• Uma entrevista sobre Verdades e Solos
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” no Jornal da USP
  • A verdade lançada ao solo, de Paulo Rosenbaum. Rio de Janeiro: Editora Record, 2010. Por Regina Igel / University of Maryland, College Park
  • Resenha de “Céu Subterrâneo” por Reuven Faingold (Estadão)
  • Escritor de deserto – Céu Subterrâneo (Estadão)
  • A inconcebível Jerusalém (Estadão)
  • O midrash brasileiro “Céu subterrâneo”[1], o sefer de “A Verdade ao Solo” e o reino das diáforas de “A Pele que nos Divide”.(Blog Estadão)

Paulo Rosenbaum

~ Escritor e Médico-Writer and physician

Paulo Rosenbaum

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Um Antepenúltimo Kadish* ( Blog Estadão)

23 quarta-feira mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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https://paulorosenbaum.com.br/2022/03/22/um-antepenultimo-kadish-blog-estadao/

Paulo Rosenbaum

Um Antepenúltimo Kadish*

Durante a inauguração da pedra

Arte a partir do desenho de Hanna Rosenbaum

Como você alternou de forma tão clara a consciência com nonsense?

A alegria com o senso agudo de realidade, a retidão com o desapego.

A pergunta que me persegue desta tua última aparição, não a dos sonhos,

mas daquela noite.

Aquela que foi tua última noite de consciência (ou vigília?)

O que você quis realmente dizer com as últimas palavras?

Você cutucou o braço da moca da enfermagem para tentar dizer algo, mas não disse,

Não poderia dizer. Estavas sem voz. Tua voz, para nós continuamente sagrada e apaziguadora.

Firme, e ao mesmo tempo, gentil.

Como dizer para qualquer um aquilo me quebrou em migalhas?

Cheguei a achar que eram disformes, irrecuperáveis.

Mas pensei no que você diria: há afinal algo irrecuperável?

Ou somos ineptos para entender este estado da consciência?

Você dizia que…

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Um Antepenúltimo Kadish* ( Blog Estadão)

22 terça-feira mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in A Pele que nos divide- Diáforas Continentais, Artigos, céu subterrâneo

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Um Antepenúltimo Kadish*

Durante a inauguração da pedra

Arte a partir do desenho de Hanna Rosenbaum

Como você alternou de forma tão clara a consciência com nonsense?

A alegria com o senso agudo de realidade, a retidão com o desapego.

A pergunta que me persegue desta tua última aparição, não a dos sonhos,

mas daquela noite.

Aquela que foi tua última noite de consciência (ou vigília?)

O que você quis realmente dizer com as últimas palavras?

Você cutucou o braço da moca da enfermagem para tentar dizer algo, mas não disse,

Não poderia dizer. Estavas sem voz. Tua voz, para nós continuamente sagrada e apaziguadora.

Firme, e ao mesmo tempo, gentil.

Como dizer para qualquer um aquilo me quebrou em migalhas?

Cheguei a achar que eram disformes, irrecuperáveis.

Mas pensei no que você diria: há afinal algo irrecuperável?

Ou somos ineptos para entender este estado da consciência?

Você dizia que queria que tentassem de tudo.

O que esquecemos de tentar?

Talvez deixar tudo ao acaso como queriam aqueles que achavam que nada vale a pena.  

Mas, e teus segundos de contemplação arguta?

E tua mão recebendo a minha gelada quando te anunciei que era o dia mais frio do ano.

A noite mais fria da Terra, da nossa terra.

Da terra comum que nos acostumamos a criar juntos.

A noite da despedida da saúde que nunca chegou.

E sabes por quê?

Porque você sempre recusou despedidas. Você as rechaçava. Tua missão de hoje?

Que tal relatar qual foi o acordo que você fez com o Criador.

O pacto que você preferiu guardar. O segredo que jamais conheceremos.

Mas eu o intuo.

Era sua recusa anárquica em ceder, em fazer concessões à severidade excessiva, em achar graça das formalidades, da seriedade burocrática.

Ou rejeitar aquilo que chamam de inexorável.

Ao que a vida material quer nos impor. Como você sempre afirmou sem um vestígio de desengajamento “este é um mundo de forças inferiores” e nossa missão é desembrutecê-lo.

Como as armas que temos, gentileza e generosidade. 

Tua consciência permaneceu sempre límpida.

Tua visão do olam raba, o mundo vindouro, era clara.

Sempre foi. Não era apenas o imaginário ordinário de uma passárgada, mas um paraíso cheio de festividades e danças celestes. Esse era teu talento. Nos tirar do sufoco da constância da gravidade, nos elevar até o teu invencível sorriso  

E quando os céticos te pressionavam você também sorria, já que eles não conheciam tua obstinação em servir a D-us de uma forma verdadeiramente individual e única como nos ensinou Ball Shem Tov. Como poucos você conheceu a adesão, a proximidade máxima, a Dvekut.

Como um Moisés de nossos dias, depurados de decretos de faraós antigos e contemporâneos. você foi entregando tua vida para ser reparada pela influência solar.

Sob o sol que te esquentava no sofá. Na poltrona que te atraia para nos servir o café do dia a dia.

