos, que disfarçam as neuroses com a seriedade. Despistamos as angustias com trabalho e carreiras.
Perdoar é dar passo em falso. É cair no terreno das coisas não respondidas e das correspondencias extraviadas.
Perdoar é como brincar sem (nenhuma) razão.
Perdoe e pronto. O sentido, pode, talvez, ser redescoberto depois ou nunca.
Faça-o ou não, mas tente esquecer que a vida adulta nos traz responsabilidades e crescimento como torturas necessárias.
Desculpem-se
Dobrem-se ao postulado infantil, desçam ao transbordante poço das incoerencias que está para bem além de perdoar: a vontade e a necessidade de ser perdoado.
— Mas e se não fiz nada para ter que ser perdoado?
— Desculpe, melhor ainda, non sense é o que vale.
Paulo, lê-lo sempre é pontual.
Obrigada por mais esta oportunidade.
Foi extremamente sincronico.
Gde abraço!
Carmen
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Sinto que são as pessoas que mais amamos quem precisamos perdoar. Nós estamos dentro delas?
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eis a minha escuta do que vc disse: perdoar não é uma decisão racional, não é uma ação racional, não é uma possibilidade racional. É um gesto tresloucado, como o da magda tagliaferro (a clarice lispector do piano), que dizia que, a cada recital, era como se ela estivesse se jogando no abismo… É a escolha de Hamlet na espada de D. Quixote.
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Neste dia de profunda reflexão nos confrontamos com o fato de que o perdão é uma via de mão dupla, ou que, ao menos poderia ser assim. Todos nós erramos, mas nem todos erram a ponto de elevar suas ações ao total descompromisso com o próximo. Eu, infelizmente, não me sinto preparada, no momento, para o perdão em casos como estes. Apesar disto, reconheço a importância desta data comemorativa porque nos inspira a reflexão sobre os nossos próprios atos e a busca do bem coletivo.
Paulo, obrigada e um abraço,
Ivone
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Paulinho, sábia reflexão.
Lê-lo é ascender!
Abraço
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Paulo
Gosto quando vc escreve que “Perdoar não é um aceno à ingenuidade mas um passo forçado para a integração”. É mesmo um passo forçado, mas além disso um passo que nos joga em outro nível; a gente sai do plano das ofensas pessoais e vai em direção ao que interessa ao coletivo. Mas como isso é difícil! Principalmente porque esse passo nos joga no abismo, como disse a Bia aí em cima!
Abraços
Cristina Kupfer
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Cristina, entre a espada de Quixote e o abismo não há tempo ou espaço, só um desnível entre impulso e consciencia que não está mais só em nossas mãos.
É neste movi-momento que temos que agir. Mesmo sem inspiração de genio. Podemos encarar, para ficar no jargão de nossos dias, como “operação de risco”.
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Ivone, a via dupla já é o sentido de integração reestabelecido.
abraços, Paulo
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Léa, ainda que sem garantias….
abraço
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Bia, bem evocado Hamlet mas prefiro Job em sua obstinada aceitação de que não se desvia do que não se pode desviar. A seta está postada e a fonte, sabemo-la sem poder sentir de sua água diretamente, diante disso é que pedir perdão (além de ser o primeiro dever de um médico “Morangos Silvestres” de I. Bergmann) tornar-se-ia um hábito (não um vício) tão natural como mastigar uma fruta nova por estação.
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Não sei. Mas um dia já, sim.
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Carmen. que bom que chegou na hora.
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Que maravilha Paulo! …..” perdoe e pronto”….perfeito e como liberta o intimo de quem o praticar.
Grande abraco !
Nelson Lopez
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BROTHER
MINHA ADMIRAÇÃO POR VOCÊ É CRESCENTE, QUE SUA FONTE SEJA INESGOTÁVEL !
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Paulo,
quanto tempo!
Muito bom, tão grande é essa janela do perdão.
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