Cursos terão 8 anos de duração; representantes da classe veem proposta como ‘paliativa e demagógica Curso de medicina passará de 6 para 8 anos de duração a partir de 2015. As manifestações que esbofetearam analistas, estrategistas e marqueteiros ainda tentam conservar um pouco da aura romântica e da naturalidade. Destarte fica nítido que lhes falta a força de uma direção, de uma canalização mais eficiente.
Sem perspectivas, ainda estamos a mercê de acordos feitos nas cúpulas. No lugar da verdadeira escuta os diálogos privilegiam os movimentos organizados e sindicatos e partidos. Falta o principal: aquelas pessoas comuns, resgatadas da pobreza, recolocadas no cardápio social, e que agora desejam algo além do paternalismo subserviente de Estado. O desejo de consumo é um item em escassez no mercado : a dignidade da escuta.
Uma vez que ela foi esnobada, esperava-se um enfoque suprapartidário e transgovernamental. Também não aconteceu. O partido não permitiu. Pactos se costuram sob interesses, o que só faz aumentar o combustível para os desvios. E o mal estar não se cala quando se sente manipulação, ele fica sob descontrole.
Passar cursos de medicina para 8 anos ao invés dos 6 atuais é um espelho perfeito da cadeia de equívocos. O motivo alegado agora não é mais aquele original, ou seja, a de que não seria para suprir a falta de médicos mas de impedir ou desestimular a especializaçao precoce. Ora, a especialização precoce tem causas com raízes mais infiltradas que não se resolvem com as canetas alienadas dos gabinetes de Ministros.
Essas mudanças erráticas e a sistemática repetição de improvisos além de não inspirarem seriedade desnudam a falta de planejamento de longo prazo e mostram o desespero para alavancar candidatos a qualquer preço.
Mudar a mentalidade de formação precoce de especialistas é estimular a medicina preventiva e melhorar as condições de trabalho dos clínicos gerais. Como justificar isso quando se construiu por aqui o mito de que mais saúde significa mais hospitais, medicamentos subsidiados, disponibilidade de exames e procedimentos de alta complexidade além de clínicas especializadas com pesada hotelaria?
Mudanças deste porte demandam tempo e acordos. Portanto dependem antes de mudanças profundas e estruturais nos currículo das escolas de medicina e talvez até de uma mudança na mentalidade. Refiro-me à educação em saúde da própria população.
Maior enfoque à atenção primaria e um atendimento menos hospitalocentrico seriam prioridades.
O estimulo a formação de cuidadores não médicos, implantar a Politica Nacional de Praticas Complementares — já aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde — e enfrentar os grandes interesses econômicos que comandam a saúde suplementar no Brasil seriam medidas relevantes.
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