Sem omitir a famosa bengala que usavas como batuta. 

Como você conseguia arrancar do cotidiano o extraordinário que ninguém mais reconhecia?

Há um mistério aí.  

Sabemos que há um Juiz da Verdade, mesmo não sabendo quem é o ‘“Grande quem?”

Na tradição judaica “O Grande quem”, só pode ser quem sempre te orientou, e te inspirava em segredo uma consciência rara e única.

Quando você me perguntava como se alcançava a Grande Vida: você sabia, era o único que já conhecia a resposta.

Esta frase do Talmud aqui grafada no mármore preto: “Um sábio é maior do que um profeta” nunca foi exagerada: você realmente foi ambos. 

Te declarar este apreço é um exagero, decerto perdoável.

Você está mesmo em outro lugar, aquele terreno que flutua, do qual nenhum habitante jamais retornou?

Para mim tua presença é ainda tão palpável e tua voz faz tanto eco que só confirma que a existência da música indissipável.

Muitos me falaram: te amaram mesmo sem nunca ter te conhecido, isso só pode significar que os inesquecíveis são imortais.   

Eu te perguntava o que significam as grandes assimetrias, o mero respirar, as façanhas fúteis, as sagas e vaidades daqueles que só veneram a si mesmos.

“Esquece”, você respondia.

Achavas que a vida e a alegria valiam mais. Era o jarro dos levitas que te hidratava com um sentido invisível para o senso comum.

Teu lema “rir a cada 15 minutos” sempre soará enigmático para a multidão. Rir de si mesmo. Rir da pretensão. Rir das compreensões provisórias, ou seja, todas. Rir como um ajuste de contas com as racionalizações abusivas. 

Mas, preciso registrar Pai, a verdade é que ficou bem mais difícil.

Prometo, isso é provisório.

Logo adiante, fiéis à tua tradição, retornaremos ao lúdico, aos jogos de palavras, à felicidade imotivada.

É assim que te honraremos para sempre.

* Para Mosche Aaron Ben Nachman Wolf

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O SUS e as fronteiras epistemológicas (Blog Estadão)

21 segunda-feira mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Paulo Rosenbaum

O Sus e as Fronteiras epistemológicas

“Avistar uma fronteira, é, já, ultrapassa-la”

Gaston Bachelard

Paulo Rosenbaum, PhD. Doutor em Ciências (USP) Mestre e Pós doutor em Medicina Preventiva pela FMUSP

Em resposta ao artigo “O SUS contra a ciência” dia 17/07/18 publicado na seção “Espaço aberto” de autoria de Natalia Pasternak Taschner e Alicia Kowaltowski.

O artigo de hoje das duas autoras acima trata de um tema importante, mas é de tal forma reducionista e desinformador que pode ser ele mesmo considerado como duvidoso em termos de acurácia científica. A contradição começa com o título escolhido: “O Sus contra a ciência”. Ele evoca o que há de pior em termos de maniqueísmo científico e epistemológico e trata uma questão cara à saúde pública com desleixo e uma perturbadora despreocupação com a ética. O grande mérito do artigo poderia ser trazer para a discussão os graves problemas de saúde pública, mas…

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Monocratismo e absolutismo esclarecido (Blog Estadão)

19 sábado mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Paulo Rosenbaum

O fantasma de Santa Cândida mudou de espectro, agora ele é uma ideia com aparição onipresente. É básico ter isso em mente. Luis Ignacio é o termostato absoluto do reino da impunidade.  Estamos em uma Pátria passional. Guiada por instinto. Por isso, talvez, ninguém mais acerta os prognósticos. No País da gangorra emocional prevalece — parafraseando David Laing — fingir não ver o jogo que eles fingem não jogar. Cujas regras sabemos que eles não respeitam. O sobressalto pode vir durante um gol, em plena tristeza da eliminação da seleção na Copa, ou numa manhã melancólica de domingo sob a caneta de um magistrado de plantão.

Pedir intervenção militar, suspiros por ditadores autocratas, glamorização da truculência, é frequente, mas anacrônico e ridiculo. Destarte, muito mais perigoso e perturbador tem sido a irresponsabilidade das instituições. Ao contrário do que boa parte da midia tenta nos fazer crer, a opinião pública não…

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The mutation of language in unfinished wars (Published in the newspaper “O Estado de São Paulo”)

19 sábado mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Paulo Rosenbaum

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-mutacao-da-linguagem-nas-guerras-inacabadas/

The mutation of language in unfinished wars

Paulo Rosenbaum

My grandmother, of fond memory, was born in the city of Chernwitzi and as a child had to flee the region that belonged to Ukraine. They fled overnight, leaving everything behind when the Cossacks – also known as White Russians – murdered their father, my great-grandfather, inside the house, with a shot in the head. systematic attacks against Jewish populations).

One hundred years later, Wladimir justified his not-so-secret expansionist rage using the expression “denazify” Ukraine. However, in the face of such a noble ideal, the complaint deserves analysis. It forces us to examine the contemporary context of the use of the term “Nazi”. It has been bastardized, distorted, trivialized, misused, and, as if that weren’t enough, used in a perverted way. The term Nazi has been semantically distorted, linguistically vilified, and under these mutations the term now reappears as a…

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A mutação da linguagem nas guerras inacabadas Blog Estadão).

19 sábado mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Paulo Rosenbaum

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-mutacao-da-linguagem-nas-guerras-inacabadas/ A mutação da linguagem nas guerras inacabadas
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Paulo Rosenbaum

Minha avó, de saudosa memória, nasceu na cidade de Chernwitzi e ainda criança teve que fugir da região que pertencia à Ucrânia. Fugiram do dia para noite, deixando tudo para trás quando os cossacos — também conhecidos como russos brancos — assassinaram seu pai, meu bisavô, dentro de casa, com um tiro na cabeça, Eram agentes antissemitas do czarismo realizando mais um pogrom (massacres sistemáticos contra populações judaicas).
Cem anos depois, Wladimir justificou sua nada secreta sanha expansionista recorrendo à expressão “desnazificar” a Ucrânia. Ora, diante de tão nobre ideal, a denúncia merece análise. Ela nos obriga a examinar o contexto contemporâneo do uso do termo “nazista”. Ele tem sido bastardizado, distorcido, banalizado, mal utilizado, e , como se não bastasse, usado de forma pervertida. O termo nazista foi semanticamente adulterado, linguisticamente vilipendiado, e sob estas mutações o termo…

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The West’s Unforgivable Perplexity

Destacado

The West’s Unforgivable Perplexity

(Peace is the refusal of barbarism)

No, we haven’t been begging.

We’re on our knees, but not for you.

Never before you.

From now on we chose who would force us into relegation.

We are not begging. Know why?

Inside us, there was something remarkable, an indefinable awareness.

More than that, a sharp and disparate spark.

I don’t even know if we should share it with you.

But you can visit it whenever you remember the keyword.

Keyword that never got to inhabit your mouth.

We will never beg.

Because we have an impulse that takes us far beyond reason.

Of your reason.

We don’t capitulate

We confuse ourselves with expressions that your eyes cannot access.

And for that, but not only for that, we put ourselves in front of your armored vehicles.

We face your bullets, artillery, mortars and crossfire.

There is an honor, elusive for you

Inconceivable to those around you.

She stands in stark contrast to hubris.

And if we return to life, we will dwell in it.

nothing to beg

Here is an honor that endures in the graves and in the streets

In ruins and minefields.

Eight decades ago we were buried with the rubbish of history

Submerged in the waste that Europe blew us away.

However, as the subterranean patience of the cicadas

We will reappear from time to time, like ghosts without gags.

Not to haunt you.

But to make an anthem sound

Whose frequency you do not reach.

we are not begging

Unlike your hosts, not even revenge attracts us.

There are those who reaffirm the educational power of wars

Or the importance of prudent neutrality.

We? We have already overcome this illusion.

Our union is not for the geopolitical homeland.

It was not organized by collusion, agreements or concessions.

Turns out there is one.

Only a praiseworthy fanaticism: that which you do not conceive.

The one that stuns you, the one that your logic cannot unravel.

The one that brings you vertigo, insomnia and madness.

A word that shifts the axes of constancy

That overcomes the tomorrows of old mistakes.

Such a word is spelled in the air, scratched on the slopes

Grooved in the woods, floating in the resin of the tides

Her fanatics do not fear blackmail.

we don’t beg

We knew how to circumvent the perversions of language.

We have overcome your threats to erase us from the world.

We fully understand who your allies are.

Those who benefit from Western autonomy.

Our vision is permeated with this atmosphere.

We are fast and diaphanous

Your missiles will not pursue us.

Miraculously pass through us

Since we once became vapor.

We are the residual smoke of those who lost.

There is nothing to beg.

We are ethereal, weightless and permanent.

Does our ubiquity bother you?

If you call on us, you won’t know where we are

Will we be in the whirlpool that spins you?

Are we still invisible to your binoculars?

We will certainly notice the active executioners.

And we discern the anti-value of each.

we will not bend

We know that history abruptly awakens from lethargy.

We sense the anesthesia of those who should break neutrality.

Fade hypnosis in favor of humanity.

It’s been a long time since our naivety was ripped from us

We conquered the malice of the resistance

Inside the armored basements with courage.

Inside the epiphany: self-defense is so sacred

like life itself

Many out there don’t understand what this is about.

Will never penetrate the meaning

Forget the Iron Curtain

The West’s bewilderment is the very curtain of shame

It is the temporary smoke of the rogue.

From the rain of lies that bury the civilians

As they let the ivory run

Nihil agere

we will never beg

We will leave at the right time to burst over and beyond your detours.

From now on, no path will be safe.

Another type of refinement will appear on our radar.

It captures ignominies, registers the camouflaged inertia of collaborationist pacifism

Records the noise of cluster bombs.

It photographs cowardice covered by military technicality.

Ah, you want to know which side we’re on?

Of those who never moved a millimeter from the trenches

It’s a side battle

Of the primitive against the subtle, of tyranny against justice.

From slavery to the emancipation of autocrats

Yes, it’s our duty to point fingers at criminals

Even those protected by insignia, badges and titles.

Even those we’ll never see the dark faces

no begging

There is a hidden quality in obstinacy,

She reveals herself in the determination

If necessary, against consensus,

If necessary, against common sense

often against all

Now that your pumps subtract the oxygen

Under the melancholy gaze of the common people’s exodus

Under the immoral silence of the allies

Now that the never fell apart in surprise

you know?

This missive was intended for frightened diplomats,

Now I address myself directly to the misery that is your conscience.

Peace is a quality that can only be consolidated under heat.

It is only forged in the pressure of the challenge

It is only possible under the decency of the union.

Inaction becomes impossible.

Peace is the refusal of barbarism.

Desenho de um animal

Descrição gerada automaticamente

brasil.estadao.com.br

The unforgivable perplexity of the West (Peace is the refusal of barbarism)

The unforgivable perplexity of the West (Peace is the refusal of barbarism) No, we do not

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Publicado por Paulo Rosenbaum | Filed under Artigos

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 A imperdoável perplexidade do Ocidente (A paz é a recusa à barbárie) Blog Estadão

07 segunda-feira mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 1 comentário

 A imperdoável perplexidade do Ocidente

(A paz é a recusa à barbárie)

Não, nós não estivemos implorando.

Estamos de joelhos, mas não por ti.

Nunca perante ti.

Doravante escolhemos quem nos forçara ao rebaixamento.

Nós não estamos implorando. Sabes por quê?

Dentro de nós, sobrou algo notável, uma indefinível percepção.

Mais do que isso, uma fagulha aguda e díspar.

Nem sei se deveríamos compartilha-la contigo.

Mas poderá visita-la, sempre que te lembrares da palavra chave.

Palavra-chave que nunca chegou a habitar tua boca.

Nós jamais imploraremos.

Porque temos um impulso que nos leva para bem além da razão.

Da tua razão.

Não capitulamos,

Nos confundimos com expressões que teus olhos não podem acessar.

E por isso, mas não só por isso, nos colocamos em frente dos teus blindados.

Enfrentamos tuas balas, artilharia, morteiros e fogo cruzado.

Há uma honra, inapreensível para ti

Inconcebível para aqueles que te rodeiam.

Ela significa um contraste absoluto com a hubris.

E, se voltarmos à vida, nela moraremos.

Nada a implorar

Eis uma honra que perdura nas sepulturas e nas ruas

Nas ruínas e nos campos minados.

Oito décadas atrás fomos soterrados com o lixo da história

Submersos nos resíduos que a Europa nos soprou.

Porém, como a paciência subterrânea das cigarras

Ressurgiremos de tempos em tempos, como fantasmas sem mordaças.

Não para te assombrar.

Mas para fazer soar um hino

Cuja frequência não alcanças.

Não estamos implorando

Diferentemente das tuas hostes, nem mesmo a vingança nos atrai.

Há quem reafirme o poder educador das guerras

Ou a importância da prudente neutralidade.

Nós? Já superamos essa ilusão.

Nossa união não é pela pátria geopolítica.

Não se organizou por conchavos, acordos ou concessões.

Acontece que há um.

Apenas um fanatismo louvável: aquele que tu não concebes.

Aquele que te atordoa, aquele que tua lógica não pode destrinchar.

Aquele que te traz vertigens, insônia e loucura.

Uma palavra que desloca os eixos da constância

Que supera os amanhas de erros antigos.

Tal palavra está grafada no ar, riscada nas encostas

Sulcada nas matas, flutuando na resina das marés

Os fanáticos por ela não temem chantagens.

Não imploramos

Soubemos contornar as perversões da linguagem.

Superamos tuas ameaças de nos apagar do mundo.

Compreendemos perfeitamente quem são teus aliados.

Aqueles que se beneficiam da autonomia ocidental.

Nossa visão está impregnada dessa atmosfera.

Somos rápidos e diáfanos

Teus misseis não nos perseguirão.

De forma milagrosa passam através de nós

Já que uma vez nos tornamos vapor.

Somos a fumaça residual dos que perderam.

Não há o que implorar.

Somos etéreos, sem peso e permanentes.

Nossa ubiquidade te incomoda?

Caso nos invoque, não saberás onde estamos

Estaremos no redemoinho que te gira?

Continuamos invisíveis aos teus binóculos?

Decerto notaremos os algozes ativos.

E discernimos o antivalor de cada um.

Não nos dobraremos

Sabemos que a história desperta abruptamente da letargia.

Pressentimos a anestesia daqueles que deveriam romper a neutralidade.

Desbotar a hipnose em favor da humanidade.

Faz tempo que nos arrancaram a ingenuidade

Conquistamos a malícia da resistência

Dentro dos porões blindados com coragem.

Lá dentro a epifania: a legitima defesa é tão sagrada

Como a própria vida

Muitos por ai não entenderam do que se trata

Jamais penetrarão no significado

Esqueçam da cortina de ferro

A perplexidade do Ocidente é a própria cortina da vergonha

É a fumaça temporária dos desonestos.

Das chuva de mentiras que enterram os civis

Enquanto deixam correr o marfim

Nihil agere

Jamais imploraremos

Sairemos na hora certa para irromper sobre e para além dos teus desvios.

Daqui em diante nenhum caminho será seguro.

Em nosso radar despontará um outro tipo de refinamento.

Ele capta ignomínias, registra a inércia camuflada de pacifismo colaboracionista

Grava o ruído das bombas de fragmentação.

Fotografa a covardia acobertada pelo tecnicismo militar.

Ah, queres saber de qual lado estamos?

Daqueles que nunca moveram um milímetro das trincheiras

Trata-se de uma batalha paralela

Do primitivo contra o sutil, da tirania contra a justiça.

Da escravidão para a emancipação dos autocratas

Sim, é nosso dever apontar dedos para os criminosos

Mesmo os protegidos por insígnias, distintivos e títulos.

Mesmo aqueles que nunca veremos as faces sombrias

Nada de implorar

Há uma qualidade oculta na obstinação,

Ela se revela na determinação

Se for preciso, contra os consensos,

Se for necessário, contra o senso comum

Frequentemente contra todos

Agora que tuas bombas subtraem o oxigênio

Sob o olhar melancólico do êxodo de pessoas comuns

Sob o silencio imoral dos aliados

Agora que o nunca mais se desfez na surpresa

Sabes?

Essa missiva estava destinada aos diplomatas assustados,

Agora dirijo-me diretamente à miséria que é tua consciência.

A paz é uma qualidade que só pode se consolidar sob o calor.

Só se forja na pressão do desafio

Só é possível sob a decência da união.

A inação torna-se impossível.

A paz é a recusa à barbárie.

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-imperdoavel-perplexidade-do-ocidente-da-cortina-de-ferro-a-cortina-da-vergonha/

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Resenha* Navalhas Pendentes e a vertigem narrativa de Paulo Rosenbaum* resenha por Christini Roman de Lima** (Blog Estadão)

06 domingo mar 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

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Resenha* Navalhas Pendentes e a vertigem narrativa de Paulo Rosenbaum* resenha por Christini Roman de Lima**

“Navalhas pendentes” é o terceiro romance do médico, poeta e escritor Paulo Rosenbaum. O autor estreou na literatura com “A verdade Lançada ao Solo” (Record), publicado em 2010; em 2016 foi a vez de “Céu subterrâneo”(Perspectiva) , seu segundo livro. Além dos romances, publicou também “A pele que nos divide: diáforas continentais”, livro de poemas editado em 2018. Em seu novo romance, “Navalhas pendentes”, Rosenbaum apresenta uma trama complexa e intrincada em que a indústria editorial é posta em cena por meio de um jogo narrativo que flerta com o nonsense.

O enredo volta-se ao protagonista Homero Arp Montefiore, ao mistério que circunda a editora em que trabalha, a Filamentos, e ao processo de fusão dessa com a “gigante emergente KGF-Foster ©” (WALDMAN, 2015, p. 15) e o escritor best-seller Karel F. A intriga é atravessada pela memória do  protagonista/ narrador e retrata o seu percurso dentro da Filamentos, sobretudo em relação ao seu envolvimento intelectual e sentimental com os romances de Karel, os acontecimentos que levaram à sua

demissão e aos prováveis crimes envolvendo a editora, dos quais ele seria imputado como suspeito. Essas memórias, no entanto, são permeadas por uma doença obscura (muito provavelmente a síndrome de Marfan – responsável pela estatura elevada do protagonista e por inúmeras degenerações apresentadas ao longo da trama), fator que, aliado à narrativa fragmentária, estabelece grande imprecisão a todo o relato.

Homero Arp Montefiore tem origem judaica, fez graduação em letras, cursou especialização em editoração e em tecnologia e informação e ingressou na editora Filamentos como revisor, passando a avaliador de originais dois anos depois e, no instante da narração, trabalhara na Filamentos há mais de uma década. É como avaliador que ele tem o primeiro contato com os textos de Karel,um misterioso autor que se ocultava através desse pseudônimo e que era responsável pelo alavancamento das vendas e, consequentemente, pelo crescimento vertiginoso da editora.

A Filamentos foi criada em 1986, começara de forma modesta, mas “com faro para autores que agradavam determinados público-alvo e nichos de leitores” (p. 55). O quadro funcional, nos seus primórdios, contava com um editor-geral e alguns assistentes. A editora cresceu rapidamente e logo dobrou o número de funcionários. Um tempo depois expandiram e trocaram de sede: “do galpão do Bom Retiro para os Jardins” (p. 71), seguindo para uma luxuosa sede no Itaim Bibi. Dois anos depois, abririam filiais no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em Belo Horizonte. Giaccomo Gentil e sua esposa, Cleo, donos da empresa, conseguiram contratos com estatais e incentivos rentáveis com os ministérios da Educação e da Cultura. O protagonista destaca que “era evidente que Giaccomo enriquecera rapidamente. […] O volume de dinheiro foi sedimentando uma certeza: ele vinha de múltiplas fontes. Ninguém monta um império daquele tamanho com uma única atividade” (p. 71-72). Homero, ao longo dos dez anos de trabalho na editora, começa a suspeitar do funcionamento da empresa: “Foi numa noite insone, como tantas da minha infância, que percebi que os acontecimentos na empresa estavam muito distantes da normalidade” (p. 55). Suspeitas que o perseguem ao longo da trama, ampliando seu alcance até tomar conta do protagonista, de sua vida:

Aquele telefonema serviu para reavivar toda a paranoia. O segredo persistia. Como operavam para

criar todos aqueles livros de sucesso com resultados comerciais impressionantes? Quem era Karel F.,

o principal autor da editora, que, pelo menos desde que comecei a trabalhar lá, nunca apareceu ou

foi visto em carne e osso? Pelo menos cinco dos vinte livros mais populares do mercado editorial nos

últimos dez anos foram publicados pela Filamentos. (p. 33).

A obsessão em relação ao principal autor da editora e sua busca por decifrar a identidade dessa personagem misteriosa abalam suas relações no trabalho. O narrador, mesmo rodeado de suspeitas quanto ao sucesso de vendas da editora, destaca que tudo corria bem até ser chamado para jurado no concurso mais importante do país e de Giaccomo ter exigido que ele participasse. Homero refuta por compreender se tratar de um arranjo de cartas marcadas, mas é obrigado a entrar no expediente. Diana, sua editora chefe, deixa claro: “– (…) nós, os grandes, revezamos os prêmios na mídia, no marketing, nas feiras, nas bolsas das fundações. Tudo funciona assim! Por que a literatura escaparia?” (p. 122).

Giaccomo, para expandir a Filamentos, comprava editoras menores concorrentes e, nesse processo, endividou-se a ponto de necessitar de um sócio que subsidiasse capital à empresa. A partir disso, travou-se uma busca por novas parcerias europeias. Quando a fusão com o conglomerado editorial holandês Foster Inc. estava prestes a se consolidar (processo que levou em torno de quatro anos para se estabelecer), um intrincado ardil parece recair sobre o protagonista. Como a doença que o acomete, a conspiração (ou delírio) alastra-se até deixá-lo quase sem saídas.

O romance de Paulo Rosenbaum (2021) abarca idas e vindas em relação aos fatos apresentados, idas e vindas essas que se interpõem umas às outras numa espécie de vertigem a que o leitor tem dificuldade em desenredar ou atar as pontas dos fios que tecem a trama. Esse aturdimento pode ser creditado à mente de Homero que, acometido por constantes amnésias, envolve-se ou cria uma intriga repleta de complôs que o enleiam na rede de artifícios criados, segundo o narrador, pelos mandatários da Filamentos e da Foster Inc. para incriminá-lo. O labirinto kafkiano que circunscreve as ações das personagens e, sobretudo, a forma do romance pode ser creditado à doença genética que acompanha Homero — no Processo (KAFKA, 2005), Josef K. é processado e passa por um longo processo criminal

sem endender a motivação.

Navalhas pendentes principia in media res, com o incidente em que o protagonista acorda banhado em sangue e com a casa revirada. Uma dúvida passa a atormentá-lo: o sangue era seu ou era de outrem?  Ele descobre um ferimento em seu pescoço que pode ser a origem da hemorragia vista por todos os cantos de seu apartamento: “Demorei alguns minutos para achar de onde brotava a mina de plasma. A nascente vinha de um pequeno talho no pescoço. Mas, e se o sangue fosse proveniente de um grande vaso ou de um aneurisma da aorta? (…) O corte de menos de dois milímetros estava em vias de cicatrizar” (p. 21).

Ao longo da trama a questão permanece e torna-se mais e mais obscura: pessoas desaparecem, um avião cai não deixando sobreviventes e o protagonista é incriminado. Com isso, o narrador estabelece indeterminações e ambiguidades: Homero é responsável pelo desaparecimento (morte?) de Giaccomo Gentil e de Jean Prada (presidente e editor-executivo da Filamentos, respectivamente)? Por que querem incriminá-lo? Qual a relação de Karel F. com o complô? Homerovivenciou tais acontecimentos ou tudo não passa de uma história criada por sua mente? Para o leitor, algumas dessas respostas ficam em aberto mesmo ao término da obra. Coadunado aos mistérios envolvendo a indústria dos best-sellers, o incidente que dá largada ao relato pode ser pensado pelo viés do romance policial com nuances de ficção-científica – envolvendo inteligência artificial para a criação de best-sellers em escala industrial.

O protagonista estaria mergulhado em intrigas que o tornariam uma peça descartável no emaranhado das relações comerciais, a que a indústria editorial não estava isenta. Nessa perspectiva, o editor da Filamentos aproximar-se-ia de Josef K. e da condenação inexplicável e indeterminada a que foi vítima.

Como o personagem de O processo, o narrador de Rosenbaum não entende ao certo porque está sendo perseguido e acusado. Não sabe ao menos se cometeu ou não algum crime. Tudo está envolto em uma bruma intransponível que turva a percepção dele e do leitor.    

De outra parte, o narrador deixa pistas sobre a síndrome que carrega e sua evolução. Fatores que fazem com que todo o relato seja pensado como produto da mente desse sujeito acometido pela enfermidade que afeta não apenas sua memória, como sua consciência em vários momentos. Ele vai destacar em algumas passagens fragmentárias da trama:

Comecei a ter sintomas que meu médico diagnosticou, na falta de outra classificação, de Síndrome

de Burnout, um transtorno ligado ao trabalho(…). Sentia que minha memória vagava em flashbacks

cada vez mais frequentes. Lacuna de minutos transformavam-se em períodos inteiros, dias semanas.

Naquela altura, eu já sabia, estava desenvolvendo mais uma ramificação da doença, aquela que me fazia

confundir etapas cronológicas. (p. 75).

Dali em diante, não me lembro de mais nada que seja uniforme ou distinto. A especulação acerca dos

episódios de amnésia tem uma natureza sádica. Quais bobagens terei proferido? Adormeci ou perdi a

consciência? E a mais angustiante delas: fui manietado ou esfaqueei alguém? (p. 135).

Em seguida, recebia dentro da cabeça uma imagem com um som muito peculiar. Mais uma vez o

chapisco. Sob aquele som tive mais uma de minhas visões: enxerguei o holandês e seu capanga. (p. 199).

Teorias conspiratórias não podem ocupar nem mais um segundo do meu tempo. (p. 181).

Vivo num labirinto de ideias, como aquelas mensagens espalhadas em garrafas, que flutuam em oceanos

que nunca conversam. Desde então, minha missão tem sido justificar minha sobrevivência neste mundo.

Agora, forçado pelas circunstâncias, relato os acontecimentos que vivenciei. (p. 28)

O encaixe dos excertos – dispostos aleatoriamente no romance – levam a suposição de que Homero, numa evolução do seu quadro clínico, possa estar incorrendo em delírios e, consequentemente, a trama em que submerge seria parte de um processo inicial de psicose. Todavia, ele mesmo se questiona quanto à veracidade dos acontecimentos: “Todas essas perguntas só mostravam que os acontecimentos não eram só imaginários” (p. 197).

A cena que é o ponto de confluência da trama (o incidente inicial, com o protagonista acordando ensanguentado), por sua vez, pode ser explicada para além das suposições conspiratórias de Montefiore. Em certo momento, o narrador recorda que ao se cortar enquanto folhava um livro, a “sangria fez com que as sinapses submergissem nos hormônios da determinação” (p. 171). Nesse episódio, ele destaca que tinha problemas crônicos de coagulação e que o corte com a folha do livro provocara um grande

sangramento. Levando esse aspecto em consideração, pode-se pensar que, no dia em que acordou em seu apartamento, o corte que encontrara em seu pescoço pode ter realmente provocado a abundância de sangue com que se deparou.

Em sua reminiscência não linear, Homero evidencia que na noite que antecedeu tal fato, uma das mulheres que o acompanhara até sua casa, Marly, pediu que ele fizesse a barba com navalha: “mas lâminas no rosto, jamais!”. O narrador salienta que navalhas sempre o ameaçaram (talvez em função do seu problema de coagulação):

Navalhas pendentes sempre me ameaçaram, mas não me lembrava de ter largado, no balcão de mármore

preto, aquele canivete aberto, equilibrado. Aquilo tinha um nome e estava descrito nos livros de

psicopatologia: “consciência objetal”. Isso ocorre quando a mera consciência da presença de um objeto

afeta sensorialmente uma pessoa.

(…) Foi aí, exatamente, que o enredo veio à tona de uma vez, com uma consciência súbita acompanhada

de um barulho áspero na cabeça. (…) Senti que o cenário tinha todos os elementos de uma farsa e o

diagnóstico se completou: era um teatro, e fora encomendado para me incriminar. (p. 22).

O sangue, as navalhas e o barulho em sua cabeça fazem submergir o teatro de encenação que, muito provavelmente, fora criado por sua “chave dupla onírica”, o estado mental peculiar a que o narrador se refere para ensejar seu relato.

Navalhas pendentes, portanto, apresenta uma narrativa fragmentária que, aliada ao enredo, abalam a perspectiva do leitor, imprimindo a vertigem do texto e da personagem ao ato de leitura que também necessita de idas e vindas para tentar reconfigurar a história, sem, contudo, preencher as questões que permanecem em aberto, longe de qualquer certeza apaziguadora.

REFERÊNCIAS

KAFKA, Franz.O processo. Tradução e posfácio Modesto Carone. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

ROSENBAUM, Paulo. Navalhas pendentes

Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2021. 330 p.

WALDMAN, Berta. [Epígrafe Editora Filamentos]. In.: ROSENBAUM, Paulo. Navalhas pendentes. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2021.

*Publicado na Revista Brasileira de Literatura Comparada: http:// www.scielo.br/rblchttps://revista.abralic.org.br ISSN 0103-6963e-ISSN 2596-304XRev. Bra. Lit. Comp. Porto Alegre, v. 24, n. 45, p. 121-125, jan./abr., 2022 editor-chefe:Rachel Esteves Lima editor executivo: Regina Zilberman

** Navalhas Pendentes and Paulo Rosenbaum’s narrative vertigo, Christini Roman de Lima. Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: christiniroman@gmail.com – indústria editorial;                PA LAV RA S – C H AV E:indústria editorial; mistério; vertigem.

ABSTRACT Navalhas pendentes is Paulo Rosembaum’s third novel and presents the history and mysteries

surrounding Homero Montefiore and the publishing industry, a story crossed by a narrative in vertigo.

KEYWORD: publishing industry; mystery; vertigo.

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The mutation of language in unfinished wars (Published in the newspaper “O Estado de São Paulo”)

26 sábado fev 2022

Posted by Paulo Rosenbaum in Artigos

≈ 1 comentário

https://brasil.estadao.com.br/blogs/conto-de-noticia/a-mutacao-da-linguagem-nas-guerras-inacabadas/

The mutation of language in unfinished wars

Paulo Rosenbaum

My grandmother, of fond memory, was born in the city of Chernwitzi and as a child had to flee the region that belonged to Ukraine. They fled overnight, leaving everything behind when the Cossacks – also known as White Russians – murdered their father, my great-grandfather, inside the house, with a shot in the head. systematic attacks against Jewish populations).

One hundred years later, Wladimir justified his not-so-secret expansionist rage using the expression “denazify” Ukraine. However, in the face of such a noble ideal, the complaint deserves analysis. It forces us to examine the contemporary context of the use of the term “Nazi”. It has been bastardized, distorted, trivialized, misused, and, as if that weren’t enough, used in a perverted way. The term Nazi has been semantically distorted, linguistically vilified, and under these mutations the term now reappears as a polysemic expression, with meanings so expanded that it compromises its intelligibility. In Putin’s strategic mouth it means one thing. In the mouths of neo-Nazi vociferators, another. In those who call themselves native influencers who have recently asked for the legalization of eugenics associations, a third meaning.

And this mutation of meanings in vocabularies has been expanded to a good part of the slogans uncritically propagated by the media. Expressions such as “genocide” and “fascist” “communist” among others are used with elastic indulgence. Why and in what sense? Glossaries have often been used without the necessary rigor, without consensus. That is to say, they are generated by self-referential committees, at political summits, universities or newsrooms, and, for the most part, they are contrary to the understanding of public opinion.

Take the current Russian “president” as an example – 30 years in power and with no signs of being overthrown or viable opposition. Have you been elected through free and fair elections? How did this become possible? The formula can be found in the best-selling “Autocratic Manual of Enlightened Neo-Czarism” (book out of print in Latin America): concentration of power, circumventing the rotation of government with the camouflage of poles, under difficulties invoking permanent threats to the democratic order, enunciate artificial enemies, maintain party centralism disguised as political diversity, and regulate elections in which independent voters and institutions cannot audit. All this under the approval of the single journalism centers. In the case of Russia, spontaneously or compulsorily, relying on the press that is rarely critical, and taming it so that it behaves particularly docilely with power.

In the maneuvers carried out during unfinished wars, the mobilization of language was always used to exalt certain mantras. They magnetize the audience’s passionate structures. And the fragmentation of nomenclatures creates tangles to make it difficult to identify true political trends.

The linguistic chaos constructed aims to deceive public opinion, before it can be properly clarified about the real nature and political orientation of the candidates. Some politicians are masters of this camouflage tactic, others will not even realize that it is available.

All this is reflected in the control of speech and the use of language as manipulation. Domain that transcends mere rhetoric and that usually invades pulpits in lawsuits and war campaigns. It is an instrumentalization that exhorts the thirsty masses to adhere to causes that, not infrequently, are contrary to their own interests.

Several policy analyzes agree on one point: institutions are at risk. And in recent days, while the United Nations Security Council was meeting — with China and India abstaining, the resolution condemning Russia was vetoed by Russia — missiles and bombs continued to hit Ukraine’s civilian population. It is estimated to be the worst refugee crisis since the end of World War II. Simultaneously, the Venezuelan “President”, the Iranian “President” Ayatollah and a Brazilian party launched manifestos repudiating the unjustifiable Ukrainian aggression against Russian armored vehicles.

Tyrants and totalitarianism have their defenders, so it is necessary to recognize them in advance, to scrutinize them with precision, to expose them with courage. The evidential paradigm helps us to know how they usually act: they threaten to regulate the media, muzzle freedom of expression, suppress the polyphony of voices, and, finally, impose their hegemony and their whims against the individual wills of their subjects. Not infrequently, disguised as spokespersons for national salvation, heralds of unification, heroes of the homeland, and fanatics of the gem.

At this point, we still don’t know how the improbable future will surprise us, but it’s not just the reputation of the Western world that is at stake, but the entire cultural structure that organized post-war civilization. We passively assimilate the futile erudition “from Plato to Nato” deceived by the thesis of the end of history. It is recommended to trigger the memory whenever the experts give their opinion.

We live in one of those serious historical moments, where it is forbidden to invoke gradations, concealments, or intermediate solutions. In any case, a return to the world’s previous status quo is ruled out. To our misfortune what is being presented on the menu has been reduced to two options: the autocracy of totalitarian populists and humanity’s right to freedom.

If the West does not choose the latter, and acts accordingly by offering unconditional support to the brave Ukrainian people, we will reap far more than hunger and anomie.

We will harvest Gulags.

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